Oito

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Kyle estacionou o Ford Capri no meio de uma estrada de terra, que dava entrada para uma floresta. Estranhamente não estava com medo, o que era surreal pois estávamos  num lugar deserto e ele poderia fazer o que quisesse comigo.

"Como você é burra, Cameron." Me xinguei mentalmente.

Ele saiu do carro e eu logo em seguida. Kyle andou um pouco mais adentro da floresta mas parei no meio do caminho observando a paisagem ao meu redor. Havia vários pinheiros e araucárias imensas, podia ouvir a água correndo pelo lago e o cheiro de terra molhada.

— Você vem, gatinha?— Kyle me chamou alguns metros de mim, ele esperou eu andar até onde ele estava parado e segurou a minha mão.

Surpresa com o seu gesto, olhei para a sua mão enorme engolindo a minha, ele não me deu tempo de processar isso, me levando com ele.

Seguimos uma trilha que só ele parecia saber onde iria dar. Paramos num lugar onde havia um enorme pedaço do lago de Charleston, um pedaço especialmente bonito e límpido.

A floresta não estava totalmente escura, a lua estava iluminando tudo ao nosso redor, deixando tudo ao nosso redor na penumbra, tanto que podia ver o rosto de Kyle perfeitamente. Ele me puxou até um deque de madeira logo à frente.

Aquele lugar era perfeito, não estava muito frio e nem muito quente, o céu da noite ostentava uma bela lua cheia.

— Você me trouxe a essa hora da noite para ver o lago? — debochei soltando minha mão da sua.

Ele ignorou meu comentário se sentou na beirada do deque me puxando para que eu me sente ao seu lado. Eu bufei e me sentei, admirando a bela vista a nossa frente.

Estava balançando meus pés no ar e observando a água escura do rio abaixo de nós. Olhei para o lado e peguei Kyle encarando atentamente meu rosto.

— O que foi?— perguntei.

— Nada. É só que você é muito bonita.

Revirei os olhos.

— Essa é a sua melhor cantada?

Ele soltou uma risadinha.

— Eu não sou um cara que precisa de cantadas.— ele piscou para mim.

— Você é um cara muito estranho. — eu disse.

Ele deu de ombros.

— Porque? — Kyle perguntou.

— Porque a gente mal se conhece e você invadiu meu quarto tarde da noite para me trazer até aqui. — expliquei observando seu cenho se franzir. — E você parece ter surtos de agressividade, como aquele que teve no meu aniversário.

Além de ser bem misterioso. Aparentemente quem vê Kyle, pensa que ele é só um bandido de sorriso fácil e que quer curtir a vida sem limites, mas algo no meu interior dizia que havia muito mais.

Algo aconteceu com ele.

Ele não comentou nada sobre aquela noite em que deu uma surra no bacaca do Carson.

— O que aconteceu? — insisti baixinho. Não entendi ele ter me defendido daquele jeito, eu não era absolutamente nada dele.

RupturaOnde histórias criam vida. Descubra agora