- Capítulo 7 -

4.1K 241 177
                                    

Nós estávamos sentados no banquinho de pedra embaixo da árvore, um ao lado do outro. Com certeza eu não voltaria para a aula da Annastácia e tinha um pouquinho de medo da reação dela.

Minha cabeça estava encostada no ombro de Kaden e ele enrolava uma mecha do meu cabelo entre um beijo e outro.

- Você está sabendo da festa? - ele perguntou.

- Que festa?

Kaden se endireitou.

- Do meu aniversário. Se fosse por mim não haveria festa alguma, mas como todos querem e Kerttu está mais animada do que para seu próprio aniversário a festa vai ter que acontecer. Semana que vem.

- Ah, mas aniversários não são tão chatos assim. Me lembro de que quando eu fiz quinze anos ganhei um livro da Júlia e com os nossos trocados meu pai comprou balas. A única parte ruim é envelhecer, mesmo.

Ele deu uma risadinha, assentiu e ficou me olhando por um instante.

- O que foi? - perguntei.

- Ah, é só que eu não vou poder ver seu rosto durante a festa.

- Por quê?

- Kerttu quer uma festa de máscaras. Tudo bem que a festa não é dela, mas pelo menos alguém está animada.

- Deve ser divertido.

- Perigoso também. Pessoas podem se camuflar. Pessoas como Nichol e Cassemeck e seja mais quem fizer parte do que eles fazem.

Arregalei os olhos. Realmente não seria nada bom.

- Ei, nada vai acontecer, tudo bem? - disse, passando o polegar pelo meu rosto.

Assenti e olhei para o céu. O tempo estava fechando, com certeza iria chover. Pingos começaram a cair e numa tentativa de salvar a carta que eu ainda não tinha lido, joguei-a para o topo da árvore. Tentei fugir para dentro do castelo, mas uma mão pegou na minha e começou a me girar pela chuva. Gargalhei quando bati em algo duro, mas com aquele mesmo cheiro maravilhoso.

Kaden me pegou no colo e nós giramos juntos, gargalhando. Meus cabelos colados no meu rosto, assim como o vestido estava colado no meu corpo.

- Acho melhor voltarmos lá para dentro - falei, quando um raio caiu um pouco longe de nós. - Não estou a fim de morrer com um raio na cabeça.

- Está certo. Ainda quero ficar perto de você por muitos e muitos anos - ele esticou o braço, e como eu tinha jogado a carta baixo, conseguiu pegá-la e me devolveu.

Dei uma risada pelo que ele disse, mas Kaden não riu. Pelo visto aquilo não era motivo de risada. Ele andou até as portas, ainda comigo no colo e me colocou no chão. Todas as Selecionadas já estavam saindo do Salão das Mulheres, então ficaram nos olhando.

Me virei para Kaden e nos abraçamos. Ele abaixou a cabeça e encostou seus lábios macios e molhados nos meus, iguais. Parecia uma areia movediça: quanto mais nos mexiamos, mais dava a impressão de sermos um só.

Quase deu para ouvir a exclamação de Mahia, Liara e Selena.

- Vou lá no meu quarto me trocar - falei.

- Eu te acompanho. Também preciso me arrumar.

Kaden fez um gesto cavalheiresco exagerado, de propósito, me estendendo a mão e me fazendo rir.

- Me acompanha nesta subida, senhorita? - perguntou, sorrindo.

Assenti, já que estava rindo. Demos os braços e começamos a subir as escadas. Me virei para olhá-lo e só aí percebi que as flores brancas estavam grudadas no seu cabelo e no seu rosto. Tentei segurar uma risada, que não deu muito certo.

A OitoOnde histórias criam vida. Descubra agora