A Filha Do Tempo - A queda de Gazu

Quem É Essa?

Eles retornaram ao monastério e tudo estava calmo, aparentemente. Os olhos de Bear se encheram de nostalgia ao percorrer por todo o lugar. Apesar de ter passado sua estadia no monastério de Hong Kong,

- Eu não me lembrava que era tão grande! - Exclamou boquiaberto. - O de Hong Kong é exatamente igual a esse.

Os dois se olharam com carinho e o monge se despediu com um "namastê" antes de adentrar as salas.

- Fique a vontade. - Ele disse.

- E os alunos quando me verem? Alguns sabem quem eu sou.

- Sei que dará conta, Bear. Você é carismático. - Brincou Jéhtro. - Boa noite.

Bear estava sozinho entre as linhas inimigas, não sabia quais seriam as reações das pessoas ao o verem ali. Pois ele tinha certeza que todos já ouviram falar dele, pelo menos uma vez na vida.

- Olá?! - Disse um monge, vindo ao seu encontro.

- Bruno? Ainda está aqui? - Bear olhava, surpreso. - Você certamente não se lembra de mim.

- Eu sei quem você é, meu rapaz. - cortou o monge, com um sorriso de canto. - E sem quem lhe trouxe até aqui. Vim ao seu auxílio.

- Claro. - Bear estava sem graça.

- Por favor, me siga até seu dormitório, temos muito o que conversar.

Os dois seguiram juntos até os quartos. Ainda era de madrugada então todos ali ainda estavam dormindo. Bear teve o privilégio de ficar em um quarto sozinho. Não por que ele era especial ou coisa assim, e sim por que Jehtró estava tentando impedir que outros alunos se sentissem amedrontados.

Aí entrarem no quarto designado a Bear, notou-se que tudo ali já havia sido preparado para sua chegada. Como se soubessem que ele iria concordar em retornar ao monastério:

- Sei que você ficou quase todo o tempo em nosso monastério da Tailândia mas saiba que esse aqui em Tokyo não é tão diferente do de lá, Azkan o construiu semelhante aquele, então não irá se perder com facilidade.

- É muito óbvia a semelhança, Bruno.

- Então sabe onde tudo fica por aqui, não é? Te deixarei a sós.

- Ótimo, obrigado. - respondeu Bear, passeando seus olhos pelos detalhes de sua nova moradia.

- Tome um banho quente e relaxe. Durma um pouco.

- Você disse que tínhamos muito o que conversar.

- Sim mas pela manhã! Agora você precisa descansar. O sono é o descanso sagrado de qualquer homem. E sei que você não o tem a anos.

- Não faço isso a um tempo, mesmo. Durmo no máximo alguns minutos.

- Então algumas horas de sono irão te fazer muito bem. - Concluiu o monge - Boa noite.

- Boa noite.

Estava tudo tão silencioso que Bear não demorou para pegar no sono após ter tomado um longo banho. Ao acordar pela manhã, notou que o silêncio havia acabado. O monastério mais parecia com o centro da china 🇨🇳, de tão barulhento.

O rapaz se levantou e colocou o uniforme do monastério, que estava em cima de uma mesinha ao lado de sua cama. Assim que se arrumou, logo saiu do quarto dando de cara com um monte de gente. Alunos que estudavam ali.

A cada passo que ele dava, alguém parava para olhar o "novato" que estava entre eles. Ao reconhecerem aquele rosto, algumas pessoas se afastaram com medo.

Um cochicho invadia os ouvidos de Bear: " O que ele faz aqui?" " Como Azkan deixou ele entrar?" " Fomos invadidos? " " Foi ele quem nos traiu"

E uma voz, um tanto memorável, interrompeu o foco de Bear em seguir caminho até o refeitório :

- Você? - disse Philip, espantado .- O que faz aqui?

- O mesmo que você, eu suponho. - Respondeu Bear, seco.

- Você tentou me matar.

- Se eu quisesse te matar, eu teria matado.

- Algum problema aqui? - Perguntou Rhea, aparecendo do nada.

- A filha do tempo. - Bear se alegrava, com um sorrisinho de canto. - Muito prazer em conhece-la oficialmente.

- Ouvi muito sobre você, Bear.

- Ora, vejo que não é mais a mesma psicca crua de antes.

- Eu estou aprendendo tudo o que tenho para aprender.. - Retrucou Rhea, encarando Bear. - E o que você faz aqui?

- Eu estou aqui para ajudar.

- Eu conheço você. E sei que a última coisa que você vai fazer é ajudar.

- Você não me conhece, viajante. Só ouviu boatos sobre a minha pessoa. O que eles pensam de mim não é quem eu sou.

- Se machucar alguém aqui, Bear, eu vou atrás de você. Pode ter certeza. - Bear riu e deu as costas, saindo sem dizer uma palavra ou olhar para trás.

- O que ele faz aqui? - Perguntou Prexton, olhando para sua amiga.

- Eu não sei! - respondeu Rhea - Mas quero descobrir.

- Ele não é uma boa pessoa. - Philip disse, ao chegar perto de Rhea - Quase te matou quando tentou falar com a Melanie.

- Quem é Melanie? - Perguntou Rhea, confusa.

Philip certamente havia soltado uma informação que não deveria no calor do momento. Ele se esquecera de que Rhea havia apagado sua memória sobre aquilo.

- Não é ninguém. - Philip dizia, nervoso.

- Rhea? - Disse Morelli, interrompendo a conversa. Ao olhar para trás, Rhea sentiu seu coração quase sair pela boca ao ver a loira.

- Morelli!! - Disse ela, abraçando-a. - Como você está?

- Ainda meio zonza mas estou bem melhor.

- Tive tanto medo por você. - Os seus olhares se cruzavam após desfazerem aquele abraço tão caloroso. A vontade em beija-la era absurdamente grande mas Rhea se segurou ao máximo, pois estava na presença de muita gente ali.

- Eu também fiquei com medo. Medo de nunca mais te ver de novo.

- Rum-rum - pigarreou Philip, chamando a atenção das duas. - Eu vou comer algo. Até mais.

- Depois podemos conversar sobre aquilo?

- Acho que sim! - Respondeu o garoto - Bom te ver, Morelli.

- Obrigada, Philip.

- Até mais! - Disse ele, saindo de perto das duas.

Morelli e Rhea se abraçaram novamente, em uma calorosa demonstração de afeto. Era nítido a saudade que ambas estavam sentindo uma da outra.