Capítulo 15

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- Eu posso ajudar você em alguma coisa? - indago me abaixando ao seu lado a vendo limpar suas lágrimas.

- Não, está tudo bem, obrigado. - deu um sorriso amarelo - Eu só estou com um problema, na verdade eu tinha, não sei, desculpa, hoje não é o meu dia. - suspirou encostando as costas na parede do corredor.

- Bom, está querendo desabafar? Sou toda ouvidos. - me sentando cruzando as pernas.

- Seria muito inconveniente desabafar com uma completa desconhecida, não acha? - franziu a testa com um sorriso no canto dos lábios.

- Seria. - concordo - Mas digamos que eu não seja uma completa desconhecida, eu sou...a vizinha do andar acima do seu. - dou de ombros sorrindo arrancando uma risada baixa da mesma - Então? Podemos compartilhar problemas.

- Compartilhar problemas? Gostei disso.

- Vamos, compartilhar problemas enquanto se toma chocolate quente é uma ótima combinação. - me levanto estendendo minha mão a ajudando a levantar.

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- Então. - lhe entrego uma caneca branca com uma pequena fumaça quente do chocolate saindo - O que ou o que fez você chorar daquela forma?

- Bom, meu namorado. Meu ex namorado. - reprime os lábios olhando para a caneca em suas mãos - Ele terminou comigo.

- Por qual motivo? Para deixar você assim precisa ter uma boa desculpa para terminar.

- Meu cabelo. - seus olhos lacrimejam, mas ela parece lutar internamente para não voltar a chorar.

- Como? - pisco algumas vezes sem entender o que aquilo significava.

- Eu sempre gostei de ter meu cabelo cacheado, é como ele é naturalmente. - põe uma mecha quebradiça atrás da orelha - As vezes eu gosto de variar e o aliso, foi quando nos conhecemos. Algumas pessoas, amigos e até minha família me aconselham a alisá-lo de vez porque fica muito mais bonito, combina mais comigo mas eu gosto dele cacheado, você tem que ver ele, é lindo. Meus cachos são o que eu sou e não isso. - aponta para as mexas alisadas.

- Deve ser lindo mesmo. - digo com um pequeno sorriso.

- Mas, meu namorado não acha isso. - suspirou - Ele é um imbecil. Me dizia o que vestir, o que comer, até como andar. - põe as mãos no rosto depois de deixar sua caneca na mesinha de centro.

- Isso é horrível. - toco seu ombro - Isso deveria ser um crime.

- Eu quis conversar com ele, dizer o que estava sentido, esperava que ele entendesse e em troca recebi um monte de coisas que não saem da minha cabeça, e agora por alguma razão eu me sinto culpada. - dizia com certa amargura na voz - Eu sou tão idiota.

- Pois não devia. Você fez o certo. Não podia continuar sendo abusada daquela forma, não deixe sua consciência pesar. A culpa é toda dele e agora você está livre para fazer o que quiser, se sentir você mesma como deve ser. - abro um sorriso e a mesma me encara com o mesmo em seus lábios.

- Obrigada, muito obrigada. - me abraçou - Tudo bem. Será um longo caminho pela frente, mas eu vou conseguir. - não escondeu o alívio em seu rosto - Agora, sua vez. - volta a tomar seu chocolate quente.

- Bom, eu tinha um problema, como posso dizer? Eu estava depressiva, meu passado é cheio de tragédias que estou enfim me recuperando agora. Há uns meses atrás, minha vida se resumia em comer, dormir, dar comida ao gato e perambular pelos corredores do meu apartamento.

Alex Foster Não Presta! Onde histórias criam vida. Descubra agora