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Já havia se passado dois dias desde a proposta de Emanoel para sua filha, Laura. A moça ainda não havia perdido a esperança; ela acabara de enviar uma carta a seu grande amor, explicando os novos acontecimentos e suplicando-lhe que voltasse imediatamente para buscá-la.
Laura terminou de escovar seus lindos cabelos e colocou um chapéu clochê - de cor preta - ficando mais exuberante. Logo após, deixou seu quarto e rumou para cozinha, ela queria saber tudo sobre seu suposto conjugue e faria de tudo para conseguir isso.
Chegando a cozinha, deparou-se com Hermínia, empregada de sua família há mais de vinte anos. A senhora já apresentava cabelos brancos e um ar de cansada.
- Bom dia, menina Laura! – A dama cumprimentou a mais nova.
- Bom dia, Hermínia. – Laura respondeu com seu sorriso estrondoso. Até nos piores dias, como aquele, ela conseguia sorrir.
- Vieste pedir para eu tirar suas medidas para seu vestido de noiva?
- N-não. – A jovem gaguejou. Laura sempre sonhara com o vestido mais lindo para casar-se com Miguel. Agora que não seria ele, ela tinha vontade de vestir-se de preto. Pra ela, esse casamento seria como a morte. Ela pensou: "Quem casa sem amor?" - Eu vim perguntar se a senhora sabe algo sobre meu noivo.
- Por que você acha que eu sei?
- Porque você é a única que conhece todos os homens com quem meu pai faz negócios. – Laura disse com delicadeza.
- Está bem. Bom... O senhor Rosenstock é o dono da mansão na Rua São Francisco.
- Aquela que pertenceu aos Martinez? – Hermínia confirmou e Laura se surpreendeu com a revelação. Então o seu futuro marido seria aquele que nunca se apresenta a sociedade e todos dizem ter uma aparência tenebrosa? Até quando seu pai esconderia isso dela?
- Meu Deus! Hermínia, as pessoas dizem que ele é horripilante. Mas horripilante como?
- Eu já ouvi esses boatos também. Entretanto, eu nunca vi esse homem.
- Como não Hermínia?
- Toda vez que esse cavalheiro vem aqui, é dia de feira. Uma vez, eu ouvi seus pais comentando que esse cavalheiro não gosta de ser visto. Por isso nunca estamos presentes para vê-lo.
- Obrigada, Hermínia. Se ver minha mãe, diga que fui até a casa de Elisa.
- Sim, senhorita.
Enquanto Laura andava o mais rápido que podia até a casa de suas confidentes, o cavalheiro misterioso, que seria seu esposo, estava na mansão, exatamente em seu escritório; conversando com seu advogado de confiança.
- Está tudo certo com o contrato? – Indagou Rosenstock, seriamente. Voltado com sua cabeça para frente, usando seu chapéu coco e procurando o máximo esconder seu rosto, apesar do advogado já estar acostumado com seu cliente.
- Está sim, senhor. Está do jeito que o senhor exigiu. Tem certeza que quer continuar com essa proposta?
- Sim, Osório. – Rosenstock o respondeu com sua voz grossa. – É uma boa oportunidade. Não quero morrer sozinho e já estou cansado de conviver com essa solidão. Ouvi falar muito bem dessa moça. Tenho a mais absoluta certeza de que irá me fazer uma boa companhia.
- Está bem. Preciso ir. Tenho mais alguns clientes para visitar.
O advogado foi embora, deixando Rosenstock sozinho novamente. O Homem suspirou e tirou seu chapéu.
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Marcas da Guerra
RomanceSinopse O que você faria para apagar as marcas de uma guerra? Sebastian nunca pensou que perderia o controle de sua vida, nunca pensou que chegaria em tal situação, mas sua mera realidade lhe mostrou que, independente do que aconteça, o que realment...