- Mesmo assim eu ainda não consigo superar, entende? - disse para Trixie com lágrimas nos olhos - Gostaria de conseguir parar de amá-lo... O que vivemos foi tão... Puro.
Trixie segurou minhas mãos, e então me deu um lenço para que eu pudesse secar minhas lágrimas. Eu tinha ido ao Pretzel Café para poder vê-la e havia prometido à mim mesma de que sorriria ao máximo, porém o que aconteceu foi exatamente o oposto.
- Eu acompanhei sua história com Adam de perto querida, sei o quanto eram felizes juntos, mas também sei dos motivos que a levaram terminar com ele. O único conselho que posso lhe dar é: perdoe. Isso não significa que você vá voltar a ter um relacionamento com ele, mas sei que isso a sobrecarrega muito. O fato de você não saber lidar com essa situação acaba influenciando na maneira como encara os problemas da sua vida e te impede de ser forte o suficiente para ser feliz. Não apague da sua mente o tempo em que foi feliz com ele, mas não deixe que os erros dele a afete. Rae está num bom lugar, aonde quer que esteja - ela disse dando um leve sorriso.
- Obrigada Trixie pelo apoio. Não sei se vou aprender a lidar com isso algum dia, mas lhe prometo que vou tentar. Talvez eu nunca ame novamente, ou pelo menos até que essa ferida se feche, mas espero que nem todo romance signifique dor no fim, e rezo para que nem todo romance tenha um fim.
- Nem todo romance vai machucar, quando for para ser verdadeiro querida, esse sentimento vai transformá-la por dentro e lhe curar, não tenha dúvidas.
- Espero - tentei sorrir - Trixie ainda estou um pouco mal, se importa se eu for para casa agora? Gostaria de ficar sozinha.
- Claro que não querida, vá sim, descanse seus pensamentos um pouco - ela disse gentilmente.
- Obrigada Trixie - disse depois de tomar o último gole do chocolate quente com chantili que ela preparou para mim - até logo.
- Até logo Lexia.
Saí do Pretzel Café com meus sentimentos todos revirados. Não sabia como conseguiria perdoar Adam, mas tinha que fazer tal "proeza". Meu coração doía e eu estava tonta, como se tivesse acabado de tomar uma garrafa de uísque.
- Aonde você vai com tanta pressa? - disse um rapaz sentado num banco que eu nem havia visto que estava ali - Você está bem?
O rapaz abaixou o jornal que lia e foi possível ver seu rosto. Ele era extremamente branco, de uma maneira que o fazia parecer um tanto pálido, seu cabelo possuía uma cor diferente, era um tom chocolate que havia mechas de cor mais clara, lembrando caramelo. Os traços de seu rosto pareciam ter sido feitos minuciosamente, e seus olhos eram de um castanho tão claro que chegavam a ser amarelos. Ele era alto e tinha ombros largos.
- Desculpe, eu te conheço? - perguntei o olhando bem - Não estou lembrada.
- Não esperava que fosse mesmo se lembrar de mim - ele riu encantadoramente - meu nome é Brian, eu estudei com você no 9° ano. Eu te mandava bilhetes, lembra-se de ter um admirador secreto quando tinha 14 anos?
- Me desculpe Brian - eu tentei lembrar dele na escola, mas não consegui - me lembro de você colocar seu nome na última carta que escreveu, mas eu nunca soube quem era você. Nunca tive um amigo Brian e ao ler seu nome eu não associei o nome à você. Me desculpe, de verdade.
- Tudo bem, já faz muito tempo. Mas como vai você? Desculpe se te assustei - ele disse um tanto nervoso.
- Estou bem - notei que ele usava uma bermuda escura e uma regata branca, que marcava seu corpo incrivelmente musculoso e me arrependi de não tê-lo notado na escola anteriormente - E você, o que anda fazendo da vida?
- Estou estudando jornalismo atualmente, sei que não pareço muito ter o perfil de um jornalista, mas... - ele riu um pouco.
- Que bacana Brian, eu estou estudando Relações Internacionais, estou gostando bastante.
- Universidade de Toronto? - ele perguntou curioso.
- Sim. E você?
- Também.
- Podemos nos esbarrar por lá, creio eu - falei tentando ser o mais gentil possível.
- Será um enorme prazer.
- Estou com um pouco de pressa agora, mas foi muito bom lhe rever Brian. Até mais.
Demos um aperto de mão e então tentei dar passos largos. Não me lembrava dele na escola, mas parecia ser um rapaz bacana, e de fato era extremamente bonito.
Ao chegar em casa fui direto para meu quarto. Minha mãe ficaria de plantão hoje então eu poderia ficar sozinha como o planejado. Deixei meu material em cima da escrivaninha e então fui tomar um banho. Fechei meus olhos enquanto a água deslizava sobre meu corpo. Deixei meus piores pensamentos tomarem conta de mim, então chorei o suficiente para que qualquer um que estivesse em minha casa pudesse ouvir, e felizmente não existia ninguém. Saí do banho e então vesti meu pijama e me joguei na cama e então gritei o máximo que eu pude, então tornei a chorar. O que estava acontecendo comigo? Será que toda a dor que eu sentia se transformaria em ódio?
A campainha tocou, provavelmente alguma pessoa havia ouvido meus gritos e veio reclamar ou perguntar se estava tudo bem. Fui até a porta com um pouco de vergonha e então a abri. Para minha surpresa não era nenhum vizinho. Era Steven. Quando ele me viu com os olhos inchados e pretos de maquiagem borrada de tanto chorar simplesmente me abraçou e sussurrou: vai ficar tudo bem.
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Prazer, Steven Harris
Teen FictionAlexia é uma garota aventureira que vive em Toronto, Canadá. Sua vida tem uma reviravolta quando conhece o misterioso Steven Harris num bar na véspera do ano novo. (História em desenvolvimento)