Quando cheguei em casa, meu pai já me esperava na poltrona da sala. Sua expressão estava dura e rígida, assim como seu olhar.— Eu sinto muito, pai.— falei antes de dar da chance de ele falar algo.
Seus óculos de leitura deslizaram para a ponta de seu nariz enquanto ele me analisava de cima a baixo.
— Onde você estava?— ele perguntou.
— Na casa de Joyce.— menti.
— E porque não voltou no horário?
— Eu me distrai e acabei pegando no sono no apartamento dela.— menti outra vez.
Meu pai não pareceu nem um pouco convencido com a minha explicação. Eu me considerava boa em mentir, mas fazer isso para o meu pai era sempre uma tarefa difícil. Ele sentia o cheiro de mentira a quilômetros de distância.
Nem ousei piscar.
Então, meu pai acenou com a cabeça mas percebi que ele não acreditou em mim. Papai sempre confiou em mim.
— Tudo bem.— suspirei de alívio.
— Agora diga a verdade.— ele disse e meus ombros caíram em derrota.
Abri a boca descaradamente.
Não sei se foi por ter sido pega de surpresa ou se foi por que eu ainda queria que ele acreditasse no que eu disse.
— Essa é a verdade.
Não podia lhe dizer a verdade.
O que eu diria ao meu pai? Estou transando com um cara papai, ah! E ele é um bandido, sabia?
Eu não podia dizer a verdade, nem meia verdade. Se eu dissesse a ele que estava saindo com um cara qualquer, meu pai certamente iria querer saber quem é e conhecê-lo.
E conhecê-lo eu digo, querer puxar sua ficha de antecedentes criminais na polícia.
Sua expressão reprovadora e meio decepcionada pela minha mentira me deixou com um pouco de peso na consciência.
— Tudo bem, então. Você está proibida de sair, seja para encontrar Joyce ou qualquer outra pessoa, enquanto continuar mentindo para mim.
— Pai!— exclamei desesperada.
Ele estava irredutível, sabia que não conseguiria provar ao contrário. Revirei os olhos derrotada e com raiva sai batendo o pé até chegar ao meu quarto.
Merda.
...
Mais tarde naquele mesmo dia, liguei para Joyce e ficamos conversando.
— Foi incrível.— eu disse me referindo à noite passada.
— Uau! Eu sabia que no fundo vocês dois se entenderiam. Ele apareceu desesperado no meu apartamento e me implorou para te encontrar no pub. E eu deixei, em nome do amor, é claro.— Joyce suspirou toda romântica.
Revirei os olhos.
Às vezes ela era tão brega.
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Ruptura
RomanceCameron é uma garota de dezenove anos, cética e indiferente. Sua vida era boa o suficiente e ela não desejava ter um relacionamento sério tão cedo. Mas, às vezes, ela sentia um vazio muito grande dentro dela, pensava que era uma pessoa fria e sem se...