Seis

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A festa não acabou muito tarde afinal na manhã seguinte tínhamos treinamento e nem meu pai nem o tio Marcos abriam mão de um dia de treino, deve ser por isso que nossa equipe era tão forte.

Cheguei na academia ainda com sono,  passei boa parte na noite rolando na cama pensando na Débora.

Assim que entrei no vestiário já dei de cara com ela e com a Paulinha falando baixinho e rindo.

-Bom dia.

Saudou-me a Débora.

-Bom dia.

Respondi bocejando.

-Dormiu não bela adormecida?

Perguntou a Paulinha provocando.

-Não, passei a noite quase todo da pensando na... Freei a língua antes que saísse o nome de Débora de meus lábios. -... Na vida!

Concluí sob os olhares curiosos.

-Pensei que o gatinho tinha entrado pela janela e te deixado acordada a noite toda!

Provocou novamente a Paulinha me fazendo corar.

-Só se fosse pro meu pai cortar ele com uma espada!

Respondi rindo entrando em um dos reservados pra me trocar.

De lá ouvi a gargalhada de Paulinha cheia de zombaria.

Sai usando apenas o shitabaki, que é a parte de baixo do kimono, e uma blusa branca com a logo da academia e atrás o meu nome.

-E esse é o único motivo pra vocês ainda não terem transado?

Perguntou Paulinha me provocando, ela sempre fazia isso, parecia até que tinha feito um pacto com o Guto pra me convencerem a transar com ele.

-Ah Paula, esse assunto de novo? Por favor neh!?

Eu disse pegando minha mochila e saindo do vestiário sob o olhar intenso de Débora.

Eu tentava me concentrar no treinamento, mas me pegava por vezes pensando nela.

-Thay!?

Chamou meu pai pela enésima vez eu acho.

-Oi!

Disse sobressaltada.

-Vá colocar as luvas pra lutar.

Disse ele paciente como só ele era.

Eu alcancei minha mochila e peguei as luvas dentro dela assim como o protetor bucal e as caneleiras, eu me preparava pra subir no tatame quando olhei pra minha adversária, eu devia está mesmo no mundo da lua  porque eu não havia percebido que era justo ela!

Para todos eu deveria está me sentindo honrada em lutar com uma campeã Mundial, com uma atleta de nível internacional, mas naquele momento eu só conseguia me lembrar  das coisas que ela havia feito comigo durante toda minha vida, com excessão da noite passada, mas estava ali uma boa chance de me vingar, dando uns bons socos e chutes.

Todos da academia pararam pra ver aquela luta, não era apenas as filhas de uns se não dos melhores professores e técnicos do Brasil, mas também era uma luta entre as melhores atletas em suas categorias em todo Brasil e meu objetivo era ser sempre melhor!

-Shobu ippon Hajime!

Disse Tom, um dos atletas da academia que conduziria a luta como árbitro principal, o auxiliar era o Guto, nossos pais apenas observavam o embate de longe, analisando nossas técnicas e corrigindo nossas falhas.

Nos cumprimentamos e começamos a luta, com finta, não desperdiçamos golpes sabemos como técnica e explosão tem que andar lado a lado, nossa movimentação era boa, mas nenhuma de nós duas ousava golpear primeiro, foi quando vi Débora crescer na minha frente ela movimentou o corpo pra um lado depois para o outro puxou o corpo para trás e quando eu pensei que seria uma boa hora pra golpear-la porque sua guarda abria enquanto ela se movia tive uma grande surpresa ao vela crescendo a minha frente, sua explosão corporal era intensa, mas ela não me golpeou, passou por mim eu não entendi até senti seu pé catando o meu numa linda "Ashi Barai", um tipo de rasteira só que com técnica para não machucar, uma "ashi barai" mal dada significava uma provável lesão, quando senti a queda me agarrei na Débora e caímos as duas no tatame, ela por cima de mim. Os outros atletas vibravam com a cena. A luta foi interrompida e depois reiniciada, só depois de mais trinta segundos sem atacar fomos punidas e arriscamos um golpe, mas sempre com cautela, Débora era boa, mas eu também era e num movimento ousado num golpe que eu sempre gostei por ser rápida fui surpreendida por uma linda defesa que me levou ao chão aproveitando meu vacilo Débora fez o ponto levando todos a loucura bem no exato momento em que a luta chegava em seus últimos segundos.

Declarada a vencedora da luta nos cumprimentamos e deixamos o tatame para a próxima luta.

Por Trás Da Cortina (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora