Ruptura

Trinta e quatro

Kyle

Entrei no bar lotado com Hunter e Jason, um dos caras que tava começando a trabalhar conosco. O garoto era até legal, só um pouco ingênuo, fazia faculdade e tava nesse nosso negócio para ganhar uma grana extra. Ele dizia que tava aqui temporariamente, até se formar. Como se fosse ele que pudesse decidir.

Pobre coitado.

Ele realmente não sabia onde tinha se metido.

Queria dizer para ele cair fora o quanto antes, para sumir daqui antes que fosse tarde demais mas fiquei calado.

Eu estava exausto depois de ficar dias na estrada dirigindo, queria ir para casa mas sabia que se eu ficasse sozinho lá, era bem capaz de eu fazer alguma idiotice como ligar para ela ou ir até a casa dela.

Eu já tinha me humilhado para ela demais.

Chega! Porra!

Quase arranquei meus cabelos ao me dar conta do rumo que os meus pensamentos estavam tomando. Sempre acabavam nela.

Eu tinha que ser paciente, não iria desistir dela, eu tinha feito a merda e agora eu ia consertar, mas não sei se seria capaz de esperar quatro meses, até que eu estivesse livre para finalmente ir atrás dela.

E se fosse tarde demais?

E se ela me esquecesse?

Se é que já não tinha esquecido... eu era um bosta que não tinha nada a oferecer a ela. O que ela iria querer comigo?

Desde a última vez em que fui em sua casa, implorar para que Cameron me perdoasse, ela disse que tinha nojo de mim que jamais poderia amar alguém como eu.

Aquilo tinha doído no fundo do meu coração e da minha alma, porque afinal de contas, ela estava certa.

Se nem a minha própria mãe foi capaz de me amar, porque ela iria?

Eu sou um idiota sentimental! Um Mariquinha!

Bati minha cabeça no tampo da mesa que estávamos sentados no bar. Precisava de mais uma dose de uísque, na verdade, eu precisava de uma garrafa. Eu só queria me afogar na merda do esquecimento.

A garçonete muito prestativa, encheu o meu copo de uísque antes que eu precisasse pedir e antes que eu pudesse dar um gole na minha bebida, a garota se inclinou ao meu lado, pegou um guardanapo na mesa e caneta que estava presa em seu decote farto.

Era óbvio o que ela estava fazendo. Ela escreveu um nome e um número de celular e em seguida riu bem perto do meu rosto.

A garçonete tinha cabelos escuros, não tão escuros quanto o de Cameron mas eram bonitos, ela quase poderia se passar por Cameron, se não fosse pelos os olhos castanhos escuros tão diferentes dos olhos cor de mel que eu tanto amava...

— Meu turno já está acabando, pode me ligar mais tarde ou qualquer outro dia.— a desconhecida disse mordendo o lábio inferior lambuzado de brilho labial.

Antes que eu conseguisse dizer que não iria ligar, ela saiu.

— Porra! Não acredito! Eu estava tentando conseguir o número dessa garota há um tempão!— exclamou Jason.

Hunter riu sem humor.

— Pode ir se acostumando, todas querem esse babaca com cara de galã daqueles filmes merdas de romance.

Ignorei seu comentário e matei minha bebida em um só gole.

— Pode ficar com isso.— falei para Jason que segurava o papel como se fosse um tesouro.