A primeira reação que eu tive foi deixar o clima ainda mais estranho, pois ficou um silêncio sinistro. Steven ficou nos encarando, então disse:
- Vou deixar o casal ou o que quer que os dois sejam, a sós.
Ele saiu dando passos fortes no chão, deixando a marca de suas botas no piso.
- Adam você poderia ser menos inconveniente às vezes, - falei brava - o que está fazendo aqui? Terminamos faz um ano.
- Sei que não deveria estar aqui, mas - ele disse segurando minha bochecha, então tirei sua mão do meu rosto - eu não paro de pensar em você, precisava te ver.
- Quando for assim, é só olhar uma foto minha nas minhas redes sociais que a saudade passa. Nós não tivemos um término fácil, nem continuamos amigos.
- Olha, eu sinto muito, quero muito uma segunda chance com você…
- Adam você está se ouvindo? - o encarei e então comecei a rir - Você vacilou muito comigo, é uma das únicas pessoas que conheço que jamais daria uma segunda chance. É a pior pessoa que eu conheço.
- Nossa - ele disse abaixando a cabeça - Bom, nesse caso, desculpe por tê-la incomodado Lex, mas eu sinto muito por tudo que a fiz passar. Espero que saiba que ainda te amo.
- Claro que me ama, eu senti todo o amor que você sentia por mim quando soube que… - engoli algumas lágrimas.
Adam me olhou de uma forma que nunca o vi olhar para ninguém. Ele parecia sentir muita vergonha do que tinha feito, e tinha certeza que parte dele sofria com a dor que eu sentia, então percebi que algumas lágrimas desciam de seus olhos. Quando ia se virando, o interrompi.
- E não me chame mais de Lex, você perdeu esse direito há muito tempo. Para você não sou nem Alexia, não sou ninguém - também chorei.
Ele respirou fundo e saiu. Minha história com Adam tinha começado há 4 anos atrás, quando ambos só tinham catorze anos. Nós nos víamos nas classes de biologia e robótica. Ele era o tipo do rapaz idiota que não se importa com os outros, sempre implicando com um garoto mais novo, falando palavrão e rindo de qualquer besteira. Eu não tinha nada a ver com ele. Um dia ele me salvou de um acidente, e se não fosse por ele, estaria morta. Estava atravessando a rua usando fones de ouvido, então não prestei a atenção no carro que vinha à toda velocidade para cima de mim. Adam me viu, então correu e me puxou a tempo de me salvar. Naquele dia ele podia ter morrido, e ainda sim optou por arriscar, serei eternamente grata a ele por isso. Depois disso nos tornamos amigos, ele me acompanhava até a escola, e voltava comigo também. Com o tempo deixou de andar com os seus amigos apenas para me fazer companhia, e o menino agressivo e nojento que existia nele foi desaparecendo, ficou claro para mim que fazia aquilo para se inteirar, não era ele de verdade. Nós nos tornamos inseparáveis, estávamos em todas as festas de família, eu nas dele e ele presente nas minhas. Todos diziam que parecíamos um casal, mas a verdade é que mais nos tratamos como irmãos do que como namorados, contudo, o pensamento dos outros corrompeu os nossos e começamos a nos ver de uma maneira diferente. Fui ganhando corpo e ele se tornou um rapaz muito atraente, não era mais o menino magrinho de cabelo liso que conheci, mas um rapaz interessante cheio de vida e coisas boas a se compartilhar. Em julho de 2016 começamos a namorar, ele entregou completamente a sua alma à mim, fiz o mesmo com ele. Costumávamos ver as estrelas sentados no telhado da minha casa e ele inventava histórias de terror engraçadas para me ver rir. E entre um beijo e outro nos perdíamos no tempo, havia vezes em que ficávamos a noite toda observando o céu juntos. O romance mais puro que alguém poderia sonhar em ter. Foi com ele que tive todas as primeiras vezes: o primeiro amor, o primeiro beijo, a primeira vez que alguém me tocou. Não me arrependia de nada que havia vivido com ele, mas em fevereiro de 2017 descobri algo sobre Adam que jamais achei que ele seria capaz. Não me traiu com alguma menina, ou algo assim, fez algo pior. Adam me escondeu algo que eu jamais suspeitei. Antes de me conhecer ele e seus amigos perseguiam uma garotinha. Certo dia eles a perseguiram na floresta e tacaram pedras nela. Uma das pedras a acertou tão forte que a fez cair de um despenhadeiro. A garota era minha prima, quem eu compartilhara toda a minha infância.
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Prazer, Steven Harris
JugendliteraturAlexia é uma garota aventureira que vive em Toronto, Canadá. Sua vida tem uma reviravolta quando conhece o misterioso Steven Harris num bar na véspera do ano novo. (História em desenvolvimento)