- Sabe, eu espero coisa demais da vida - ele disse depois de engolir um pedaço do pretzel - e acho que é exatamente por isso que a maioria das coisas não acontecem.
- Eu não espero muito, - falei terminando de dar um gole no café - a vida já levou muitas coisas boas de mim, inclusive pessoas que eu amo.
- E quais são as coisas boas que espera? - ele me olhou de uma maneira estranha.
- Espero um dia conhecer um cara legal e terminar minha faculdade, sendo sincera, só espero isso.
- E já tem uma ideia de quem pode ser esse cara? - ele deu um sorriso malicioso.
- Não - eu ri - não conheço nenhum cara legal atualmente.
- E eu sou o que? - ele me encarou.
- Você só é um cara, não tenho certeza ainda se é um cara legal.
- Talvez depois de hoje você mude de ideia.
- É, ou não - ri baixo - E quais são as coisas que esperava, mas que não acontecem?
- Queria me mudar ano passado para algum lugar menos problemático e não tinha pretensão nenhuma em estudar na Universidade de Toronto, mas... Acabou que deu tudo errado.
- Acha mesmo que estudar na Universidade de Toronto significou que tudo estava dando errado? - o encarei.
- Esse não é o ponto, - ele me olhou profundamente - não queria seguir com a minha vida aqui, meus planos eram de sair do Canadá.
- E ir para onde?
- Brasil.
- Você ia sair do Canadá para ir ao Brasil? Lá seria péssimo para estudar, sabe disso. E o país está passando por uma crise econômica horrível.
- É, mas as pessoas de lá não são tão frias, e as mulheres são bonitas.
- Ia deixar seu país para arrumar mulher? Que idiota - falei por fim.
- É exatamente por coisas assim que eu não curto as daqui, Alexia.
- Existe um futuro antes de ir pegar mulher, Steve. Nenhuma mulher vai querer um desempregado para casar também, e não estou dizendo isso porque nós somos interesseiras mas sim porque ninguém quer um encosto para carregar.
- Você é tão doce - ele disse rindo - Não me importo nenhum pouco com o que as pessoas diriam sobre mim, e aliás, não quero um casamento jovem assim, então minha situação financeira não faria diferença, não teria que sustentar ninguém.
- Não estou aqui para te criticar, de qualquer maneira - falei amassando um guardanapo - Mas pensa no que disse. E um relacionamento deveria ser sua menor preocupação.
- Nunca foi nem preocupação, se quer saber.
- Se for para ser preocupação, sinceramente nem quero um - comentei.
Ficamos um tempo apenas comendo em silêncio, Steve parecia me olhar enquanto eu olhava para o café enquanto misturava, e isso me deixava desconfortável.
- Sabe que não ficaremos só aqui esta noite, não sabe? - ele perguntou sorrindo.
- Como assim? Amanhã temos aula e...
- Alexia, você tem 18 anos - ele fez uma cara de desgosto - existem novos lugares que pode ir agora, mas não se preocupe, não vamos à nenhum lugar cheio de gente.
- Tudo bem, mas só vou com uma condição.
- Qual?
- Devolve meu livro agora que vou com você.
- Okay, tome - ele disse me entregando o livro, mas não soltou de imediato - mas lembre-se que promessa é dívida.
- Não vou fugir, relaxe. É melhor você me levar logo, não quero que fique tão tarde.
- Tudo bem - ele deu um sorriso malicioso - vou pagar e vamos.
O esperei do lado de fora do Café, e eu estava congelando, até que ele apareceu e foi me abraçando.
- Por que está me abraçando? - o encarei.
- Por que talvez você esteja congelando e tremendo? - ele riu.
- Não te dei essa liberdade toda.
- Já até te beijei, do que está com vergonha?
- Foi roubado, não vale - falei brava.
- Vem aqui - ele me puxou para mais perto dele, então me deu um beijo na testa - está tão fofa se tremendo.
- Já está bom - disse me soltando dele - aonde quer me levar?
- Você vai ver - falou me puxando até a moto dele - vem.
Eu não sabia muito bem o que estava fazendo, mas subi na moto com ele, então fomos. O vento gelado me fez querer me esconder atrás de Steve, e o apertei forte e pensei ter ouvido ele rir. A cidade estava linda e ainda cheia de decorações natalinas, brilhando nas cores vermelha, verde e branco, extremamente adorável. Depois de 20 minutos paramos próximo à um prédio.
- Não está me levando para sua casa, está? - perguntei.
- Não é exatamente a minha casa que quero te mostrar, mas sim, moro nesse prédio - ele riu um pouco enquanto tirava o capacete.
Me puxando pela mão entramos no prédio, então fomos até o último andar, que para minha surpresa, era o terraço. Ventava muito, mas a vista era magnífica. Conseguia-se ver grande parte de Toronto e tudo era silencioso. Quando andamos para ver melhor a paisagem, por um instante fechei os olhos e senti o vento bater em meu rosto e respirei devagar. Foi a melhor sensação que já havia sentido.
- Aqui é lindo não é? - comentou Steve, enquanto olhava a paisagem - É aqui que venho quando quero me afastar do mundo.
Sem saber o que estava acontecendo, me aproximei de Steve, e sem pensar muito, o puxei para perto e o beijei. Ele não deixou de retribuir.
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Prazer, Steven Harris
Teen FictionAlexia é uma garota aventureira que vive em Toronto, Canadá. Sua vida tem uma reviravolta quando conhece o misterioso Steven Harris num bar na véspera do ano novo. (História em desenvolvimento)