O Caminho para a Escuridão

25 - Nova amizade

Foi a pior semana que tive, desde há muito tempo. Não conseguia dormir de noite, evitava sair do quarto, recusava comer e beber tudo o que me fosse dado e apenas saía da cama para ir ver o exterior que a janela do quarto me proporcionava.

Jaden visitava-me várias vezes por dia e sorria-me com imensa frequência, mas eu não conseguia suportar aqueles momentos em que ele estava ali, tão perto. Ele tentava dizer-me o quanto se sentia arrependido de me ter feito mal, só que eu não acreditava em nada do que dizia. Eu sabia que ele me mentia e não precisava de nenhum poder para saber isso, bastava que olhasse para os seus olhos e prestasse atenção aos batimentos cardíacos. Ele mentia-me e não sabia disfarçar as mudanças no corpo, quando o fazia. Só preciso fingir que as palavras me afectam, quando isso não acontece.

Ainda procuro um plano para escapar deste inferno, mas parece cada vez mais difícil de o fazer.

Uma semana depois, continuava na mesma, fechada neste quarto e sem comer, beber ou sair deste lugar.

Estava a ler o livro "A Culpa é das Estrelas", de John Green. Encontrei-o numa estante do quarto, juntamente com outros livros que eu gosto de ler. Fui bem vigiada, para saberem todos os meus gostos. Estava tão distraída, que quase não senti quando alguém entrou no quarto. Não me atrevi a olhar para saber quem entrara, porque não me interessava ver quem limpava o quarto, me trazia a comida e levava de volta a comida intocada ou as bolsas de sangue que me recusava a beber.

- Vai enfraquecer se não se alimentar, princesa. Sei que aqui está contra a sua vontade, mas tente animar-se. – ouvi a voz masculina falar a poucos centímetros de distância, bem ao meu lado. Foi aquela voz que me fez desviar os olhos do livro e encarar a pessoa que me falava.

- Fraca já eu estou, só de estar presa neste lugar. Sinto que a minha vida me larga um pouco mais, a cada dia que passo neste inferno. – fechei o livro, para dar a minha total atenção ao homem.

Parecia ser bastante jovem, era alto, tinha cabelo preto que não lhe chegava aos ombros e tinha uns olhos castanhos lindos. Não consegui perceber se era humano, anjo caído, vampiro ou lobisomem, mas isso também não importava nada.

- Não a posso tirar daqui, mas também não posso permitir que se prive da alimentação. Lamento estar a intrometer-me neste assunto, mas se comer será mais fácil para lutar. – aquelas palavras deixaram-me intrigada. Pousei o livro na mesa de cabeceira e sentei-me na ponta da cama, olhando diretamente para os olhos do jovem.

- Porque me está a dizer isso? Está a tentar insinuar-me alguma coisa? – questionei-o, com a desconfiança estampada na voz. Ele olhava para mim sem saber o que me poderia dizer.

Ficou em silêncio alguns segundos enquanto mantinha os s olhos presos nos meus.

Havia algo nele que me fascinava, mas não sabia o que era. Algo nele me dizia que podia confiar-lhe a vida, se fosse preciso.

Aquele olhar dizia imenso. Ele não precisava abrir a boca para falar. Mas eru queria saber tudo o que ele tinha para me dizer.

Respirei fundo.

Não me queria enganar sobre alguém novamente. Já me bastou o que Sabrina me fez, não me volto a enganar. Agora, terei cuidado a escolher as pessoas que se aproximam de mim.

Só queria regressar a casa, para os braços de Cloud. Só nos seus braços eu ia ficar bem, novamente forte.

As lágrimas queriam cair, mas não lhes dei permissão.

- Desculpe, não percebi o que me está a tentar perguntar... - respondeu, com medo. Alisou o cabelo com a mão esquerda, num sinal de nervosismo e isso ainda me deixou mais intrigada e desconfiada.