Capítulo Dez

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Já havia se passado alguns dias desde que Laura tinha descoberto a história de Sebastian e cada vez sentia mais admiração por aquele homem que quase perdera a vida para salvar outras mais.

Já Sebastian havia se empenhado em conquistar Laura. Toda aula de piano, ele se tornava totalmente um cavalheiro com a moça. No entanto, desistiu, quando a viu pintar um quadro de um homem. Provavelmente o amor de sua vida e não teria nenhuma chance com ela.

Laura estava sentada em sua cama, olhando a pintura de Miguel, a mesma que Sebastian tinha visto.

- Sinto sua falta, meu amor. – Ela suspirou. Havia mandado para ele algumas cartas, explicando seu casamento. Mas todas voltaram. Laura já havia perdido as esperanças de encontra-lo vivo.

Olhou para o quadro de Sebastian ainda não terminado e não passava nenhuma ideia em sua cabeça em como finaliza-lo.

Ela pensou em ir visitar o orfanato. Pegou sua bolsa e colocou um chapéu coco.

Avisou Teresa sobre sua saída e a mesma avisou que Franco havia levado seu marido para resolver alguns assuntos pessoais e não estava lá, para leva-la.

- Não tem importância Teresa. Eu vou caminhando. – Ela respondeu, com um sorriso no rosto.

- Quer que eu lhe acompanhe? Uma mulher casada não pode andar sozinha pelas ruas da cidade. – Teresa avisou. Mais umas das regras impostas pela sociedade que Laura não gostava. Será que as mulheres não terão liberdade nunca? Ela pensara.

- Não Teresa, Obrigada.

O orfanato não ficava longe de sua nova casa. Era apenas algumas quadras dali. Laura passou em frente a loja de costura de Madeline e nem olhou para o local, com medo de ser vista e parada pela senhora à fim de fazer-lhe perguntas sem nexo.

Ao longo daquela semana havia chovido bastante. As ruas ainda continham poças de água e o tempo estava um pouco frio. A moça avistou um antigo chafariz que ela sempre visitava quando criança e resolveu dar uma olhada mais de perto. No entanto, viu uma menina deitada ao lado do chafariz, toda encolhida e de olhos fechados.

- Mocinha... – Laura chamou. – Olá. – A cutucou. Ela parecia se contorcer de dor. – Menina! – Laura se abaixou, ficando mais perto dela. – Eu vou te levar ao médico.

- Não senhora! – A menina falou, um pouco chorosa.

- Cade seus pais?

- Sou órfã.

- Você sente o que?

- Muita dor aqui. – A menina passou suas mãozinhas pelo abdome. Suas roupas estavam sujas e rasgadas. Laura não pensou duas vezes e a pegou no colo.

A levou direto para o orfanato. O padre José havia se assustado com o jeito da menina e logo fora levada a enfermaria.

- Chame o doutor Cardoso, padre.

- Eu sinto muito, senhora Laura. Mas ele está fora da cidade. – Ela suspirou e o padre estava completamente preocupado.

- Vamos leva-la ao hospital.

- Por favor, senhora. Não me leve.

O padre olhou para Laura. Eles não sabiam como cuidar dela. Até que o padre parecia ter pensado em algo.

- O seu marido tem médico de confiança? – Ele perguntou. E Laura pensou um pouco.

- Disso eu não sei padre, mais eu conheço um. Me espere aqui. – A jovem se pôs a correr e em instantes chegou em casa.

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