Kadampas

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Mara caminhava dentre a floresta, rumo aos confins do monastério Azkan, que se encontravam no topo de um morro bem alto, logo após a muralha. Por onde o demônio passava, criaturas malignas se moviam em sua direção. Saindo de todos buracos e árvores podres. Saiam de qualquer escuridão fria e gelada.

Uma espécie de almas perdidas que vagavam por ali, sem rumo. Esperando por alguma chance.

No esconderijo de Gazu, Ethan Wong, descia as escadas do porão onde pisiccos e místicos eram mantidos em cárcere, todos acorrentados.

- Finalmente. - Dizia ele, andando dentre as celas. - ... Chegou o dia em que suas vidas valeram algo para nós. Uma batalha se aproxima e vocês iram lutar ao lado do honorável Wong, até a morte. Aqueles que sobreviverem poderão ganhar sua liberdade. E se vencermos... Grandes riquezas aguardam aos que forem, de fato, merecedores.

- Não vamos lutar ao lado de vocês. - disse um garoto agarrado a grade de sua sela. Encarando fixamente Ethan. - Eu prefiro morrer a ter alguma lealdade ao seu pai.

- Cale-se, seu Kadampa imundo. - Retrucou Ethan, socando a ponta do nariz do garoto - Talvez vocês não se recordem da magia profunda. Vocês tem a marca de Gazu em suas almas. Aqueles que não lutarem a nosso favor, terá uma morte lenta e seu espírito aprisionado pelo demônio Mara. Isso significa que vão sofrer todos os dias pelo resto da existência, todos os dias arderam sob o fogo do limbo

- Quando será a batalha? - Perguntou um senhor, que estava sentado no fundo da sela no fundo dos corredores.

- Hoje mesmo. Tudo está sendo preparado. E quando a chama de Mara se acender, Azkan ira cair e a filha do tempo será nossa.

- Estaremos preparados! - Disse o senhor. - Conte conosco, Ethan Wong.

- Mas mestre Atiha... - Contestou o garoto que havia sido agredido segundos antes. - Não podemos ser coniventes a isso. E os seus ensinamentos?

- Quieto Foxy. - Disse o senhor, com a voz rouca de cansaço - Nós vamos fazer o que Ethan e Gazu pedirem.

- Escute o velho, garoto! - Disse Ethan, encarando agora Foxy. Você não tem nada a perder. Já é um fracassado, pelo menos terá a chance de ser alguém.

Ethan Wong apagara as luzes do corredor e subiu as escadas ao encontro de seu pai. Os dois sentaram na enorme mesa de pedra. Onde os feiticeiros preparavam seus vodoos de proteção. Gazu estava realmente se preparando para tudo e qualquer coisa.

- Mei Shau? - Disse Atiha, chamando a mulher da sela ao lado.

- Sim, mestre Atiha? - Ela respondeu, com a voz fraca.

- Consegue se comunicar com alguém do monastério Azkan?

- Tem... Tem um vidente lá dentro. Posso tentar contacta-lo. -Respondeu a mulher. - Mas estou fraca.

- Mas tente! - Disse Foxy. - Precisamos de você. Por favor... - Ele suplicava.

- Avise sobre a batalha, Mei. E que lutaremos ao lado de Azkan.

- E se Gazu descobrir sobre nossa traição, Mestre Atiha? - Perguntara Foxy.

- Gazu está com os feiticeiros, certamente não está prestando atenção em nós, agora. Caso contrário já estaríamos mortos. Sua vontade de poder o cega. Essa é a nossa vantagem.

- Certo... - Disse Mei Shau.

Os outros pisiccos olhavam com atenção para o que estava prestes a acontecer. Mei Shau pendia seu pescoço para trás e seus olhos imediatamente ficaram negros. 

Ela entrara em contato.

Philip descansava de baixo de uma macieira após sua aula de chakras avançados, quando ouviu bem ao longe a voz de uma mulher que ecoava dentro de sua cabeça. Era uma voz cansada e bem rouca, porém ansiava para que tomassem cuidado pois demônios tentariam entrar no monastério Azkan ainda essa noite . Philip acordou de seu transe, desesperado.

O rapaz correu pelo jardim de meditação até a sala onde os monges ficavam. Mas no meio do caminho esbarrou no ombro de Bear.

- Eu, cuidado. – Disse Bear, pegando a xicara que caíra de suas mão com o impacto .

- Desculpa, cara.. -Respondeu Philip, ofegante .

- O que foi ? Você não parece estar bem.

- Vamos ser atacados... Gazu esta vindo . – Respondeu Philip – Preciso avisar os monges ou vamos todos morrer.

- O que? Teve uma visão?

- Não. - Respondeu Philip, assustado - Uma mulher... Ouvi a voz de uma mulher. Uma senhora, cansada.

- Mei Shau... – Disse Bear – Precisamos agir rápido.

- O que?

- Se eles estão vindo para cá e se os prisioneiros vão lutar, a barreira onde eles ficam presos deve estar quebrada. - Disse Bear, eufórico - Eu já volto. Avise os outros.

Bear se concentrou e começou a fazer os mudras com suas mão. Primeiro o mudra do espaço . Depois o mudra do tempo. Seguido pelo mudra da expansão e por fim o mudra do conhecimento. Bear simplesmente desaparecera, deixando apenas uma luz que se desfez aos poucos. Philip correu para a sala dos monge a assim que Bear desaparecera de sua frente.





*Mudras são gestos que nos permitem sintonizar com frequências específicas de energia do Universo.

A Filha Do Tempo - A queda de GazuOnde histórias criam vida. Descubra agora