Dezoito

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Quando acordei, ainda era de madrugada e os braços de Kyle ainda estavam a minha volta, o braço que estava em minha cintura me segurava com firmeza, como se não quisesse que eu fosse embora. Engoli seco e resisti a vontade de chorar, eu não era uma garota chorona, nunca fui, muito pelo contrário.

Eu tocava de leve com a ponta do dedo as tatuagens em seu braço que estava ao redor de mim. Não adiantava, eu já tinha acordado e não conseguia mais pregar o olho, com cuidado eu tirei o braço que estava ao redor de mim.

Deu tudo errado.

Tudo.

Por que tudo com ele tinha que ser tão perfeito? Isso só dificultava as coisas para mim, se eu tivesse mantido a minha palavra, quando disse a ele que queria que ele me deixasse em paz, talvez eu não estaria sentindo essa sensação esmagadora.

Agora eu estava ferrada.

Sem fazer nenhum barulho, me levantei da cama, recolhi minhas roupas do chão e me vesti. Fui até a sala onde minha bolsa estava jogada e peguei meu celular dentro dela. Eu não sabia para quem eu ligaria.

Joyce? Não. Eu não queria lidar com ela agora e nem falar sobre o que aconteceu.

Meu pai? É. Parecia a melhor opção, eu não gostava de ligar para ele enquanto ele estava dormindo para me buscar de alguma festa e com certeza não queria ter que responder o porque de eu estar nesse prédio.

Liguei para um táxi, enquanto descia as escadas do prédio, em meia hora depois, o táxi estacionou em frente a minha casa. Estava tudo escuro quando entrei, não acendi nenhuma luz e subi as escadas para o meu quarto.

Entrei no banheiro do meu quarto e fui tomar um banho. Eu não costumava demorar embaixo do chuveiro, mas dessa vez me permiti demorar um pouco, e tudo o que aconteceu com Kyle veio em minha mente com toda força. Sai do banho e vesti roupas limpas.

Tirei minha roupa e me encolhi debaixo do edredom e, então só assim consegui dormir. Acordei por volta de umas oito da manhã e depois desci para a cozinha, meu pai cortava pimentões e jogava no ovo cozido.

— Bom dia, pai.

Ele olhou por cima do ombro.

— Bom dia, filha. Que horas chegou? Não escutei você chegar.

Sentei no banquinho alto do balcão da cozinha.

— Meia noite e meia, por aí.- menti, eu devo ter chegado por volta das quatro.

Ele murmurou algo inteligível. Meu pai colocou os ovos em dois pratos e serviu café para nós dois. Enquanto ele lia alguma coisa em seu notebook, eu tomava meu café em silêncio.

— Hoje não irei almoçar em casa, vou almoçar com Kelly e Gregory, vai ter jogo dos Raiders contra o Kansas City — meu pai disse.

Gregory e Kelly eram amigos do meu pai e da minha falecida mãe desde a faculdade, algumas vezes meu pai ia na casa deles e eles viam para cá, para almoçar e assistir o jogo dos Raiders, time de futebol americano, do qual eles eram fanáticos.

Soltei um suspiro. Eu não tinha nada para fazer nesse sábado e não queria ficar em casa sem fazer nada, deixando meus pensamentos irem até ele, eu queria esquecer um pouco tudo isso.

— Posso ir com você? — perguntei.

Meu pai franziu a testa, surpreso.

— Tem certeza? Geralmente você fica tão entediada nesses almoços.

Dei de ombros e concordei com a cabeça. Era verdade, eu detestava essas reuniões e nem gostava de futebol americano mas eu não queria ficar em casa.

RupturaOnde histórias criam vida. Descubra agora