60 anos

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Capítulo narrado por Steven
      
          Simplesmente odiava o fato de que todas as mulheres do mundo tinham certeza sobre tudo, mesmo que não soubessem nada sobre o assunto. Alexia, por que você gosta de ser um problema? Por que simplesmente não aceita ser minha namorada, mesmo depois que tentei ser aqueles caras românticos super idiotas da televisão? Todos os dias tentava fazer coisas que me ajudassem a esquecê-la mas não conseguia e pegar várias não ajudava. Acredite, eu tentei isso.
    
         Comecei a andar com meus colegas idiotas de sempre: Jake, Paul e Robert. Jake vivia bebendo por motivos de  “só gasto meu salário com álcool”, Paul era o cara que se envolvia com qualquer uma e queria uma mulher perfeita e Robert era um sem noção que não trabalhava e queria ficar rico. E eu? Bom, eu era o cara que se apaixona por uma garota que conheci num bar na virada do ano sem motivo nenhum. Em resumo, todos somos imbecis de alguma forma. Saímos para jogar boliche numa sexta-feira treze, aquela data no mundo que todo mundo teme mas que não rola nada demais, a não ser que você adore umas paradas estranhas, é claro.
      
         Paul começou arremessando a bola e acertando exatamente um pino de forma admirável, ele jogou tão convicto de que ia fazer um strike que todos nós não conseguimos nos conter e rimos dele. Jake foi o próximo, como sempre ele parecia estar chapado por algum motivo e usava uma calça jeans meio rasgada (o que era moda entre as pessoas que não tinham um juízo perfeito, o que outros chamam de alternativos) e nos deixou chocados por ter conseguido acertar todos os pinos. Como um drogado conseguia ser melhor que Paul? Ele não era nenhum grande jogador mas ainda assim estava sóbrio. Então chegou a minha vez, peguei uma bola azul-escura e joguei com todo o meu falso entendimento de boliche. Só um pino não caiu, como assim eu NÃO CONSEGUI FAZER STRIKE? Encarei Jake perplexo, então ele riu.

          - A bebida não é de todo mal - ele riu alto e nem estava bebendo nada. Acho que o sangue dele já era puro álcool.

          Chegou a vez de Robert. Ele era um cara que ninguém nunca dava nada, ou seja, nenhum ser humano normal acreditava que ele era capaz de algo, mas então ele fez algo que deixou até Jake chocado. Robert conseguiu jogar a bola de uma maneira completamente torta na pista e fazer um strike. O que estava acontecendo com o mundo?  

         - Foi Deus - disse Paul rindo e então todos começamos a rir.

         - Ou o Diabo, quero dizer - disse Jake rindo - a bola simplesmente se ajustou na pista do nada.

         - Como é a lenda? - falei rindo - Em dia de sexta-feira treze tudo é possível.

          Continuamos jogando e Jake acabou ganhando, não sei como ele realizava essas proezas mas elas aconteciam de um jeito ou de outro. Andamos pela rua escura conversando sobre coisas aleatórias até que o assunto “mulher” chegou. Para variar.

         - E a tal da Davis? - disse Jake rindo - Não foi por causa dela que você socou aquele cara que nunca vi na vida mas estava na minha festa?

         - Aliás - Paul começou a rir - Como ele entrou se tinha seguranças em todas as entradas?

         - Deus - respondeu Robert que fez com que todos nós começamos a rir outra vez.

         - Ou o Diabo - debochei - Mas Alexia é um caso perdido, ela está sempre sofrendo por um tal de Adam.

        - O que ele fez? - todos os caras me encararam.

        - Aí que tá, nunca entendi direito.

         - As mulheres conseguem ser tão complicadas e dramáticas. Acho que é uma necessidade delas - Paul comentou.

         - Você acha? Já conheceu alguma mulher que não fizesse drama, ainda mais quando o assunto é relacionamento?

        - Já - disse Jake com uma risada maliciosa - as prostitutas.

        - Mas ela são pagas para se “relacionarem” seu retardado, isso não conta. - Robert retrucou - Estamos falando de mulheres que valem a pena.

        - Mulheres valem a pena? - os encarei.

         Então todos tornamos a rir, era ótimo estar com aqueles imbecis. Continuamos andando até que tivemos a grande ideia de irmos ao bar, ou melhor, Jake implorou por isso. Entrando no local, vimos uma coisa que nos deixou chocados. Havia uma mulher usando uma lingerie de oncinha, mas não era uma mulher jovem e sensual, era uma senhora.

         - Que desgraç… - ia dizendo Jake quando entramos e infelizmente a idosa ouviu.

         - O que disse? - ela nos encarou, como se fosse chocante ouvir isso mesmo estando quase nua e tendo no mínimo uns 60 anos.

         - Nada - intervi - Ele quis dizer “Que mulher desgraçadamente maravilhosa”, aliás você está muito bem.

         - Está achando que eu nasci ontem rapaz? - ela nos encarou friamente.

         - Está bem claro que não - Paul destruiu nossas chances de não termos problemas.

         As pessoas que estavam próximas de nós começaram a rir muito, então aquela velha fez algo inesperado: a senhora me socou com toda a força que sobrava da sua vida. Ela realmente me machucou.

         - Você tem problemas? - olhei para ela atônito - Quem falou da sua idade foram esses dois, tentei te dar um elogio que a senhora nem merece.

       - Queria socar o rosto mais bonito - a senhora disse isso como se fizesse algum sentido.

       - Quer saber? Por mim chega.

        Saí do bar com o nariz sangrando (estava chocado em como aquela estranha senhora era forte). Não sei o que era pior: a imagem de uma senhora de 60 anos usando uma lingerie ou um soco sem motivo. A imagem com certeza conseguia ser mais horrível.

        - Sobre o que estávamos falando a vinte minutos, você tem razão - disse Jake rindo da minha cara - mulheres não valem à pena.  

  

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Prazer, Steven HarrisOnde histórias criam vida. Descubra agora