Culpa e Compromisso

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Carolina corou com o elogio e dirigiu uma mesura firme, porém delicada, para a rainha ali presente e esticou a mão para que Metias a beijasse.

Ela é boa demais para mim, coitada, Metias pensou, merecia alguém que realmente a adorasse como ela me adora.

-E você continua cavalheiresco e amável como sempre- disse para o noivo, radiante.

-Vou deixar os dois pombinhos a sós- Bella anunciou e foi embora.

Metias ofereceu o braço para a bela garota e a guiou até o lado de fora do castelo. Caminharam em silêncio por um tempo até chegarem no jardim de Bella e Daniel e ali começaram a conversar.

-É tão bom ver que você está bem, Metias! Estava preocupadíssima nessa última semana e desde que soube que voltou, você não me escreveu carta alguma e nem foi me visitar...

-Peço perdão pelo meu comportamento irresponsável e impensado. Não queria lhe causar preocupação alguma!

-Fiquei preocupada que duvidasse da afeição que nutro por você...

Sentindo-se ainda pior consigo mesmo e incapaz de acabar com isso logo de uma vez, Metias sentiu a necessidade de consolar a moça ao seu lado. Parou de caminhar e colocou uma mão no rosto de Carolina. A culpa invadia seu peito, quando pronunciou as seguintes palavras:

-Sinto muito, Carolina. Nunca tive a intenção de lhe fazer sofrer, mas tenho de lhe contar uma coisa.

Ela parecia preocupada ao mesmo tempo em que estava vidrada nos olhos do príncipe.

-O que seria essa coisa?

-Estou partindo hoje mesmo e não tenho previsão de retorno- os olhos da garota ficaram brilhantes com algumas lágrimas que começaram a surgir: -Mas não se preocupe! Farei questão de lhe escrever e assim que voltar...- notou que mesmo assim ela estava prestes a chorar e completou sem pensar: -Marcaremos a data de nosso casamento!

Os olhos dela, que há alguns segundos estavam choramingando, brilhavam agora de alegria e devoção. Metias se aproximou da noiva e beijou-lhe a face direita com carinho, porém não com amor.

Metias olhou fundo nos olhos da princesa e os comparou com a doçura da cor do céu. Um tom de azul primordial e angelical que faria qualquer homem se apaixonar. Muito diferentes dos olhos castanhos misteriosos e profundos de Helena, que combinavam perfeitamente com a personalidade dela.

Ambas as garotas são belas, porém apresentam diferentes tipos de beleza. Por um lado, Carolina é delicada e possui uma beleza mais fria, como o gelo, do tipo mais discreta. Já Helena apresenta um tipo raro de beleza, como se ela carregasse o fogo consigo, tanto na personalidade quanto nos cabelos, ela trazia uma vivacidade inexplicável e uma aura misteriosa instigante.

É tão errado que eu pense em outra garota quando já tenho essa daqui bem debaixo do meu nariz, Metias refletiu. Ela é tudo o que qualquer um poderia sonhar e ainda assim não é a ela que desejo...

Continuaram a conversar por mais alguns minutos, caminhando no meio de todas aquelas flores e árvores coloridas e perfumadas, o mesmo lugar onde anos atrás um outro casal estivera ali, começando ainda uma bela história de amor.

Carolina contava dos incríveis livros de botânica que havia lido e nomeava as flores que achava mais encantadoras. Fugiam do tópico do sequestro de Metias e divertiram-se com as histórias de cavalgada e vexames um do outro.

Metias havia esquecido como os dois eram amigos mesmo antes do noivado e havia esquecido também do por quê havia escolhido aquela bela garota como sua noiva no passado. Foi bom que ele pudesse relembrar.

Vendo que a hora de se despedir do amado se aproximava, Carolina parou de caminhar logo em frente às portas do castelo e antes que Metias pudesse perguntar se estava tudo bem, ela se aproximou dele e estava determinada a deixar que o noivo partisse com algo que ele não fosse esquecer.

Ela surpreendeu o príncipe ao fechar os olhos e aproximar os próprios lábios aos do noivo, que estava sem mover um músculo, claramente despreparado para a ocasião.

O beijo foi suave. O primeiro de ambos os jovens. Através dele, Carolina conseguiu transmitir sua doçura e seu amor e Metias em nenhum momento contestou ou se afastou, como sabia que era o certo a se fazer.

Carolina foi quem finalizou o ato e corou ao abrir os olhos. Metias estava surpreso e igualmente corado e naquele momento, desde a primeira visita a Arandunas, o nome de Helena sequer passou por sua cabeça.

A História Não Contada do Príncipe MetiasOnde histórias criam vida. Descubra agora