Capítulo 15

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Os dias haviam passado e Laura já estava conformada com a partida precoce de sua irmã.
Ela tinha saído de casa, pelo menos duas vezes e apesar de ainda estar de luto, a moça continua a tentar provar seu amor por Sebastian. E então na manhã daquela terça-feira úmida, lhe faria um gesto.
Entrou no escritório sem antes bater e percebera que seu amado estava na companhia de Osório.
- Então, está tudo pronto, Osório?
- Sim, o envelope chegou do Estados Unidos hoje cedo. Trarei mais tarde.
- Obrigado. Sempre me ajudando com essa história do soldado. – Sebastian deu um sorriso de leve.
- Faço de tudo para agradá-lo. Preciso ir.
E antes que o advogado se levantasse, Laura tinha se escondido no final do corredor.
"Estados Unidos? Soldado?" – Laura indaga a si mesma. – "O que Sebastian está fazendo?"
Assim que o caminho ficou livre, Laura saiu de seu esconderijo e foi até o escritório que encontrava-se vazio. Ela segurava um grande embrulho em suas mãos que sustentava muito peso.
A moça deu uma olhada nos poucos papéis que tinham na mesa, no entanto, não encontrara nada.
- Laura? – Sebastian chegou por trás, dando um pequeno susto nela. – Está a minha espera?
- Sim. – Ela suspirou. – Trouxe este presente para você. – Laura estendeu seus braços.
- Pra mim? Mas não é meu aniversário...
- Você merece, por ter cuidado de mim todo este tempo.
- Não precisava. Só em receber um "obrigado" já ficaria contente. – Ele sorriu. As marcas naquele rosto já não era um problema para moça. Ela o via do jeito que ele devia ter sido um dia. Lindo.
Sebastian pegou o pacote e o abriu.
- Um quadro? – Quando ele avistou o desenho, ficara perplexo, sem palavras.
- Não gostou? – Laura perguntou, um pouco desanimada.
- Não é isso. É que...você me desenhou do jeito que eu era. Como conseguiu?
- Foi fácil. – Ela riu. – Eu somente observei seu lado esquerdo e vi que deveria ser exatamente assim, o lado direito.
- É lindo. Você tem um grande talento, Laura.
- Obrigada.
- Eu que agradeço. É como se eu pudesse me ver no espelho novamente. – E Sebastian deu um beijo estalado no rosto daquela que trouxera mais vida a sua casa.
Laura havia ganhado seu dia com aquele simples gesto.
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- Que lindo, Laura! – Falou Teresa, ao saber da pequena conquista que sua patroa obteve aquela manhã.
- Será que desta vez vai, Teresa?
- Eu realmente não sei. Estou doida para ver este quadro.
- Sebastian disse que irá colocar na parede do escritório.
- Então, isto prova que ele gostou do gesto.
- Sim. Tinha de ver, Teresa. Ele ficou emocionado.
- Também, não é pra menos. Há tantos que ele carrega aquelas marcas em seu rosto...
- Sim. Mas para mim, ele é lindo do mesmo jeito. – Laura se lembrou da conversa estranha que seu amado teve com o advogado e resolveu sondar a empregada. – Teresa...Eu sem querer, ouvi uma conversa entre Sebastian e Osório. Eles falavam algo sobre um envelope que veio do Estados Unidos e um tal soldado...você sabe de algo?
- Pra ser sincera, sim. Todos os meses, o advogado traz um envelope recheado de papéis, vindos desse país. Mais nunca li nada.
- Entendo. Estou com medo, Teresa. E se for algo para destruir Hitler? Meu Sebastian não pode com ele.
- Não fique nervosa. Não há de ser nada. Mas se tanto a perturba, por que não lhe pergunta?
- Não quero me passar por intrometida. Bom...vou deixar você terminar de cozinhar e vou pedir ao Franco para me levar no centro. Preciso comprar mais tintas.
- Está bem.
Antes de deixar a mansão, Laura avisou Sebastian e foi com Franco, comprar tintas.
Entrou na loja Tintas s' Andrade, que estava acostumada a frequentar.
Viu que os outros clientes estavam olhando-a. No entanto, Laura não deu importância.
Pegou a mercadoria e levou até o caixa.
- Bom dia senhor Vicente.
- Bom dia, senhora Laura. Meus sentimentos mais sinceros por sua irmã. – Ele dissera, enquanto fazia as contas da compra.
- Obrigada, senhor Vicente. – E ela lhe retribuiu com um pequeno sorriso. Ela o conhecia desde muito jovem. Vicente já era um homem de idade, mas ainda gostava de trabalhar.
Logo, apareceu sua esposa, Virgínia. Olhando de baixo a cima a jovem moça.
A senhora então, chegou perto dela.
- Olá Laura. – Ela cumprimentou, sem vontade.
- Olá senhora Virgínia.
- Saiba, Laura...é a última vez que a senhora põem seus pés em minha loja.
- O que? – Laura não tinha entendido suas palavras.
- Não se faça de sonsa.
- Virgínia! – Disse Vicente.
- Fique quieto homem!
- A senhora é uma moça imoral. Casou-se com um senhor meio errado de suas ideias e ainda por cima, sua irmã...este lugar é de gente decente.
- Mas sou decente! O que aconteceu com minha irmã...espere...a senhora acha que minha irmã era uma promíscua?
- É o que todos dizem pela cidade...
- Minha irmã tinha mais honra do que muitas moças por aqui. E se a senhora se incomoda tanto, com este tipo de uma mulher, é porque já fora uma! – Disse Laura, cheia de si.
- Além de ser uma imoral, aproveitadora é mal educada? Suma de minha loja!
- Não se preocupe. Nunca mais voltarei aqui. – Laura deu um galope para fora do comércio e Franco a acompanhava.
- Franco, é verdade o que aquela senhora disse?
- Laura, você é uma ótima moça.
- Não foi isso que quis dizer. Estão mesmo falando mal de minha doce irmã?
- Eu sinto muito senhorita.
- Agora sei porque todos olham para mim com desgosto. Que jeito asqueroso de pensar de uma moça que morrera tão injustamente.
Antes que Franco pudesse responder, apareceu Elisa e Elena.
- Laura! – Pronunciou a mais nova.
- Minha amiga Elisa! – As duas iam se abraçando, quando Elena as interrompeu.
- Não faça isto Elisa! Todos olham.
- E o que tem? – Perguntou a irmã.
- Sabe muito bem.
- Elisa, por favor, não vá. Preciso de você. – Disse Laura.
- Não mesmo! – A outra disse. – Você quer desmanchar a reputação de Elisa, como fez com a sua.
- Elena, se esses hipócritas falam mal de minha pessoa, é por puro despeito! Sou boa moça, de família respeitada.
- Antes de você se casar com um monstro...
- Meu marido não é monstro. Pelo contrário, ele é muito mais humano do que você.
- Sua espevitada!
- Por favor, não briguem! – Pediu Elisa, com seu jeito meigo.
- Senhorita Laura, vamos. Não vale a pena.
- Tem razão Franco.
- Você é tão imoral, que passou sua péssima conduta a coitada de Catarina! Pobre dela, agora deve estar queimando no inferno.
- Sua dissimulada! Pode manchar a minha honra á vontade. Mas deixe minha irmã fora disto!
E neste momento, Laura agarrou os cabelos de Elena e começou a puxá-los fortemente. Elena tentava se soltar, no entanto como não conseguia, resolver a garrar o pescoço da outra jovem e tentar enforcá-la.
Laura então, arranhou o rosto de Elena e rasgou um pedaço da manga do vestido dela.
Franco e Elisa conseguiram separá-las, com muito custo.
Laura aproveitou, que seu chofer estava fraco e soltou-se. Pegou as tintas que carregava consigo e jogou em sua rival.
Ela não se contentou e jogaram-se no chão, rolando pela rua de paralelepípedo, fazendo um pequeno espetáculo para as pessoas que passavam pelo local.
Logo, podia-se ouvir um som de apito e quatro guardas foram separar as moças que faziam alvoroço.
- Senhoritas! – Disse um deles. – Precisam realmente fazer este escândalo?
- Foi ela que começou! – Gritou Elena, ofegante.
- Mentirosa! – Laura gritara de volta.
- Está acabado! – Outro guarda falou. – Mas irão se resolver na delegacia. As duas estão detidas!
Os outros guardas continuaram a imobilizar as moças e as levaram andando.
Elena tentava se soltar a todo custo. Enquanto Laura ia calmamente; E Franco acompanhava sua patroa, para saber no que daria aquela situação; Elisa, ficou imóvel na rua sem saber o que fazer; E as pessoas olhavam com raiva e desprezo pelo acontecimento.
Se Laura já estava mal falada antes, imagine agora, depois de toda esta confusão?



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