Sete

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Nós sentamos no chão próximo ao tatame para assistirmos a próxima luta, Paulina e Jéssica, a luta eterna.

-Você melhorou muito!

Me elogiou Débora sentando ao meu lado, atraindo o olhar desconfiado do Guto.

-Tive tempo de me dedicar ao karatê já que não tinha você pra atrapalhar minha vida.

Respondi grossa sem olhar para ela.

-Você não vai mesmo baixar a guarda não é?

Me perguntou ela.

-Não.

Respondi olhando para ela.

Seu rosto estava sem expressão parecia apenas longe.

Mais dois minutos se passaram e uma nova luta começou, desta vez Tom e Guto iam lutar e por isso eu Débora fomos arbitrar a luta, já que eramos as mais experientes, a luta foi fácil o Tom ganhou do Guto com dois ippons em menos de um minuto.

No fim das lutas, houve mais um pouco exercícios e logo em seguida o fim do treino, eu estava exausta por não ter dormido bem.

Fui pra o vestiário correndo queria sair de lá antes das outras chegarem, mas para meu desespero assim que abri a porta lá estava Débora usando somente o short cotton e o top do mesmo tecido, todas nós usamos esse tipo de combinação, alguns kimonos são mais transparente e mesmo assim é mais confortável, mas eu não pensava em conforto quando me deparei com o corpo musculoso da Débora no vestiário e o pior ela estava sozinha.

-Pode entrar eu não mordo.

Disse em tom zombeteiro.

-Eu não disse que mordia!

Eu disse baixinho tentando evitar olhar para o corpo dela, que parecia não se importar com a breve exposição do corpo atlético.

-Mas tá com cara de que quer me morder...

Devolveu com a maior cara de safada que me arrepiou toda.

Eu não respondi apenas entrei no reservado e me troquei, assim que estava pronta sai como um foguete do vestiário já lotado.

Do lado de fora respirei fundo e já fui indo embora sem esperar ninguém.

Já em casa tomei um longo e revigorante banho, depois fiz minhas tarefas da escola depois me deitei na minha cama pra tentar dormir, mas o som insistente de um violão me impediu de realizar me plano perfeito de dormir, me levantei pra fechar a janela e parei, na outra janela sentada na beirada estava Débora, tocando violão e cantando em japonês, a cena foi graciosa, eu já tinha esquecido que nossas janelas eram lado a lado, nossas famílias eram amigas há umas três gerações.

Ainda lá olhando a Débora cantando nem percebi que o Thi tinha entrado no meu quarto, ele tinha essa mania terrível.

-Bisbilhotando maninha?

Perguntou ele deitando em minha cama.

Eu me assustei dando um pulinho dando as costas para a janela encarei o Thi.

-Não! Eu tava só passando... E... Enfim o que você quer aqui?

Perguntei cruzando os braços sobre os seios.

-Hum... Que seja.

Disse ele com desdém.

Eu continuei esperando ele falar mas ele não falou só ficou lá jogadão na minha cama.

-Vamos Thi você já está tirando minha paciência!

Esbravejei.

-Tá toda nervosinha hein!?

Disse ele olhando pra mim irônico.

Olhei para o Thi tentando entender o que ele estava fazendo ali, ele não costumava ficar perto de mim, nem conversar, nem frequentar meu quarto, apesar de gêmeos éramos distantes.

-O pai e a mãe estão discutindo...

Disse ele depois de um tempo.

Eu me sentei do lado dele e prestando bem atenção pude ouvir a voz grave do meu pai.

-Eles vivem brigando agora!

Comentei olhando para o Thi que estava com um olhar distante.

-Não sei porque as pessoas se casam, têem filhos pra depois fazerem essa palhaçada, parecem que não pensam no filhos!

Desabafou ele olhando pro nada.

-As pessoas se casam por amor, tem filhos para construir uma família, deixar sua descendência na terra, se em algum momento esse relacionamento não dá certo tem mais que seguir a vida em frente...

Eu disse.

-E os filhos?

-Ah, nós não somos mais crianças, Já já completamos dezoito anos, já está mais que na hora de cortar o cordão umbilical.

Thiago ficou olhando pra mim por um bom tempo antes de sorrir.

-Até que as vezes não é tão horrível ter você como irmã.

Disse ele com deboche.

Eu ri junto não levando em consideração o que ele havia dito, eu sabia que no fundo ele me amava, só não sabia como botar os sentimentos pra fora, tinha gente que tinha um jeito estranho de amar.

Por Trás Da Cortina (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora