Quarenta e Um

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Coloquei o copo de vidro na pia do banheiro depois de ter engolido o pequeno comprimido com água.

E sim, eu estava tomando anticoncepcional. Estava tomando todos os dias pela manhã, desde aquele dia. Jamais quero voltar a correr riscos, já bastou o susto da última vez.

Fitei meu reflexo no espelho do banheiro do apartamento de Kyle. Usando a camiseta dele, eu estava me sentindo bonita, meu cabelo parecia mais brilhante, meus olhos também e minha face estava corada, dando-me um ar saudável. Esse era o efeito Kyle.

Eu nunca me senti assim em toda a minha vida. Tão amada, tão desejada e tão bonita. Ele fazia questão mostrar sempre de maneira tão verdadeira e intensa.

Senti um arrepio subindo pelo meu corpo e senti braços musculosos se apertarem ao meu redor, em seguida lábios contra a pele do meu pescoço.

Tinha dormido fora de casa. Simplesmente mandei uma mensagem para o meu pai, dizendo que só voltaria para casa de manhã e ele respondeu apenas um "ok". Mas, eu sabia que não estava "ok".

Mas eu não me importava.

— Ainda está bem cedo. Dá tempo de a gente tirar um cochilo, antes de eu te deixar na faculdade. Você acabou comigo ontem.— ele disse sorrindo maliciosa.

Tivemos sexo. Um monte de sexo ontem à noite.

— Eu acabei com você? Tem certeza?— perguntei, levantando uma sobrancelha sugestivamente lembrando-o de quantas vezes fizemos sexo.

Foram tantas que perdi a conta na terceira vez.

Eu soltou uma risada rouca.

— Vai chegar o dia em que você vai me expulsar de sua cama, porque eu sou um animal maldito que não aguenta ficar longe de você.

Eu jamais expulsaria ele da minha cama, mas não disse isso a ele.

Eu queria tirar um cochilo, era terça-feira e só tinha uma aula pela tarde. Voltamos a nos enrolar em sua cama, ele deitou sua cabeça entre meus seios, com os braços ao redor da minha cintura e com as nossas pernas entrelaçadas, enquanto eu corria meus dedos por seu cabelo macio.

— Hmmm— ele gemeu.— Isso é muito bom.

Eu ri.

— Minha mãe costumava fazer isso quando eu era criança.

Paralisei. Aquela era a primeira vez que Kyle mencionava qualquer coisa de seu passado por livre espontânea vontade e não por pressão.

— Você tem muitas lembranças dela?— perguntei.

— Algumas.— ele respondeu.

— Eu nunca conheci minha mãe. Só vi ela por fotos. Ela era muito bonita — comentei, querendo que ele se abrisse comigo.

Ele levantou a cabeça do meu peito e fitou meu rosto.

— É claro que era, olhe só para você. Não consigo imaginar nenhuma mulher mais perfeita que você.

Sorri um pouco envergonhada, passando a mão de leve pela sua barba por fazer.

— Você também é lindo — falei olhando para os traços de seu rosto másculo e olhos incríveis.

Ele sorriu convencido.

— Nós vamos fazer lindos bebês um dia — ele pegou minha mão de seu rosto e beijou a palma.

Encarei-o me sentindo incrivelmente envergonhada. Isso não era nada parecido comigo.

RupturaOnde histórias criam vida. Descubra agora