De capuz

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          Dois meses se passaram desde o dia no bar e aparentemente aquele momento perdeu a importância, como se nem tivesse realmente acontecido. Nós por algum motivo não pegamos o número de telefone, ou o perfil social um do outro, então aquela amizade havia acabado no mesmo dia em que começou. Por mais que tivesse gostado daquela experiência, nunca conseguiria achá-lo na internet, existiam milhares de Steven Harris nas redes sociais, então simplesmente desisti.

          Consegui uma vaga na Universidade de Toronto para cursar Relações Internacionais , um curso que sempre sonhei em fazer e minha primeira aula seria hoje. Estava demasiadamente nervosa, não conhecia ninguém lá e era bem provável que ficaria perdida pela faculdade procurando as salas. Morava um pouco longe da universidade, então comecei a me arrumar cedo para poder sair. Apesar de estar com tempo, penteei meus cabelos pretos com pressa, passei um batom claro, vesti uma calça e um moletom, coloquei meus óculos e saí. Eu precisava pegar alguns ônibus para chegar até lá, então caminhei até a parada mais próxima da minha casa. Chegando nela, esperei mais uns 20 minutos e então o primeiro ônibus finalmente passou.

         Ao entrar por sorte achei um local para sentar. O dia estava um pouco frio, o que me fez me arrepender por não ter trago outro casaco. As pessoas no ônibus estavam caladas de uma forma que me perguntei se ao menos tinham me visto entrar, todas conectadas em seus smartphones sem olhar no rosto uma das outras. Chegou o local aonde deveria descer, então tive que andar mais uns 15 minutos para pegar outro ônibus. O lugar pelo qual andei era muito bonito, cheio de lugares verdes e praças. Fiquei pensando sobre todos os lugares que havia morado antes, e dos locais que gostava neles. Sentia saudade da vida que tive que deixar em várias cidades que morei, era como se nunca conseguisse concluir algo, e isso de certa forma doía. Ao chegar na outra parada tive que esperar mais um pouco por outro ônibus, então me lembrei do dia no bar, de quando cantei com o estranho mais divertido que mal conheci. Não queria que aquele momento tivesse acabado em apenas uma noite.

          O ônibus chegou então entrei. Impressionante que estava mais vazio que o outro, achar um lugar para sentar não foi tão difícil. Passaram-se mais uns 30 minuto mais ou menos e finalmente cheguei. A universidade era enorme e parecia um castelo antigo. Ao entrar fiquei impressionada com seu interior, estava me sentindo em Hogwarts. Os corredores enormes com paredes de tijolos cinzas, janelas arredondadas que mais pareciam vitrais. Um rapaz jovem veio até mim, ele vestia algo que parecia um uniforme de monitor.

          - Posso lhe ajudar a achar as salas do seu curso? - ele me perguntou.

          - Ah, claro. Eu vou cursar Relações Internacionais e minha primeira aula é Política Internacional Contemporânea, queria achar a sala - respondi nervosa.

          - É por aqui, só me acompanhar.

Pelo que vi, a sala ficava muito longe. Subimos as escadas e percorremos um longo corredor, então chegamos na sala. O que me deixou surpresa foi ver que quase não tinha ninguém lá, apenas um rapaz de capuz olhando pela janela, provavelmente havia chegado muito cedo.

          Me sentei na última cadeira da fileira onde o rapaz estava, para não me sentir muito sozinha. Ele não me olhou em nenhum momento, como se não tivesse me visto chegar. Notei que ele estava de fones por baixo do capuz, então entendi porque não me viu. Notei que ele era um tanto ruivo, então me lembrei de Steve, e o quanto seria engraçado encontrá-lo por acaso aqui. Abri um livro que havia trazido e comecei a ler, precisava matar o tempo que ainda faltava para começar a aula. De repente alguém colocou a mão sobre o livro que estava lendo, levantei o rosto e me deparei com Steve. Eu deveria estar alucinando.

         - Você por aqui? - Ele riu. - Parece que nem tudo acabou naquela noite no bar.

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Prazer, Steven HarrisOnde histórias criam vida. Descubra agora