Quando Nichol me falou, na cachoeira, que teríamos que raptar uma das irmãs Mirtson eu soube que estava me metendo em burrada. Uma lembrança vaga me veio a mente. De um dia em que as encontrei na mesma cachoeira. Elas tinham quatro anos e eu seis. Nichol tinha dois, não tinha noção de nada. Eu sabia o que ia acontecer naquele dia e como minha mãe mandava, eu as distraí. No começo acreditava em tudo que ela dizia, pois segundo ela tudo aquilo era por uma boa causa, até eu crescer e descobrir a verdade. A verdade era cruel e eu não conseguia aceitar que minha vida toda fora uma mentira. Aquilo tudo me chocou de uma maneira inacreditável. Eu me rebelei contra minha mãe e contra tudo que ela tinha feito. Como uma péssima mãe, ela me bateu e me obrigou a fazer tudo no lugar dela. Eu era o cara que se infiltrava em todo o lugar, falava com todos e levava informações. Vivia as espreitas e quando as pessoas menos esperavam eu atacava.
Nichol se achava superior a mim e imitava a mãe. Mandava em mim e eu tinha que aceitar calado. Mas eu cansei.
Dessa vez ia ser diferente. No dia da perseguição eu não atirei. Fora Nichol. Ele só tinha ido junto a mim porque tinha certeza que eu não ia fazer isso, e estava certo. Mas no primeiro dia em que falei com Melina no castelo e me desculpei foi somente porque Elena estava ouvindo do lado de dentro de uma das paredes do corredor. Eu queria conversar com Melina e explicar a ela sobre tudo, mas esse momento ia chegar.
Eu ficava a observando em todo o momento possível, tentando achar alguma maneira de falar com ela. Mas é claro que ela não era burra. Era muito esperta, aliás. Claro que já tinha percebido muitas coisas, mas eu suspeitava que não o suficiente. Melina corria sérios riscos. Elena era maligna e ninguém sabia do que ela era realmente capaz. Eu tinha vontade de ir até Melina e consolá-la por todos os anos longe da mãe, por tudo que a minha mãe tinha feito.
Nichol era muito impulsivo e poderia fazer qualquer coisa que estivesse fora dos planos dela, mas ele não seria castigado. Eu sempre seria o culpado de tudo. Elena me odiava e não era capaz de amar ninguém. Nichol era só o preferido dela. Eu tentava proteger Melina, dando motivos de não fazer aquilo. Eu sabia que alguma hora não poderia mais argumentar e ela acabaria sequestrando Melina e a matando só para ver Marcus sofrer.
Quando ouvi Nichol falando com Melina na cela fiquei completamente preocupado. Aquilo não era nada bom. Nada. Elena iria ficar nervosa, mas adiantaria seus planos e a mataria somente por prazer próprio. Melina tinha me olhado com tanta cumplicidade, praticamente me implorando para tirá-la dali e de perto de Nichol. Meu coração ficou partido, mas eu não podia fazer absolutamente nada. Tinha primeiro que cuidar para que Elena não descobrisse e se desse avisaria Mariana que Melina estava ali. Eu tinha um vínculo com Mariana. Ela era a mãe que Elena nunca tinha sido e eu não fazia ideia do motivo de que ela mantera Mariana viva todo aquele tempo, mas sabia que foi um de seus melhores atos. Fora difícil conseguir a confiança dela e eu não iria perdê-la.
Eu considerava Melina esperta o suficiente para conseguir fugir dali. As passagens não eram complicadas, elas simplesmente seguiam os caminhos do castelo. Eu também tentaria dar chances de ela fugir. Melina precisava sair urgentemente. Tinha certeza de que ninguém levaria água nem comida a ela, então teria que me encarregar daquilo também.
NRS era a pior coisa que tinha acontecido para mim e eu sabia que eles iriam tropeçar nos seus próprios passos, alguma hora iam acabar caindo e a verdade seria descoberta. Eles estavam se condenando sozinhos.
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OI!
O capítulo ficou meio pequeno? Ficou.
Me desculpem. Como está no nome, isso é só um bônus.
Eu adoro o Cassemeck e queria que vocês soubessem um pouco da história dele.
Acho que ficou meio confuso e não sei se deu pra explicar muita coisa. Talvez eu só tenha plantado mais dúvidas hahaha
Alguma hora elas irão ser respondidas...
Espero que tenham gostado do capítulo! Expliquei algumas coisas fora do tempo que estava planejado, mas acho que foi melhor assim (ou eu não tenha explicado nada. Não sei).
Esperem o capítulo onze. Talvez, ele sim, explique algo.
Feliz ano novo!
Beijinhos
Viih♡
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A Oito
FanfictionMelina vive nas margens da sociedade de Hondurágua, numa vida onde o melhor que ela pode fazer é tirar proveito de qualquer chance que imaginar. Com uma irmã gêmea e um pai, todos dão duro para sobreviver à consequência de sua geração de casta Oito...