O Desencadear De Uma Geração

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As sirenes ecoavam por todo o lugar, um barulho irritante de pessoas gritando e correndo para lá e para cá. Um fugitivo estava em fuga pelos canos de esgoto da maior prisão de Hong Kong.

— PEGUEM ELE! — gritava um dos guardas da prisão, enquanto os outros se apressavam para ocupar todas as saídas possíveis. — VOCÊ NÃO VAI CONSEGUIR ESCAPAR!

E eles estavam certos, era impossível escapar! Tudo estava ocupado, e as saídas estavam vigiadas por guardas altamente armados até os dentes, pois a prisão era de segurança máxima.

— Ora, ora, ora! — disse o chefe de segurança, ao perceber que o fugitivo não tinha mais escapatória. — Parece que você não tem para onde ir!

— Será? — respondeu o fugitivo, com um riso de canto. — Acho que o senhor está enganado.

— E para onde você iria, meu rapaz? Todas as saídas estão cercadas.

— Eu posso ir para onde eu quiser.

— Tente! — desafiou o chefe de segurança.

— Ok! — respondeu o fugitivo. Ele, então, fechou os olhos e se concentrou em um lugar distante dali. Logo, um clarão tomou conta de seu corpo, e ele desapareceu. O chefe de segurança, incrédulo com o que viu, começou a gritar com os outros guardas. Mas todos tinham visto a mesma coisa.

— TODOS VOCÊS, ALERTA GERAL. QUERO QUE VASCULHEM AS RUAS, OS BAIRROS, A CIDADE TODA SE FOR PRECISO. VIREM HONG KONG DE PONTA CABEÇA!

Enquanto isso, no mesmo instante, o fugitivo reapareceu em um pequeno vilarejo, um pouco distante de Hong Kong.

— Lar doce lar — disse ele, em voz alta.

Ao entrar em sua antiga residência, o fugitivo foi direto para o banheiro e tomou um banho demorado e relaxante. Afinal, tinha passado a manhã inteira correndo pelos esgotos da prisão.

Seu corpo, totalmente musculoso e rígido, estava cansado e um pouco desidratado. Após terminar o banho e se trocar, ele devorou uma série de frutas que pegou no quintal de sua casa e na dos vizinhos também.

Ficou sentado em um banco, admirando a plantação de arroz à sua frente, enquanto comia uma cesta de maçãs verdes.

— Não sabia que estava de volta — disse um homem, saindo de dentro da porta dos fundos.

— Ethan Wong, como vai?

— Vou bem, Bear — respondeu Ethan. — Meu pai deseja vê-lo imediatamente.

— Sério? — riu Bear. — E depois você diz que não sabia que eu tinha voltado. Você é bem sarcástico, Ethan.

— Siga-me, por favor. E sem gracinhas, Bear.

— Não posso nem terminar de comer minha maçã?

— Não! — respondeu Ethan, ríspido.

— Tudo bem, então.

Os dois seguiram até o carro preto estacionado à frente da pequena casa de Bear. Ao entrarem, o carro logo seguiu viagem até o centro de Hong Kong, em um beco totalmente escuro e cheio de homens armados com pedaços de pau, facas, armas e soco inglês.

— Siga-me, é por aqui! — disse Ethan, ao sair do carro.

— Eu sei onde é, já vim aqui milhões de vezes, Ethan. Esqueceu?

— Eu disse sem gracinhas, ou você é surdo?

— Vejo que ainda mantém a pose de alfa, não é? Como é se sentir frustrado por ser o menos valioso na vida de seu pai? — Bear dizia, com um certo sorriso no rosto, sabendo que aquilo cutucava a ferida de Ethan.

— Cale a boca — disse Ethan, ao tentar dar um soco no rosto de Bear, mas este era bem treinado em lutas marciais e se esquivou do soco com facilidade, dando uma rasteira e derrubando Ethan em seguida.

— Já chega! — exclamou um homem, todo engravatado, saindo de uma porta de madeira com um gorila talhado na frente.

— Honorável Wong! — disse Bear, reverenciando a presença de Gazu.

— Pai! — exclamou Ethan, tentando se levantar rapidamente do chão. — Me desculpe.

— Ethan, vá para dentro! Seus serviços não são mais necessários.

— Sim, senhor — respondeu Ethan, se reverenciando. — Com licença.

Ao ver seu filho entrar, Wong pediu que Bear o seguisse até seu escritório.

— Minhas coordenadas foram úteis, Bear?

— Com toda certeza, senhor. Vejo que suas habilidades com a vidência estão cada vez melhores.

— Fico feliz com o elogio! — exclamou Wong, ao acender um charuto. — Mas sinto muito por não ter avisado sobre as saídas. Queria ver se você ainda era habilidoso.

— Espero que o senhor tenha se convencido.

— Me convenceu, como sempre.

— E então, senhor, em que posso ser útil?

— Você é o melhor buscador que eu já tive, Bear. Suas habilidades em se mover pelo espaço e tempo são de muito agrado para mim.

— Fico honrado em saber disso, senhor.

— Então, estou a lhe fazer um acordo.

— Estou todo ouvidos.

— Uma garota em San Francisco apareceu mostrando ter uma habilidade impressionante. Ouvi dizer que os monges preveram o nascimento dela e o desencadeamento de uma geração inteira, uma profecia...

— E qual é essa habilidade? — perguntou Bear, curioso.

— A viagem no tempo!

— Achei que eles estavam extintos. Um viajante do tempo não nascia há quinhentos anos ou mais.

— Essa não é bem a minha cobiça. A viajante possui um segredo que poderia acabar com todo o meu império.

— Um segredo?

— Ela é a filha do Tempo. Não só uma viajante. Se os monges estiverem certos quanto a ela, pode-se esperar que ela libertará todos os psíquicos e místicos. Está em seu destino. Entende o meu medo?

— Sim, senhor — respondeu Bear. — Mas, sem querer parecer desrespeitoso, o que o senhor faria com ela?

— Tentaria fazer com que ela estivesse ao nosso lado. A filha do Tempo em meu poder me daria o controle de tudo. O controle do mundo inteiro. Caso contrário, eu a mataria e isso cessaria o problema.

— Ela é uma celestial? Um Deus ou algo assim?

— Ela é a encarnação do tempo vivo. Praticamente a pessoa mais poderosa existente na terra.

— Incrível, senhor!

— Então, o acordo é você trazê-la até mim... E em troca, eu lhe dou sua liberdade. Você será livre da minha maldição.

— M-Minha liberdade? — perguntou Bear, não acreditando no que ouvira. Ele havia passado a sua existência na maldição de Gazu, sem controle sobre suas próprias vontades. Bear passara a vida procurando e capturando outros de sua espécie.

— Exatamente!

— Onde ela está?

— Pelo que eu soube, está viajando no tempo, pelo ano de 2008.

— Sim, senhor. Eu a trarei aqui, pode ter certeza disso.

— Espero que não haja traição de sua parte.

— Como é, senhor?

— Não me decepcione, Bear. Ou eu mato aquele garoto.

— Não! — Bear ficou nervoso ao ouvir aquilo sobre seu amigo. Certamente não desejava a morte dele em nenhuma circunstância. — Eu jamais decepcionaria o senhor.

Bear fixou sua mente e logo seu corpo desapareceu. Ele começara suas buscas.

A Filha Do Tempo - A queda de GazuOnde histórias criam vida. Descubra agora