A Filha Do Tempo - A queda de Gazu

O Poder Sobre Mim

Não demorou muito para que Morelli reaparecesse na sala onde Melanie estava dormindo. A loira saiu do quarto e andou pelo corredor até encontrar Rhea sentada no chão, abraçada com suas próprias pernas, soluçando de tanto chorar:

— Você está bem? — Morelli perguntou, mesmo sabendo a resposta.

— Onde você a deixou?

— Na casa dela — respondeu Morelli, sentando-se no chão também. — Não se preocupe, o monge garantiu que ela estaria em segurança.

— Comigo longe... Tenho certeza disso.

— Posso perguntar uma coisa?

— Claro...

— Se ela era tão importante assim pra você, por que a magoou? — Morelli lançou, sem muitos rodeios. — Quero dizer, eu não estou tentando julgar, só entender mesmo.

 Rhea, enquanto limpava suas lágrimas, respirava fundo tentando entender internamente o que realmente a levou ser o que foi para Melanie.

— Eu não sei... acho que no fundo eu não sou um pessoa ruim mas cometi atos que me fazem parecer ruim, entende? Eu sempre amei a Melanie mas sempre pareceu que ela não era o suficiente. Como se eu tivesse sede de uma agua que não me satisfazia. 

— É a primeira vez que isso acontece, não é?

— O quê?

— Sua crise de choro. Parece que nunca fez isso antes — disse Morelli. — Mas é bom, limpa a alma da própria angústia. Isso dá a impressão de que está pronta para seguir em frente.

— Tomara que sim. Não sou muito de chorar, então a sensação é de que estou à beira da morte — respondeu Rhea, limpando as lágrimas.

— Você acha que ela não te ama mais?

— Tenho toda a certeza do mundo!

— Como pode ter?

— No futuro, poucos dias após nossa filha completar 5 anos de idade, ela me pegou na cama com outra garota... Ele não fez nada, apenas me olhou nos olhos e perguntou o por quê... depois disso tudo foi se tornando uma avalanche até que ela me pediu divorcio e eu tentei inúmeras vezes voltar no tempo e fazer com que nada desse errado. — Respondeu a viajante. — Mas sempre algo saia do eixo e ela sempre voltava a me odiar. Então comecei a voltar no tempo para reviver nossas lembranças, os momentos felizes... Eu sou uma droga de pessoa.

— Eu não acho que seja!

— Depois de me conhecer melhor, você vai ver do que estou falando — respondeu Rhea. — Mas já adianto que é melhor ficar longe de mim.

— Não sei se é possível, já que vamos ser colegas de quarto...

— O quê? Como assim! Eu vou ter que ficar aqui?

— Sim... O monge Jehtró não te contou? Você é aluna do monastério de Azkan, agora.

— Quem?

— Depois te explico melhor. Aliás, vem, tenho que te levar até seu dormitório.

— Não... quer dizer, eu não posso ficar aqui. Eu tenho uma vida, eu nunca fiquei no passado tanto tempo assim. — disse Rhea, ao se levantar do chão. — Será que alguém nesse lugar vai me explicar o que eu estou fazendo aqui?

— Você não entendeu, não é? — Morelli perguntava encarando a viajante. — Você não pode sair daqui. Está sendo caçada, D'onson. 

— Caçada... por quem? O tal do Gazu? 

— Ah... Então Philip estava certo, você não tem ideia do que está acontecendo, não é?

— Não... mas estou começando a ficar apavorada... até ontem eu não sabia que outras pessoas também tinham poderes além de mim. — respondeu Rhea, arfando.  — E quem é Philip?