Vinte e oito

5.5K 593 111
                                    


Eu tinha voltado no domingo cedo para a minha casa. Meu pai e eu almoçávamos em silêncio na sala de estar, enquanto ele assistia o replay do jogo dos Raiders de ontem.

Meus pais nasceram no Alabama, então dava pra entender o porquê meu pai amava tanto futebol americano. Todo mundo no Alabama ama futebol americano.

Eu realmente não tinha nenhum interesse e empolgação. Estava mais do que entediada assistindo àquele jogo, que eu não conseguia entender absolutamente nada.

Meu pai olhou de soslaio para mim e sorriu.

— Quer que eu troque de canal?— ele perguntou.

Balancei a cabeça negativamente.

— Como está as aulas na faculdade?— ele perguntou puxando assunto.

— Boas.— respondi.

— Ainda com problemas em Cálculo III?— ele perguntou.

— Não. Um amigo está me ajudando.— respondi.

Era Kyle que estava me ajudando, mas é claro que ele não podia saber.

Meu pai assentiu com a cabeça. E franziu a testa.

— Kelly me disse que encontrou você no mercado, com o seu... hum... seu namorado?

Merda.

Eu tinha esperanças de que Kelly não iria comentar nada com meu pai.

— Era um amigo, pai.— respondi querendo encerrar esse assunto.

— Você sabe que pode me contar tudo não é? Sou seu pai e quero te apoiar em tudo. Até se você tiver alguém... especial.

— Pai...— falei desconfortável.

— Escute, filha... Oh Deus!— ele esfregou uma mão em seu rosto.

E reparei que sua mão esquerda estava sem a aliança.

A aliança dele com a minha mãe.

Franzi a testa.

— Eu queria tanto que sua mãe estivesse aqui para me ajudar com isso. Namorados... essas coisas. Só quero que saiba que quero o melhor para você, isso inclui uma pessoa especial e que te mereça.

Assenti.

— Você não está usando mais a sua aliança?— perguntei.

Ele piscou.

— Faz muito tempo que a uso. Decidi tirar.— respondeu.

Eu fiquei um pouco sentida pela minha mãe.

Como eu sou idiota! Estou sentindo por uma pessoa morta e que eu nunca conheci.

Como eu sou mesquinha e infantil.

Eu sempre quis que meu pai arrumasse alguém e fosse feliz durante todos esses anos. E agora que ele tira a aliança eu fico sentida? Eu deveria estar feliz por ele estar seguindo em frente, finalmente depois de todos esses anos.

— Eu digo o mesmo a você, pai. Você também merece uma pessoa especial ao seu lado, afinal faz dezenove anos que a mamãe faleceu.

Ele sorriu de leve e segurou minha mãe me dando um abraço.

— Você foi o melhor presente que eu recebi da vida. Eu te amo, filha.

O abracei forte.

— Eu também, pai. Muito.— eu disse.

Claro que eu amava. E admirava meu pai, ele foi forte durante todos esses anos sofrendo pela morte da esposa e criando uma criança sozinho.

— Convidei Amelia Darhower para jantar fora está noite.

RupturaOnde histórias criam vida. Descubra agora