Um Rival Implacável

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-O que está acontecendo aqui?- Daniel parecia não acreditar no que seus olhos estavam vendo.

Ele e Nicholai haviam acabado de alcançar os jardins da ala oeste quando se depararam com civis acorrentados reunidos em um grupo variado de pessoas claramente amordaçadas e acorrentadas ao redor das entradas e das janelas do palácio.

Automaticamente, o sinal sonoro de que havia algo errado fora acionado e dentro de pouco tempo as tropas de Bella e Metias estavam ali para conjuntamente observar o show de horrores. 

-Estaria Pentacus fazendo seu próprio povo refém?- Metias perguntou para ninguém especificamente.

-Sim... Ele está fazendo um escudo humano!- Bella respondeu.

-Doentio...- Emerson pensou alto.

-Genial...- Nicholai fez o mesmo.

Todos olharam para o rei vermelho com indignação. 

-Agora não é a hora e muito menos o lugar para você revelar seu sadismo e sua falta de escrúpulos, rei Nicholai- Daniel advertiu. 

Ele apenas deu de ombros e novamente se calou.

-O que faremos agora?- Metias perguntou e naquele momento ele o viu. Reconheceu um rosto familiar no alto de uma sacada dando ordens aos guardas que chicoteavam os homens e mulheres enfileirados. Era Agnar. 

Ao seu redor, os outros comandantes planejavam possíveis medidas a serem tomadas enquanto aguardavam o representante do rei. Metias não escutava mais nada e sua cabeça lhe levou para um passeio por suas memórias de volta ao seu tempo em cativeiro. Ele não conseguia acreditar que o velhote estivesse ali.

-O que foi, Metias?- Bella quis saber, notando que o cunhado encarava algo.

-O imbecil está aterrorizado, é isso o que está acontecendo, não sei quem do reino de vocês permitiu que idiotas se tornassem soldados, mas claramente ele não deveria estar aqui...

-CALE A MERDA DA BOCA, NICHOLAI!- Daniel gritou, já sem se preocupar em ser discreto uma vez que eles obviamente estavam sendo aguardados.

-Emerson, me diga que eu não estou louco e que aquele homem, comandando os soldados de Pentacus, é o mesmo homem que nos manteve em cativeiro, certo?- o príncipe perguntou.

Todos passaram a olhar então para onde Metias apontava.

-Sim! É o Agnar! O falso cocheiro e o mandante dos Libertadores!- o ex comandante respondeu, falando pela primeira vez com Metias em dias.

-Então é verdade! Se Pentacus estava por trás dos Libertadores esse tempo todo, então temos sido apenas peças em seu maquiavélico jogo por todos esses anos!- Bella salientou.

-Isso significa que tudo... Tudo o que fizemos até agora... Estávamos apenas sendo manipulados enquanto Pentacus salivava por nossos reinos, nos usava do modo como lhe era conveniente e... Assassinava aqueles que amávamos...- Nicholai apontou, chegando ao mais perto de um ser humano com emoções decentes que Daniel havia visto em todos esses anos de conflito.

Afinal talvez houvesse algo para ser amado nele bem lá no fundo, pensou Daniel, e é a cara de Lily ter se dado ao trabalho de encontrar essa parte esquecida desse filho da mãe.

-Vejo que vocês enfim chegaram!- anunciou uma voz masculina posicionando-se ao lado de Agnar. Pentacus usava um terno verde que contrastava com sua pele escura e seus olhos traziam um aspecto selvagem que combinava com os traços cruéis de seu rosto frio e calculista- Demoraram mais do que eu havia previsto...- continuou o rei de Provincy- Detesto ser decepcionado por seres tão previsíveis! 

-Por que você está fazendo tudo isso, Pentacus?- Daniel perguntou sem deixar claro se ele se referia à trama maior do outro rei ou aos civis de escudo humano.

-Se você se refere à Noite Púrpura e aos eventos decorrentes desta, me desagrada ter de lhes explicar vossa própria estupidez em ter subestimado minhas verdadeiras intenções para com vossos respectivos territórios. Acredito, que a esse ponto, minha desprezível filha já tenha enfim conseguido ser bem sucedida em lhes dizer a verdade, certo? Ninguém a escutara no passado, mas parece que certos eventos, ou deveria dizer certos princepezinhos, não conseguiram manter as calças dentro do próprio reino, unificando o que deveria estar o mais estilhaçado possível para que eu pudesse usurpar!

Pentacus fez uma pausa para rir. As tropas dos 4 comandantes invasores estavam em alerta. 

-Ah, acho que a esse ponto nem adianta me gabar de como todos vocês estiveram em minha mão por tanto tempo! E ainda saí no lucro ao me livrar da incompetente de Melinda! Ela, que através do casamento, não fora capaz de me assegurar o reino de Daniel e a decadência de quem eu pensava ser apaixonado por ela também, não é mesmo, Nicholai? Imagina minha surpresa quando descobri que você estava apaixonado por aquela tal de Lily e que o casamento de Daniel com a imprestável de minha filha não geraria uma guerra entre ambos os reinos!

-Pentacus, eu sugiro que você libere essas pessoas inocentes e se entregue para que possamos, civilizadamente, discutir os termos de sua confissão por todos os males que causou.- Daniel, ingenuamente, tentou dar um fim à situação dos reféns.

Pentacus e Agnar gargalharam juntos. 

-Isso não irá acontecer, rei Daniel! Porque eu sei que ao me apropriar de inocentes, vocês estariam completamente sem ação, afinal, o ponto fraco de convergência entre todos vocês é a característica que menos sinto falta em minha própria personalidade: ética.

Bella e Metias buscavam por possíveis soluções para aquela situação absurda e cruel, mas não conseguiram pensar em nada. Já Daniel considerava o que poderia argumentar com o homem doentio por trás de tanto sofrimento.

Nicholai, em aparente desinteresse após a brecha de humanidade que deixara escapar logo antes, limpava as unhas com uma adaga enquanto arqueava as sobrancelhas.

-Bem, querido sogro...- esse último se pronunciou antes dos outros ali presentes- Eu não nos generalizaria dessa maneira!

Mal terminando a frase, Nicholai já havia atravessado os dois civis mais próximos de si com sua espada e atirado sua adaga em um terceiro, quebrando parte do escudo humano.

A História Não Contada do Príncipe MetiasOnde histórias criam vida. Descubra agora