Capítulo Um

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Era mais uma manhã ensolarada na cidade do Rio de Janeiro quando Laura Sampaio e suas amigas Elisa e Elena andavam pela rua, sendo consideradas as mais belas moças da sociedade carioca.

Laura tem semelhança com uma boneca de porcelana; a pele branca, os lábios vermelhos pelo fraco batom e cabelos loiros radiantes.

Elisa e Elena são parecidas, afinal, são irmãs. As jovens têm os cabelos negros como o carvão e a pele um pouco mais bronzeada. Elisa mantinha seus cabelos presos em um coque bem junto a cabeça; enquanto sua irmã primogênita, tinha lindos cachos arredondados.

As três acabavam de sair da missa do padre Antônio, que fora destinada aos cidadãos que faleceram nos últimos dias na Polônia, por conta da Segunda Guerra Mundial que se prolongava há pouco mais de cinco anos.

- Eu peço a Deus todos os dias que proteja meu Miguel... – Comentou Laura, recordando-se de seu grande amor, que fora para guerra lutar há dois anos.

- Eu faço o mesmo, querida. – Repetiu Elisa, segurando sua sombrinha. Com o sol que raiava, era provável que a jovem ficasse vermelha como um tomate.

As três moças inseparáveis caminhavam pela rua que continha muitos casarões antigos e bonitos.

Laura interrompeu sua caminhada para admirar uma casa que sempre chamara sua atenção, pela beleza estonteante.

A casa era grande; no segundo andar havia uma varanda que deveria pertencer a um dos quartos. No terceiro andar, havia algumas janelas e uma chaminé.

Na calçada em frente, havia três grandes arbustos que acrescentava mais beleza ao lugar.

- Por que paraste, Laura? – Indagou Elisa.

- Estou a olhar para aquela casa. – A moça respondeu. – Fico a me perguntar: quem seria o dono dela?

- Realmente, eu não tenho ideia. Nunca vi o dono. – Respondeu-lhe Elisa. Elena adotou uma postura séria e começou a falar: - Uma vez, meu pai dissera a minha mãe que o homem que habita nesta casa fora marcado por muitas cicatrizes e queimaduras em seu corpo.

- Mas por quê? – Indagou mais uma vez Laura, com sua curiosidade aguçada.

- Alguns dizem que ele é um ser das trevas. Um homem que se esconde da sociedade por sua tenebrosa aparência. Entretanto, tem uma fortuna grandiosa.

- Coitado. É digno de pena. – Respondeu Elisa. Laura ainda olhava para a casa, e as outras acompanharam-na, até que Elisa fez uma suposição.

- Acho que tem alguém a nos espionar pela janela.

- Em qual delas? – Perguntou sua irmã tentando encontrar a janela.

- Na última do terceiro andar.

As belas moças olharam para o local indicado e realmente avistaram uma sombra pela janela.

- É melhor irmos embora. – Sugeriu a mais velha. – Pode ser perigoso olhar para este recinto.

- Você tem razão, minha irmã.

E as três foram embora, mas Laura continuava a olhar para a janela onde avistara a sombra. Seria o tal homem que Elena havia comentado?

Assim que elas pegaram o rumo de suas casas, a sombra que estava na janela foi embora, deixando apenas a cortina movimentando-se. O dono daquela sombra tinha mais a fazer do que olhar para pessoas que se assustariam com sua aparência.

*****

Depois de algumas passadas, Laura já estava em casa. Chegando nela, encontrou sua irmã mais nova, Catarina, olhando uma de suas pinturas na sala de estar.

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