- Steve - disse me sentando ao lado dele, estava usando um perfume masculino que me atraiu muito - Não sei muito como te contar isso mas preciso que entenda o porquê não aceitei namorar ou pelo menos tentar algo com você.
- Okay, - ele se virou para olhar meu rosto - tem a ver com algo que eu tenha feito?
- Não, de jeito nenhum - lhe lancei um olhar desconcertado - Na verdade tem a ver com o meu passado.
- Pode falar, sou todo ouvidos.
Estávamos na faculdade em um período em que ninguém normalmente fica. Havíamos marcado de conversar às onze horas da noite, eles cediam quartos para os estudantes que vinham de outras cidades do Canadá para estudar na Universidade, então ficamos com dois desses quartos que ainda estavam desocupados. Nos sentamos em uma das mesas do silencioso e espaçoso refeitório e até o vento que balançava as janelas acabavam me assustando. Odeio locais vazios.
- Então... - tentei pensar em palavras que pudessem expressar exatamente meus motivos - Eu tinha um amigo de infância que significou muito para mim, mais do que deveria na verdade. Nós crescemos juntos e acabamos nos apaixonando quando nos tornamos adolescentes, ele foi meu primeiro e verdadeiro amor...
- Está tudo bem. - disse Steven segurando minhas mãos após perceber que algumas lágrimas desceram dos meus olhos - Só conte se estiver tranquilo para você.
- Está sim - disse tentando sorrir - Bom, nós nos amávamos muito e nosso relacionamento foi a razão da minha felicidade durante grande parte da minha vida. Ele era a primeira pessoa que buscava quando precisava de algo e também o primeiro a me consolar e ajudar, mas descobri algo sobre ele que destruiu toda a história que construímos... - as lágrimas aumentaram.
- Alexia - Steven falou secando as lágrimas de meu rosto - fica calma, não quero que se torture. Não precisa passar por isso.
- Okay, está tudo bem, realmente quero que saiba. - pronunciei as palavras como se estivessem rasgando minha garganta e então respirei fundo - Quando éramos crianças ele andava com alguns meninos que gostavam de machucar outras crianças mais novas. Em uma dessas "brincadeiras", uma criança acabou caindo de um despenhadeiro e... faleceu.
- Nossa eu sinto muito - Steven me puxou para perto e me deu um abraço - Mas eles eram crianças, sei que estavam fazendo o errado mas você tem certeza de que não foi um acidente?
- Tacaram pedras nela Steven, tacaram pedras na garotinha... - disse aos prantos, infelizmente a dor me dominou.
- Quem era a garotinha, Alexia? - ele me encarou atônito.
- E-ela, ela era... - respirei fundo - minha prima Steven, ela era a minha priminha.
Ele não falou mais nada, apenas se aproximou outra vez e me envolveu em seus braços. O silêncio da noite acabou apaziguando meus sentimentos e eles foram se curando a medida que só me concentrei no som que os grilos emitiam. O local que eu frequentava todos os dias pela manhã acabou ganhando uma nova aparência pois estar nele sem nenhum barulho me trouxe grande tranquilidade. Me aconcheguei nos braços de Steven, sua atitude protetora me deixaram em paz e sua pele quente me fazia querer nunca me desvencilhar de seus braços.
- Não sei se dizer algo pode aliviar sua dor, Alexia...- Steven falou enquanto ainda estávamos nos abraçando - mas acredito que deveria perdoá-lo. Não estou sugerindo que voltem a ser um casal ou algo assim, mas o perdão lhe faria bem. Essa dor pode diminuir.
- Queria que ela parasse de existir - sussurrei - sei que você não tem nada a ver com isso, mas essa dor me impede de me apaixonar novamente, entende? É como uma ferida que nunca se fecha.
- Não posso dizer que entendo, nunca sofri algo do tipo mas consigo entender o Adam - ele falou baixo.
- Como sabe que é o Adam? - me soltei de seus braços e o encarei.
- Ele é o único menino até onde eu sei que você odeia por um motivo que quase ninguém sabe. Me desculpe dizer assim mas já estava meio óbvio.
- É... - a tristeza ficou de lado e eu comecei a rir - Só você para me tirar uma risada depois de eu contar minha "triste" história de vida.
- Olha, - ele deu um sorriso - eu realmente gosto de você Alexia. Não é como se te conhecesse a vida toda e soubesse tudo sobre você, porém realmente acredito que merece ter outro ponto de vista sobre se apaixonar por alguém.
- Como assim? - o encarei sem entender o que ele queria dizer.
- Bom, para começar deveria entender que gosto muito de ouvir os outros, mas não é como se eu soubesse aconselhá-los depois de ouví-los falar sobre seus problemas.
- Onde está querendo chegar?
- Então...
Steven deu uma risadinha maliciosa então me puxou para um beijo. Estava tão atraída por ele que não exitei e o retribui. Ficamos assim por alguns minutos e então ele parou.
- Desculpe-me por isso, não sei ficar sozinho com você e não pensar em te beijar - ele deu uma risadinha baixa enquanto colocava uma das mechas do meu cabelo atrás de minha orelha.
- Nem meus dramas te tornam menos tarado, não é? - revirei os olhos e então tornei a rir.
Depois disso eu e Steven fomos para fora da faculdade e ficamos caminhando pelos jardins. Ele me contou um pouco sobre sua vida e apreciamos as estrelas, me deixando surpresa em saber que ele tinha bastante conhecimento sobre astrologia.
- Bom, talvez eu devesse lhe retribuir os carinhos que me dá - falei sorrindo.
- Do que está falando? - Steven me olhou rindo.
- Disso.
O beijei. Era estranho como eu era confusa, marquei de ver Steven para dar um ponto final nessa história mal resolvida e depois de uns trinta minutos desse encontro acabamos nos beijando duas vezes. Você deveria decidir o que fazer da própria vida Alexia, pensei.
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Prazer, Steven Harris
Teen FictionAlexia é uma garota aventureira que vive em Toronto, Canadá. Sua vida tem uma reviravolta quando conhece o misterioso Steven Harris num bar na véspera do ano novo. (História em desenvolvimento)