Capítulo 9

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Alguns dias após a partida de Alex...

Passei a maior parte desse dias com Charlie. Essa pequena criatura está sendo a minha salvação enquanto Alex está no Canadá. É quase como conversar com um adulto. Algumas tardes, enquanto ele dorme, gosto acariciar seu cabelo dourado e observá-lo enquanto dorme. Charlie é esperto e muito especial tanto para a mãe como para mim. Ele passou por tantas coisas e com tão pouca idade. Além de nunca ter conhecido o pai, a mãe entrou em depressão assim que ele nasceu e por isso passou seus primeiros meses com os avós que morreram. Ele era muito apegado à eles, à mim e ao Eric e, com o acidente, a ausência do Eric e o meu afastamento. Tudo desmoronou. É muita injustiça para um ser humaninho tão pequeno com ele.

Estou me redimindo por ele é, se precisar de mim, eu estarei aqui, para ajudá-lo.

- Tia Mad! - ouço seu grito do quarto enquanto fazia brigadeiro. Assim que chego no quarto, o vejo tentar pegar uma caixa no alto da minha instante de livros. Pego a caixa verde colocando no chão ao me lembrar de ser nela que veio as coisas de Eric quando esteve em Amsterdam - O que é isso, tia?- pergunta ao se sentar no chão comigo.

- São as coisas do Eric.- digo com atenção nas coisas da caixa. Eu não havia tocado nela desde que chegou. Apenas aguardei para outro momento.

- Olha, a bola de futebol americano do tio Eric.- sorriu a pegar. Me lembro de Eric jogar com ele várias vezes na casa dos meus pais aos sábados.

- Sim, você amava jogar com ele.- concorda com a cabeça agitado.

- O que é isso?- me chama a atenção. Ele está com um pen-drive em mãos. Não tinha notado ele quando chegou.

- Um pen drive. Estranho, eu não tinha visto isso. Porque não vai comer o brigadeiro, coloquei um filme pra você na sala.- ele se levanta sorrindo e sai do quarto.

Insiro o pen drive no notebook ao sentar na cadeira da escrivaninha. Clico no arquivo vendo um vídeo. A imagem é bem resolucionada e mostra um quarto com paredes brancas, mais especificamente, uma cama de casal com uma mala aberta em cima da mesma e, metade de uma instante de livros. Uma silhueta anda de um lado para o outro em frente a câmera. O arrepio em minha nuca e a batida errada em meu coração, logo me fazem crer que é ele.

Quando o corpo se senta na beirada da cama, posso ver que é ele. O mesmo apoia os cotovelos no colo e olha para a câmera com um sorriso nervoso. Ele está aflito e nervoso, a cada intervalo de tempo, olha ao seu redor. Podia ouvir alguns barulhos de bombas do lado de fora e aquilo o assusta. Á mim também. Meu coração tem noção do que estava acontecendo.

"Oi, amor"

E naquele momento, ao ouvir o doce e perfeito som da sua voz, minha alma e coração estão entregues à este único vídeo.

"Eu estou fazendo esse vídeo porque...talvez eu não tenha outra oportunidade pra dizer isso, espero que eu tenha...as coisas estão meio complicadas aqui, percebi que terroristas são bem extrovertidos quando o assunto se chama bombas. Talvez estão lutando por algo, vai ver são apenas pessoas querendo atenção de uma forma bem inapropriada. Explodir pessoas não é um bom meio de protestar, digamos assim"

Um sorriso fraco aparece em seus lábios.

"Só quero que saiba que...se eu não estiver aí no seu próximo aniversário, eu te amo muito e não quero que sofra. Eu nunca desejaria isso para você, nunca. Só de imaginar você chorando quando descobrir que..."

Uma lágrima escorregou em seu rosto assim como escorregou no meu.

"eu não estarei mais com você, me mata...posso dizer que já estou morrendo ao pensar em tudo que você pode passar...só quero pedir...não se afaste, Mad. Não se afaste das pessoas que amam você...como eu acabei fazendo, não deveria ter vindo nessa viajem e o pior de tudo é que você me pediu pra ficar, deveria ter deixado você me trancar no armário"

Alex Foster Não Presta! Onde histórias criam vida. Descubra agora