Alexia Davis

55 6 1
                                    

           "Eu não sei o que se passa em sua mente garota, mas amo seus lábios" disse Steven depois que eu o beijei. Ele me olhava atônito, como se o fato de eu o desejar fosse algo extraordinário. Ri, ele era o tipo de pessoa que não tem nada a perder mas ao mesmo tempo tinha a necessidade de me ganhar. Diferente de Brian ou Adam, Steven parecia não desistir, a sensação era de que me ter fosse uma grande competição e que eu era algum tipo de prêmio, como se eu fizesse parte de uma aposta. Era eu uma aposta?

          "Cada pessoa tem um valor, podemos apostar almas caso consigamos ser melhores, cada mulher é um prêmio de um jogo sujo entre amigos." Havia lido isto certa vez num livro para garotos. Eu não sabia lidar com o fato de que eu estava vivendo um jogo ou uma ilusão criada para suprir desejos. Alguns garotos pensam assim e eu tinha medo do que os outros poderiam pensar. Apesar de ainda amar Adam, o fato de nunca ter sido amada distorcia meu conceito de amor, me deixando incapaz de amar. Algumas pessoas acreditavam que o amor vinha do desejo, outras de que o desejo vinha do amor. Eu acreditava que o amor era uma grande perda de tempo.

           Brian gostava da pessoa que conhecera quando eu era adolescente, Adam jurava amor por quem conheceu quando era criança e Steven desejava a mulher que eu sou. Mas infelizmente nunca fui nenhuma das três ideias que eles tinham de mim. Na verdade, Alexia Davis era alguém incapaz de amar e ama quem é. E seria isso um problema? O fato de eu não me permitir amar seria um bloqueio ou uma forma de defesa? A vida havia me trago péssimas experiências relacionadas ao amor, mas era como se vários garotos houvessem me amado e eu nunca quis retribuir o mesmo. Talvez mulheres não tenham um coração, mas todas elas têm sonhos. Algumas sonham com um romance, outras os escrevem e algumas possuem sonhos maiores que estes. Minha maior prioridade era me formar em Relações Internacionais, viajar o mundo, ir do Índico ao Pacífico, atingir o Atlântico com meus sonhos. Mas a vida não era tão simples. Meu pai era um fantasma que eu havia idealizado, minha mãe uma pessoa ocupada demais para notar minhas carências e eu machucada demais pelo amor para conseguir amar. Se pudesse escolher um caminho para seguir, faria questão de moldar a trilha. É difícil ter que conviver com as pedras que nos atrapalham, mas escolher tirá-las era a melhor escolha a se fazer. Como poderia viver com a incógnita do amor presa em mim se eu jamais consegui amar? E como o amor conseguiria lidar com alguém que não o deseja? Estava perdida em minhas próprias paranóias.

          Steven tirou uma carta que havia escrito há um tempo do bolso de sua jaqueta vinho. Mal consegui acreditar quando li o que ele havia escrito sobre mim.

"Alexia tem pensamentos improváveis
Que a conduz para um mundo totalmente seu
Ela olha o mundo enquanto segura uma arma imaginária
Como se precisasse acabar com tudo que nunca a pertenceu.
Talvez ela tenha motivos para estar sempre explodindo por conta de suas próprias ideologias
Porque sempre acha que é melhor correr
De tudo aquilo que a asfixia
E sufoca sem dar a chance de se desprender
Ela usa uma jaqueta de couro vinho, óculos escuros arredondados
Cabelos soltos, olhos marcantes e um sorriso malicioso
Deixa tudo de cabeça para baixo
Transforma os dias cinzas num longo momento proveitoso.
Faz você voltar aos seus 20 anos
E ter a certeza de que você deixou de viver o melhor de sua juventude
Sempre apresenta uma nova experiência cheia de danos
Mas deixa o gosto de que não poderia existir nada melhor do que aproveitar os erros das suas atitudes.
Ela quer levar tudo a baixo
Destruir toda a culpa que envolve sentir
Então recarrega sua arma imaginária
Atirando em tudo que gostaria que deixasse de existir.
E o tempo com ela parece infinito
E toda vez que olho no relógio ainda são três da manhã
Com ela deixei de enxergar o mundo como bonito
Agora consigo ver o mal que ele me causou.
Porque ela tem um sorriso malicioso
Faz as coisas do seu próprio modo
Comanda a vida dirigindo seu cadillac luxuoso
Não se importa se nos perdemos em nosso mundo ilusório.
Todos os dias nos despedimos de quem fomos
E Alexia descobre novamente quem é
Nem tudo nos conduz para nossos sonhos
A graça é descobrir novos quando quiser.
Ela olha o mundo enquanto segura uma arma imaginária
Como se precisasse acabar com tudo que nunca a pertenceu.
Talvez ela tenha motivos para estar sempre explodindo por conta de suas próprias ideologias
Ela nunca foi o que escolheu."

Eu te amo, Alexia.
- Steven

- Steven

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Prazer, Steven HarrisOnde histórias criam vida. Descubra agora