As rezadeiras, assim como o batismo, são uma tradição milenar. Diversas tradições religiosas têm o costume de praticar rituais que visem fortalecer e proteger as crianças. O batizado é uma proteção mais forte por ter um efeito mais prolongado, mas não dispensa e regular visita a rezadeiras e rezadores. Está é uma prática saudável que os pais devem adotar com seus filhos. Todas Mães e Pais de Santo, além de alguns médiuns, são rezadeiras e rezadores natos, ou seja, trazem força suficiente em sua coroa (cabeça) para abençoar uma criança.
Existem aqueles que não são sacerdotes, mas têm o dom e a mesma força de rezar as crianças em casa. Guardadas às as devidas proporções, os passes também são equivalentes às rezas.
Em nossa religião, todas as crianças são sagradas, pois representam a continuidade da vida. Por isso devem ser bem amparadas. Isto para nós é tão forte que se torna um dos poucos atos em que existe consenso quase absoluto em não haver cobrança para realizar a reza. Mesmo aqueles que se perderam um pouco dos seus horizontes éticos, comercializando o seu dom espiritual, respeitam a gratuidade desta doação de energia e temem serem cobrados pelos Orixás por comercializarem este tipo de bênção.
Os pais, mesmo sem compreender, quando sentem os filhos diferentes, percebem que eles requerem algum cuidado espiritual. Dois importantes motivos para rezar as crianças regularmente são os famosos mal de quebranto e olho grande. Eles realmente existem e provocam profundo mal- estar nas crianças. Na verdade, as pessoas que emanam estar energias para as crianças o fazem, na maioria das vezes, de maneira inconsciente. Uma vez estando com o seu padrão vibratório desequilibrado ou negativo, ao tocar, pegar e em alguns casos somente olhar, derramam cargas negativas sobre as crianças. Estas, não estando batizadas e sem terem a frequência a rezadeiras, ou sem estarem passando por passes durante as giras de Umbanda, encontram-se desprotegidas. Sem defesa, absorvem, com mais facilidade, a negatividade das pessoas.
Cada rezadeira e rezador já salvou muitas vidas, ajudando a espiritualidade superior a proteger esses anjinhos. Devemos valorizar muito esses curadores. Muitos que estão lendo este livro devem se lembrar de terem sido levados, quando crianças, para serem rezados, e devem guardar desses momentos boas lembranças. As rezadeiras e os rezadores fazem parte da cultura popular brasileira e deveriam ser tombados como patrimônio cultura deste país. Eles deveriam ser multiplicados, em vez de estarem sendo extintos pela força do preconceito que cresce de maneira desordenada na sociedade brasileira.Escritora: Flávia Pinto