O Caminho para a Escuridão

16 - Uma revelação dolorosa

Eu não disse que isto tinha tudo para ser difícil e doloroso? Pois, nunca pensei que tinha que andar de cabeça para baixo, fazer flexões até não me conseguir mexer, que tinha que lutar contra Sienna e o conde ao mesmo tempo... Sinto-me quase morta, no sentido literal da expressão!

Não aguento mexer mais nenhum músculo do corpo, mas não me deixam parar. Já levei pontapés de Dante, de Sienna e de Cloud.

Eles tentam ajudar, mas não consigo vencer 3 pessoas ao mesmo tempo. Todos me encaram, icentivando-me a atacar, a fazer algo qye lhes mostre que estou no bom caminho. Simplesmente não consigo. Faltam-me as forças.

Não consigo encontrar o bom motivo para estar a ser atacada por 3 pessoas fora do comum, extremamente fortes, que estão dispostos a ferir-me para me ensinar. Tudo por estes malditos poderes, que teimam em permanecer nas sombras, não se manifestando de forma alguma.

Sinto-me impotente, não sei o que fazer.

- Concentra-te! – gritou Sienna. A sua voz despertou-me do desespero, antes de me acertar com um murro, bem no estômago.

- Olha para os nossos golpes! – gritou o conde.

Treinar com eles é horrível. Sim, horrível! Eles são demasiado fortes, não os consigo atingir e ainda sou golpeada com imensa força e rapidez.

Sienna acertou-me em cheio no nariz, ao me dar outro soco com o punho esquerdo. Ao mesmo tempo, o conde dá-me um pontapé no estômago. Ambos me acertaram tão rapidamente, que não me consegui desviar dos potentes golpes.

Olho para Dante, que mantém sério. O fato de treino verde cai-lhe na perfeição, tem o cabelo preso com um elástico. Tem a pele brilhante, das gotas de suor que vão caíndo do rosto. Não me posso queixar de dores ou cansaço, porque ele não vai gostar da fraqueza da sobrinha.

Cloud prefere estar à distância, para que a minha concentração seja total. Ele sabe que não consigo lutar de verdade com ele. Não por o amar, mas por ficar demasiado nervosa com aquele olhar intenso, sério, imperativo sobre mim. Fracassar na presença dele corrói-me lentamente. O pensamento de falhar deixa-me com os músculos presos, sem reação, fraca (ainda mais do que sou).

Preciso libertar-me deste medo, se quero desbloquear a mente do tal feitiço que me fizeram, para proteger a minha identidade.

- Tens que antecipar os nossos golpes! Concentra-te nos nossos movimentos. – disse o conde, enquanto me estendia a fria, para me ajudar a levantar.

- Estou a tentar, mas vocês são demasiado rápidos... – respondi. – Eu estou cansada, cheia de fome e magoada.

Usar a mesma desculpa que usei com Cloud parecia descabida, mas precisava descansar. Este treino estava a ser demasiado duro e era apenas o primeiro treino no castelo, sob a alçada de Dante. As minhas palavras não surtiram qualquer efeito no vampiro, que me encarava com o mesmo olhar sério.

- O treino ainda não acabou. Tens que aguentar, porque no campo de batalha não haverá tempo para pausas. E sem os teus poderes, serás apenas uma humana com desejo por sangue. – explicou.

Estava demasiado sério. Percebi logo que não iria parar tão cedo. Não imaginava que Dante fosse um homem rígido, firme no que toca a treinos. Começo a acreditar que não vou sobreviver a este treino.

- Limpa o sangue do nariz, bebe água e vamos recomeçar.

Nem reparei que estava a sangrar, até o conde ter dito. Limpei o nariz, fui até à mesa onde estavam as garrafas de água, para beber um pouco de água. O cansaço era demasiado, mas tinha que terminar o primeiro dia de treinos. Não podia desiludir o homem que estava disposto a ajudar-me.