Baladas e Carnaval

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Quanto às folias carnavalescas, noitadas e baladas, é preciso respeitar o tempo de diversão e lazer de todos, sobretudo os jovens. Estes nem sempre são maiores nos Terreiros, talvez pela flexibilidade de alguns Templos  que querem igualar o comportamento de um médium de quarenta anos com o de um de vinte anos, sem refletir  que seus momentos de vida são absolutamente diferentes.       A  liberdade sem responsabilidade tem seu preço. O uso do limite para frear os possíveis  excessos, que serão sempre prejudiciais ao indivíduo, à sua saúde, à sua vida pessoal e consequentemente à sua atividade mediúnico, deve ser sempre pontuado pela família e pelo Sacerdote religioso.  Saber dizer não e encontrar o equilíbrio na diversão faz parte da vida, e ao mesmo não se exceder faz parte da disciplina que todo religioso deve ter para preservar o seu próprio equilíbrio energético.                                                                                                              A perpetuidade de todo Terreiro é a juventude. Um jovem médium pode demorar um pouco para se adaptar aos resguardos, abrir mão das festas, das bebidas alcoólicas, da carne e do sexo. Não é tão simples para todos igualmente. É importante e compreensão desse tempo necessário por parte do Dirigente e do corpo mediúnico do templo. Muitas vezes o jovem que não permanece na Umbanda por dificuldade de adaptação poderia torna-se um grande médium no futuro.                                                                                                   Sabemos que na adolescência e no início da fase adulta ainda prevalece grande parte dos impulsos instintivos do passado de outrora e há uma grande ansiedade pelo futuro. Na Casa do Perdão, o companheiro Sr. Exu Beira Estrada costuma dizer que podemos viver o mundo, mas não podemos deixar o mundo nos viver. A compreensão deste ensinamento é difícil sem a prática religiosa, pois é ela que ajuda a entender o limite de cada um sobre a necessidade de diversão e o limite energético para ser  desgastado nesses ambientes.                Para se entender como esses espaços funcionam, é preciso entender qual é a emoção motivadora daqueles que vão para a famosa pista (balada, noitada. Se a pessoa sai de casa cansada da rotina e do estresse do dia a dia, precisando se distrair um pouco, e essa pessoa gosta de ritmo, festa, dança, paquera e de concentração de pessoas, ela chegará aos ambientes festivos portanto uma energia de alegria, certa ansiedade pela paquera e leve euforia que durante a própria dança e emanação dos sons dançantes serão extravasados naturalmente pelo corpo. O Exu Seu Zé dos Malandros nos explica que a música e a dança têm um poder relaxante sobre todos nós, ela liberta emoções retidas em nossos corações e as músicas mais dançantes são capazes também de liberar energias acumuladas. Existem pessoas que, mesmo depois de uma semana intensa de trabalho ou de uma semana excessivamente ociosa não foram capazes de eliminar toda a adrenalina do corpo, pois só movimentam o corpo nesses  momentos. Não estamos dizendo que está é a única forma de extravasar o estresse: Talvez, se praticássemos mais esportes, equilibraríamos melhor esse acúmulo de energia.  Porém, se a pessoa sai de casa irritada, superestressada,  mal-humorada, com desejo de loucura,  ausência de limites, com raiva da vida, ou simplesmente querendo usar os espaços de diversão como um canal para extravasar seus instintos e desafiar a vida, naturalmente a energia que essa pessoa estará levando para esses espaços estará levando para esses espaços estará carregada e poluída mo intenções. O ambiente pesará, o ar ficara densos, a atmosfera será de libertinagem, exageros e vazios.     Dito isto, cabe a cada um escolher os ambientes em que deseja estar. Os locais onde a maioria das pessoas emana os primeiros sentimentos serão naturalmente mais saudáveis para sua diversão.  já os locais onde se reúne o segundo grupo de pessoas serão obviamente os locais em que você provavelmente não encontrará  diversão e, sim, confusão: são aqueles festejos que sempre terminam em briga ou algum dissabor. A escolha é sua, conforme o ditado popular "diga-me com quem andas que lhe direi quem és, ou o que diz a Bíblia nos Salmos (1:1-2): "Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei dos Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite."                                 
    Outro aspecto importante da diversão é pensar, enquanto religiosos que somos, que não será a nossa prática religiosa que acabará com as festas no mundo.  Elas existem a despeito da nossa concordância. Então, por que não encarar de maneira lúcida a existência destes eventos? Elucidar os frequentadores dos Terreiros e ainda mais os médiuns  iniciantes de maneira clara é a melhor  contribuição que podemos lhes dar. Ser informado de que noites de sono perdidos, sexo desequilibrado, bebedeira e excessos trazem para a pessoa desgaste energéticos - que podem ser atenuados se forem vivenciados com moderação - despertará, com o tempo, uma mudança de comportamento.
   A atividade mediúnica, quando estiver melhor desenvolvida, acionará um alerta mostrando ao médium em quais ambientes e com quais pessoas ele pode permanecer e quais ele devê evitar e/ou se afastar. Sabemos também que esses desejos são mais comuns na juventude e, com o passar do tempo, muitas pessoas buscam outras formas de diversão. Sabemos ainda que existem pessoas que, mais tarde de uma conversão religiosa, dizem não gostar mais de festas, passam algum tempo reprimindo esse gosto e depois, de forma desenfreada, retornam às festas de maneira alucinada,  pois não passaram pelo processo natural de desapego. Temos também aqueles que descobrem a balada não tão jovens, mas depois de uma separação ou um mudança de comportamento e então querem viver tudo loucamente e de uma só vez, às vezes pondo em risco tudo que conquistaram.
      É sabido também que há aqueles que não gostam de forma alguma de festa ou aglomeração de pessoas. Esta é uma questão de gosto pessoal, de acordo com a consciência espiritual adquirida. O importante é encontrar outras formas de distração: a leitura, o conhecimento, praias, cachoeiras, montanhas, florestas, esportes, pescaria, mergulho, passeio de barco, cinema, teatro, programas humorísticos, show  musicais, apresentações de dança, saraus, concertos, viagens e tantas outras atividades constituem-se em Prazeres  a serem vivenciados pelo ser humano.
Desejamos chamar a atenção para o grande número de pessoas que procuram os Terreiros de Umbanda sofrendo de solidão ou em quadros depressivos, porque não refletiram sobre a importância da diversão em suas vidas. Algumas somente deram importância ao trabalho, outras à família, outras à religião, desenvolvendo a longo prazo um estresse silencioso que se caracteriza por um desânimo. Normalmente perante a sociedade,  suas vidas  estarem bem-construídas. Então desenvolvem um comportamento hipócrita de felicidade, quando poderiam ter amenizado os aborrecimentos do dia a dia com um pouco de lazer.
    Caboclos Ventania sempre nos lembra  da importância da distração da vida de todo ser humano. Somente as almas muito evoluídas conseguem passar pela existência terrena sem buscar formas alternativas de alívio da rotina. O perigo da desatenção em cuidar de si próprio é fingir ser uma pessoa que não é. Tentar transparecer que não se importa com diversão desenvolve, a longo prazo, um comportamento introspectivo, além de gerar um bloqueio na mente, e estes podem ser combustiveis energéticos para a atração de obsessores dos mais drásticos, aqueles que se alimentam do falso moralismo.
       É muito mais fácil combater a obsessão quando ela é evidente e muito mais difícil quando ela é camuflada nas personalidades samaritanas que tentam  parecer mais evoluídas do que são na verdade. Muitas pessoas não saem de casa por se fizerem tímidas. Mas o que é a timidez senão  uma imensa dificuldade em aceitar a avaliação que o outro faz de você mesmo?  Poucas pessoas estão verdadeiramente amadurecidas para serem criticadas. O medo de não serem aceitas como são e ter que mudar impede muitas pessoas de ter sociabilidade, mas ninguém veio ao mundo para viver só, nem isolado. Isso traz tristeza, e tristeza acumulada por muito tempo gera desânimo, que alimenta processos obsessivos e de loucura. Então, não é só quem está nas baladas que pode estar obsidiado. Às vezes, quem está em casa trancado está energeticamente mais fraco do que aqueles que buscam renovar constantemente as emoções. Vovó Joana D' Angola nos explica que as emoções gera sentimentos que produzem energias boas ou ruins, a partir dos impulsos emocionais de que foram geradas. Para saber em que sintonia você está vibrando, antes de atender a um impulso de ir para a rua e para as baladasN faça está matemática interna tentando identificar estas sensações. A fórmula é esta:

EMOÇÕES + SENTIMENTOS= ENERGIA 
  Exemplos:
  INSEGURANÇA + MEDO = ANGÚSTIA

Esta energia negativa trará a companhia de espíritos também negativos.

       ÂNIMO+ CORAGEM= OTIMISMO
Esta energoa positiva lhe trará a companhia dos espíritos que vibram na luz.

Escritora: Flávia Pinto

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