Eu Acredito

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Luzes acendiam e apagavam constantemente, como se houvesse um curto circuito. Gritos agoniantes e apavorantes ecoavam dentro de uma sala escura e úmida. Uma mulher era terrivelmente torturada ali a algumas horas.

O mau era uma energia presente ali, captavel e horrorosa. Sólido.

Um homem alto e negro, de cabelos enormes e cinzas. Com cicatrizes espalhadas por todo o rosto, se aproximava cautelosamente da vítima. Seus olhos eram penetrantes em meio a escuridão.

O homem recebia ordens para faze-la sofrer:

- De novo, Ecza! - ordenou uma outra voz, essa era grossa mas um tanto calma e serena. Como se a tortura que presenciava, fosse um belo e agradável espetáculo.

- Não, por favor, Gazu! - Suplicava a franzina mulher, desesperada e com muitas dores. Ecza, o homem negro, gritava mais uma vez e uma dor insuportável atingia as entranhas do corpo da tal mulher. Ecza era um berrador. Um psicco capaz de quebrar a barreira do som, emitindo agudas e poderosas notas vocais, capazes de causar dor e explosões internas a quem ouvisse.

A mulher assim que ouvira sentiu um dos seus tímpanos estourar, quase desmaiou com a dor insuportável, presa em uma corrente pelos braços, ela pende a cabeça para o lado e chora sentindo que o seu fim estava próximo. Fraca demais para implorar por piedade.

Gazu, esse que se aproximava da mulher, cuspindo em sua face, de forma covarde, a olhava com nojo:

- Onde ela está? - perguntou Gazu, segurando o rosto da tal mulher a sua frente.

- Eu não sei... eu não consigo ver onde ela está. Azkan deve ter colocado alguma barreira no monastério dele. Não consigo penetrar lá dentro. Eu já falei mais de duas vezes a você. - ela respondeu, chorando.

- Está mentindo, sua psicca suja! - Disse Gazu, louco de raiva. - Eu sei que está mentindo pra mim.

- Você é louco!

- E você é uma vagabunda qualquer, que eu tive o desprazer de encontrar caída em um beco. Você nunca foi de muita serventia para mim. Nem seus poderes são tão bons assim, sua sorte foi que é extremamente difícil de encontrar rastreadores, como você. - respondeu o gordo.

- E sua vidência, Gazu? Acha que eu não sei que seus dons estão ficando fracos? Preferiu corromper sua alma, sendo controlada pelo mau. - A mulher ousava a debochar de Gazu, que a olhava bufando pelo que ouvira - Você não enxergaria um palmo a sua frente.

A mulher o olhou fixamente dentre de seus olhos verdes penetrantes. Gazu possuía uma cicatriz no olho esquerdo, feito com uma garra de algum animal. Era ainda vermelha e muito profunda, como se tivesse sido feita recentemente. Apesar de ter acontecido em sua juventude, com seus vinte e poucos anos. Hoje, ele tinha 106, com uma aparecia de 40. Efeito da magia vodoo que ele utilizava incansavelmente.

- Cale-se! - Gazu estapeava o rosto da mulher, com força.

- Mesmo que eu soubesse onde ela está, eu nunca lhe diria. Ela é a nossa salvação. A porta para um mundo melhor. Um mundo onde demônios como você não exista, Gazu Wong.

- Ecza... - chamou Gazu, com seus olhos pulsantes e trêmulos. O homem se aproximou, com seus músculos se sobressaindo.

- Senhor? - Ele olhava para Gazu, esperando as suas ordens.

- Mate.

- Você vai perder, Gazu. - disse a mulher, em seus últimos segundos de vida.

Ecza gritou mais alto e então, ela sentiu seus órgãos explodindo por dentro, um à um. Uma dor insuportável invadiu seu cérebro e por fim, ela explodiu, literalmente.

Pedaços do seu corpo voaram para todos os lados. E o sangue dela jorrou para os rostos de Ecza e Gazu, cobrindo os dois.

- Vamos! - ordenou Wong, limpando o rosto com um lenço que ele retirara de seu paletó todo ensanguentado. Os dois caminharam até as escadas acima, saindo por uma porta e entrando dentro da mansão.

- E o que vamos fazer agora, senhor?

- Traga Bear e os feiticeiros até aqui. - ele respondeu.

- Sim senhor! - Ecza saiu pela porta e foi direto até o galpão onde os outros pssicos eram mantidos reféns. Lógico que com aqueles que eram rebeldes o tratamento era diferente do que aqueles que sentiam prazer em servir Wong. Ricos e cheios de regalias, enquanto os que não gostavam, viviam presos e com fome.

- Mei Shau! - chamou Ecza, por uma mulher sentada, com as mãos amarradas, em posição fetal.

- Sim, senhor?! - ela respondeu, baixo, sem nenhuma reação.

- Chame Bear e os feiticeiros. Diga que Wong quer falar com eles.

- Sim.. - disse a mulher. Ela se concentrou, e pendeu sua cabeça para trás. Seus olhos ficaram negros imediatamente, por alguns segundos. Ela tinha o poder de se comunicar com qualquer pessoa da terra, através de sua mente poderosa. - Pronto!

Ecza deu as costas e foi até seu alojamento tomar um longo banho, enquanto os outros ficavam no escuro e no úmido. O galpão era imenso. Fedia a mofo e havia várias selas com cadeados resistentes à força e a magia.

Recentemente havia um total de noventa e sete psiccos e místicos presos. Cada um com um poder específico para cada necessidade de Gazu. Já os místicos a maioria estavam ali porque deviam algo para ele. Além de tudo, Gazu ainda fazia acordo com feiticeiros de vodoo. Ele vendia almas em troca de sucesso, sorte, dinheiro e proteção.

Esses feiticeiros eram almas milenares que vagavam no oriente, bruxos que foram aprisionados pela ganância que tinham em vida.
Espíritos que não encontravam a luz e trabalhavam para conseguirem se alimentarem de almas humanas ou não.

Era um negócio um tanto perigoso mas o lucro era enorme para aqueles que não tinham nada a perder.

- Eu ainda vou sair daqui! - disse Foxy, um garoto ruivo, de olhos amarelos faiscantes.

- Foxy.. -dizia uma senhora, presa do outro lado - Desista dessa ideia, meu filho. Estamos presos aqui, para sempre.

- Nunca.. Vovó - Foxy tinha o poder de controlar o fogo. Ele o conjurava através de seus chakras e seu corpo funcionava como uma espécie de tocha. Incendiando em grandes proporções qualquer coisa que ele quisesse.

-Você é especial demais para se curvar diante a vingança, Foxy. Não vale a pena sujar-se assim.

A Filha Do Tempo - A queda de GazuOnde histórias criam vida. Descubra agora