- Capítulo 25 -

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Sabe quando você fica ciente de tudo? De cada mínimo barulho, de cada mínimo toque... E então isso te dá uma sensação alucinação. Sua cabeça sai de um ponto, vai para outro, retorna e se perde e isso vai te angustiando. É como se estivesse tendo uma alucinação e sua mente não aguenta mais aquela tortura.

Eu estava me sentindo assim. Com os olhos fechados e deitada em uma superfície dura. Eu sentia meu suor escorrendo pela pelo meu rosto, gotas de algo pingando na minha testa. Nenhum milímetro da minha pele passava despercebido. Era possível sentir as gotas entrando nos meu poros e depois secando. Ouvia os clamores e as lamúrias de alguém por perto. Sentia o ar circular ao meu redor e percebia cada parte do meu corpo que se arrepiava e que estava em contato com o local em que eu estava deitada.

Abri um olho com cautela. Depois abri o outro. Instantaneamente, tudo parou. Eu não era mais ciente de nada, a não ser da minha dor extrema. Não consegui identificar o rosto da pessoa que estava no mesmo cômodo que eu. Tudo estava embaçado. Caí com um baque, sem conseguir me sustentar. Eu me sentia muito fraca.

Porque raios estava me sentindo assim?! Há dois dias, estava perfeitamente bem.

- Melina? - uma voz rouca e baixa sussurrou.

Balancei a cabeça. Era uma ilusão do cansaço.

- É você mesmo? - a pessoa à minha frente disse minha visão clareou.

Consegui identificar tudo. Eu estava numa construção semelhante à outra, mas essa possuía uma lona azul em cima, como uma telhado, e tinha alguns furos, permitindo a entrada de luz. O lugar era escuro.

Tentei examinar minha situação. Dores, machucada, mas bem melhor do que eu estava antes.

Pisquei algumas vezes para tentar recuperar o foco. Me levantei, com os joelhos fraquejando, e tudo rodou. Eu não conseguia falar nada. Minha garganta estava áspera e seca.

De pouco em pouco, me aproximei da pessoa.

Era Cassemeck. Seu estado era deplorável e algo dentro de mim doeu. Seu cabelo loiro estava grudado na testa, o rosto estava ensanguentado e com cortes, assim como seu tronco. Era algo difícil de encarar e seus olhos marrons pediam ajuda.

- Graças aos céus, você está bem - ele falou, rouco, e soltou uma risada baixa e sarcástica. - Ou graças a mim - sussurrou, com uma evidência de sorriso. Já eu, não conseguia dizer uma palavra. Engoli em seco, buscando por alguma umidade. - Ei, você está bem mesmo? - ele colocou a mão no meu braço, apesar do seu estado, parecia preocupado.

Ignorei tudo e fiz que sim.

- O que... o que aconteceu com você? - perguntei, tocando um corte no seu rosto e tirando a mão dali no mesmo instante por causa do barulho de aflição que ele fez.

Cassemeck moldou uma cara de quem já sabia que aquilo ia acontecer. Quer dizer, o estado dele, não o que eu tinha feito.

- Sabe... às vezes, se quer proteger uma pessoa que você mal conhece, mas sabe que merece seu gesto ou que simplesmente você gosta muito, e então, dá nisso - ele deu de ombros, dessa vez com o olhar distante e um sorriso mais aparente.

Eu não conseguia ter reação alguma, então me encostei na parede, caindo no chão de terra dura. Suspirei.

Aquilo parecia surreal. Como? Como a situação chegou a esse ponto?

- Você está bem de verdade? Está com alguma dor? - uma resposta sarcástica coçou bem no fundo da minha garganta, no entanto fui impedida de pronunciá-la quando Cassemeck se levantou e sentou-se ao meu lado.

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