Trinta e oito

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Cheguei trêmula, pálida e suando frio no apartamento de Joyce. Bati freneticamente na porta ansiosa e precisando da sua presença tranquilizadora.

Kyle estava fora da cidade, mas eu daria tudo para vê-lo agora mesmo. Ele seria o único capaz de me tranquilizar. Mas eu só tinha Joyce, ela era a única pessoa que eu tinha aqui na cidade.

E meu pai pai já devia estar a quilômetros de distância. Eu estava com medo. Não sei, mas não teria sido uma boa ideia se eu tivesse ido confrontar Ryan não confiava nem um pouco nele e senti arrepios de asco todas as vezes que eu estive em sua presença.

Sabia que aqueles caras eram perigosos.

Ah, porra! Eu sabia, sabia que havia algo de errado eu sempre podia confiar no meu instinto. Eu devia ter ido com o meu pai e agora não estaria com um medo do caralho e sozinha.

Eu devia ter ligado para a polícia, mas na hora só o que eu pensei era que eu tinha que ir embora dali.

— Cameron? Esqueceu alguma coisa?— ela perguntou na porta e depois arregalou os olhos quando abri a boca e comecei a contar tudo.

Joyce também ficou visivelmente assustada. Ficou se perguntando do por quê os caras de Johan estavam seguindo nós duas quando Hunter e Kyle estavam fora da cidade.

— Eu tô na merda.— falei me sentando no sofá e colando minha minha cabeça entre os braços.

Eu queria ligar para o meu pai, queria comprar uma passagem e ir para Miami, mas eu não podia deixar Joyce sozinha.

Vai que aqueles caras juntamente com Ryan fossem atrás dela? Se isso acontecesse eu iria me afogar em culpa.

Ela ligou para Hunter e contou tudo a ele.

— Coloca no viva voz.— falei para Joyce, eu estava já impaciente sem conseguir ouvir o que Hunter dizia ao telefone.

Ouvi Hunter xingar Ryan diversas vezes. Até que ouvi a voz rouca e grave inconfundível de Kyle no fundo.

— Me dê isso aqui, porra!— Kyle disse e em seguida ouvi um farfalhar, como se Kyle tivesse tomado o celular de Hunter.

Joyce revirou os olhos e me entregou o celular.

— Cameron?— ele me chamou.

— Oi.— respondi.

— Não saia do apartamento de Joyce em hipótese alguma, você me ouviu? Hunter vai voltar para a cidade em algumas horas e resolver isso.

Murchei internamente ao ouvir que Hunter voltaria e ele não.

— Ouvi. Você não vai voltar?— perguntei e me arrependi no mesmo instante. Pouco me importava se ele voltaria ou não, por mim ele podia ficar bem longe.

Houve um momento de silêncio constrangedor entre nós.

— Não.— ele respondeu.— Preciso ficar e resolver algumas coisas.

Mordi o lábio e permaneci calada. Ele estava falando comigo normalmente, como se nada tivesse acontecido no fim de semana. Como se ele não tivesse ido embora da maneira que foi.

Não queria ficar enfurnada no apartamento de Joyce, queria voltar para casa.

— Fique bem e me avise se Ryan voltar a te perseguir que eu volto no mesmo instante e acabo com aquele desgraçado. Eu te coloquei nessa merda de situação, então, por favor, tome cuidado.

Meu cérebro interpretou aquilo que ele me disse de outra forma. Ele achava que tinha algum tipo de obrigação e por isso tava falando comigo? Não, porra. Ele não tinha nenhuma obrigação. Eu era adulta, sabia me cuidar e não adiantava que ele quisesse resolver tudo na violência.

RupturaOnde histórias criam vida. Descubra agora