Capítulo 5

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Nesta manhã, me peguei chorando, outra vez. Me pergunto se isso acabará um dia em minha vida, ao menos antes de eu desistir dela. Imagino os rostos de cada um se um dia eu me fosse. Iriam chorar? Ou não se importariam? As vezes me pego forjando minha própria morte e fugindo para uma ilha no Caribe ou talvez Brasil, um lugar que muitos falam e que nos transformam em outras pessoas, uma lugar onde eu não teria lembranças ruins, talvez uma segunda chance.

Ouço o miado de Sebastian pelo corredor, provavelmente, querendo comida. Me levanto com relutância da cama esticando meus músculos me surpreendendo com alguns estalos. Olho pelo espelho do meu banheiro e vejo uma garota de 21 anos com profundas olheiras, o rosto inchado, o cabelo em péssimo estado e alguns vestígios de lágrimas que sobraram da noite passada. Lavo meu rosto e amarro meu cabelo em um coque desorganizado. Atravesso o corredor e vou direto para a sala pegando a ração do felino. O mesmo começa a miar várias vezes me seguindo até seu pote vermelho com seu nome preenchido em letras amarelas. Despejo uma porção suficiente para que ele não engorde e não siga pelo mesmo exemplo que a sua dona.

Começo a fazer meu café e me assusto comigo mesma por não está saindo agora mesmo para a cafeteria. Foi tão natural que parece que faço ele todos os dias.

"Estranho", penso sorrindo.

Me sento em meu sofá, bebendo uma boa quantia de café da minha caneca. Me deparo com uma pequena flor de pétalas vermelhas em cima do meu criado mudo. Com certa curiosidade, me estico para pegá-la me deparando com um pedaço de papel com vários corações colorido e no meio de todos eles estava escrito: "Charlie" com a caligrafia de uma criança de cinco anos, é claro. Sorrio beijando a mesma. Faz um dia desde que ele viera dormir aqui e ontem a tarde, Sarah veio buscá-lo e já sinto uma tremenda saudade. Percebo  que tem algo atrás e viro o pedaço de papel, estava escrito com uma caligrafia bonita:

"Eu ajudei a escolher"

Alex.

Deixo o pedaço de papel e a flor de volta no criado-mudo e me levanto ainda segurando a caneca indo em direção a cozinha e lavando a mesma que agora vazia. Volto para a sala me jogando em uma de minhas poltronas, enclinando minha cabeça para trás tendo uma visão meio torta do teto e uma parte do corredor. Me ajeito na mesma quando meu corpo já começa a doer. Sinto meu estômago roncar e me lembro de um bolo de chocolate que comprei ontem com Charlie, ele não comeu muito e sobrou bastante na geladeira. Em passos apressados, abro a geladeira pegando um enorme pedaço de bolo e uma colher, em seguida voltando a me jogar na poltrona de antes e me saborear daquela sensação de bem estar.

Nos últimos meses a comida vem me trazendo essas sensações de conforto. É como uma alarme, sempre que me sinto mal e me lembro de coisas ruins, meu estômago o ativa e, bom, eu penso em coisas ruins quase toda, o que dificuldade voltar ao meu peso normal. Vejo a gordura localizada na mina barriga aumentar durante esses dias me trazendo um leve incomodo, mas não o bastante para parar de comer. Por enquanto, ainda posso desfarçar com algumas peças de roupa, penso alto.

Ouço o som da campainha e reviro os olhos de pensar quem seria a uma hora dessas. Já desconfio de alguém. Abro a porta vendo nada mais nada menos que Alex Foster com as mãos no bolso de sua calça jeans clara. Ele calçava um tênis vans preto e uma camiseta social azul bebê com pequenos detalhes de âncora em toda parte, seus cabelos estava com pequenos cachos em algumas mexas, estilo Nick Jonas. Eu até que gostei.

– Bom dia, Madelane. – abriu um sorriso mostrando seus dentes perfeitamente alinhados e branquinhos.

– Bom dia, Alex. – suspiro esperando sua cantada do dia.

– Você não vai para a cafeteria?

– Nem sempre eu vou pra cafeteria. – cruzo meus braços ocultando minha blusa quase transparente para que ele não olhasse – Como, hoje.

Alex Foster Não Presta! Onde histórias criam vida. Descubra agora