O Caminho para a Escuridão

29 - Dante

A minha dor foi amenizada com a revelação de Debra sobre o meu filho. Desde que o vi pela primeira vez, que desconfiei que ele podia ser filho daquela mulher. Os olhos são iguais aos dela, era bastante óbvio que fosse ele o fruto daquele amor que me consumiu e me transformou num ser melhor e mais humano. Aquela mulher foi a razão de ter doado milhares de Dólares à Corporação de caçadores da morena que cuidou de Cloud como se fosse seu e ainda o protegeu da melhor maneira.

Cloud passava imenso tempo no acampamento dos caçadores, na tentativa de se preparar para uma guerra, que eu via que não ia surgir. Ele estava decidido a matar Jaden e Sabrina, para resgatar Maggie. O amor que ele sente por ela é forte e cresce mesmo sem que ela esteja presente.

Pergunto-me se ela está bem, se consegue fugir ou se consegue lutar contra os seus raptores. Se ela conseguisse, sei que já nos teria contactado, de alguma forma. Apenas espero que ela esteja viva.

Estou no escritório, como sempre, a pensar em silêncio. Tento perceber como poderemos salvar a filha do meu irmão das mãos daquele monstro, que apenas a quer para atingir os objetivos traçados. Temo que ele a mate, se ela o contrariar. Jaden sempre foi instável e sempre ouvi rumores que matava quem o contrariava em algo que ele desejasse.

- O que faz aqui fechado, isolado desta maneira? – a voz feminina que falou atrás de mim, despertou-me dos pensamentos.

Virei-me para ver quem me dirigia a palavra e encontrei-a, de pé, a olhar para mim. Debra estava com o seu belo cabelo castanho solto e estava serena.

Ela tornou-se numa mulher fantástica, bela. Já se passaram alguns anos, desde que a vi pela última vez.

Usa um perfume doce, que me despertou a memória para uma época completamente diferente, mais feliz. Uma altura em que o mundo era menos negro. Uma época onde o meu coração conheceu novas emoções, ganhou uma nova vida.

Sorri-lhe antes de falar.

- Este é o meu pequeno refúgio. Quando quero pensar ou estar simplesmente em paz, é no escritório que encontro o que preciso. Vejo que não esqueceste o caminho para o escritório, querida Debra. – digo, sorrindo-lhe novamente. Não preciso forçar o sorriso com esta mulher, que me deixa mais leve só com a sua presença.

Sempre fui amigo do seu pai e vi-a crescer. A força de vontade e dedicação são qualidades que herdou do pai.

- Já nos conhecemos há quase 40 anos. Não me ia esquecer dos cantos deste lugar magnífico. Mas está bastante diferente de quando aqui vim com o meu pai, antes de morrer. Ele gostava imenso de si e ele nunca me falou mal de si. Não sabe o quanto eu lamento ter-lhe roubado o prazer de conviver com o seu filho, mas a minha prioridade era salvar um bebé de um vampiro perigoso. Eu não sabia que aquele bebé lindo era o seu filho. – disse. Baixou o olhar, como se eu a culpasse por ter cumprido a sua missão.

Levantei-me da cadeira e caminhei até ela. Diminui a distância que existia entre nós e segurei-lhe no rosto, pelo queixo. Queria que ela me olhasse nos olhos, sem medos ou culpas.

- Minha querida, nunca te culparia por cumprires o teu dever como caçadora. Nunca poderias adivinhar que se tratava do meu filho, porque eu nunca contei a ninguém que tinha uma família. Até porque fugi dessa família, quando me senti sufocado e assustado de continuar a viver com alguém que se fartaria do modo de vida que levo. – falei.

Queria que ela soubesse que não havia culpa no seu ato de amor.

– Criaste Cloud com muito amor e dedicação. Tornaste-o em alguém capaz de amar e de proteger humanos e demónios. Vi-te tornares-te numa mulher forte e linda, capaz de mover o mundo na tua direção. Como tu, nunca conhecerei ninguém.