Quarenta e Dois

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Estava me sentindo nervosa.

Sei que pode ser meio ridículo, pois era apenas um jantar. Nada demais. O problema era só o meu pai, sei que ele faria perguntas, perguntas que Kyle não responderia nem para mim.

Faltando poucos minutos para as sete, chamei meu pai num canto da sala para falar com ele, enquanto Joyce e Amelia ficaram na cozinha conversando amenidades.

Chamei a Joyce para jantar conosco esta noite também, para deixar o clima mais leve. Seria bom que outra pessoa alem de mim que Kyle conhecesse estivesse presente e achei uma ótima ideia.

— O que foi, filha? Algum problema?— ele perguntou parecendo preocupado.

— Não. Nenhum problema... é só que eu não te contei uma coisa sobre o Kyle...

Meu pai franziu o cenho e logo me apressei pra explicar.

— Ele não tem família. Só sei que a mãe dele morreu, mas é um assunto delicado e ele não gosta de falar muito. Então eu só queria...

Eu vi algo parecido com empatia transparecer no rosto do meu pai.

— Fique tranquila, filha. Não vou perguntar nada ao rapaz sobre a família dele.

Assenti. Sei que Kyle não estaria livre do interrogatório que meu pai o submeteria, mas tinha certeza que ele não tocaria nesse assunto.

— Obrigada, pai.

A companhia tocou e logo me apressei para receber meu namorado. Me olhei no espelho do hall de entrada e conferi minha bunda nos jeans que vesti para essa noite. Era um pouco estranho ele entrar pela porta, a janela era muito melhor para recebê-lo apropriadamente.

Abri a porta e eu o encontrei lá com seu sorriso malandro, lindo e simples como sempre. Kyle vestia uma camiseta branca lisa e jeans segurando uma caixa de uma confeitaria conhecida na cidade.

— Não sabia o que trazer, então decidi trazer a sua torta preferida de maçã e canela — ele disse.

Eu ri e aproximei dele, dando um beijo de leve nos seus lábios.

— Não precisava ter trago nada, amor. Obrigada.— agradeci.

Seus olhos brilharam quando o chamei de "amor". Talvez eu comece a fazer isso com mais frequência.

Segurei sua mão e o guiei para a sala de estar onde todos estávamos reunidos. Amelia foi a primeira a cumprimentá-lo de maneira calorosa e ficou encantada que Kyle trouxe uma torta para a sobremesa. Meu pai o cumprimentou cordialmente e Joyce soltou piadinhas a respeito da torta.

Meu pai parecia mais interessado em assistir o jogo de futebol dos Raiders do que em qualquer outro assunto. Amelia não faltava elogios a Kyle, ela tinha um talento para conversas sem se aprofundar em assuntos pessoais e os dois tinham em comum um amor por gatos.

Era engraçado assistir Kyle ouvindo as histórias do gato da Sra. Darhower, mãe de Amelia, que logo se juntou para jantar conosco. Ela era uma senhora já idosa
mas robusta, de cabelos grisalhos e bastante língua solta, porém agradável.

Enquanto eu assistia Kyle conversando com Amelia e a Sra. Darhower, tudo parecia muito simples. Kyle era um cara normal, sem problemas muito complexos com uma vida descomplicada.

Kyle tinha um dom em esconder segredos, quem o visse ali jamais imaginaria toda a bagagem que ele carregava nas costas. Em algum momento, bastante breve meu pai e Kyle conversaram um pouco sobre futebol e carros coisas da qual eu não tinha nenhum conhecimento.

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