Quarenta e Cinco

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Thay fazia suas malas enquanto seu pai falava sem que ela desse atenção, Débora a esperava dentro do carro do lado de fora porque Thay havia pedido que ela o fizesse.

-Filha por favor, não vá, não assim, vamos conversar seu pai está de cabeça cheia, podemos resolver isso com calma.

Implorava a mãe de Thay.

-Não! Eu cansei de ceder a ele! Disse apontado o dedo para a direção do pai que era segurado por Thiago, impedindo que ele invadisse o quarto da irmã.

-Deixa essa aberração ir embora! Ele gritava. -Eu que não a quero mais aqui!

-Filha... Sua mãe chamou-lhe a atenção. - Seu pai está fora de si, não de ouvidos ao que ele fala... Vou ajudar você com suas malas já que quer partir, mas não esqueça que a amo e que as portas dessa casa estarão sempre abertas...

-CLaro que não estarão, não enquanto eu morar aqui!

Ele cuspiu as palavras.

-Então vá embora, a casa é minha! Ela gritou deixando todos mudos.

-Não se atreva sua...

Ele partiu pra cima dela e Thiago se pôs na frente.

-Não se atreva a tocar em minha mãe, se ao menos tentar eu juro que perco o respeito e acabo com a sua raça!

Por uns segundos todos ficaram tensos e se encarando então André vencido por ser minoria deu as costas ao três e saiu de casa furioso batendo a porta ao sair. Um silêncio incômodo se fez no local até que ouviram-se gritos, os gritos de Débora!

Assim que saíram viram André os as mãos em volta do pescoço de Débora e logo em seguida Marcos o acertou em cheio.

André cambaleou pra trás por causa do impacto do soco e os gêmeos correram na direção de Débora.

-Você está louco André?

Vociferou Marcos.

-Não, loucos estão vocês por aceitarem essa pouca vergonha!

Gritou ele de volta furioso com uma das mãos no rosto.

-Pouca vergonha é o que você está fazendo André! Pra que você criou sua filha? Pra ser uma mulher honesta? Trabalhadora? Independente? Porque é tudo isso que eu vejo, uma mulher cheia de força, que tem mais de você do que qualquer um aqui gostaria de admitir. Suspirou pesado pegando Thay pela mão. -Olhe pra sua filha André ela não mudou nada só porque é Lésbica, eu ainda olho pra ela e vejo a garotinha que odiava laços, mas usava pra agradar... Eu ainda vejo a atleta excepcional que só não desistiu do Karate pra agradar você. Mas eu vejo além disso também, eu vejo a mulher espetacular que ela se tornou...

-Cala a boca! Gritou.

-Não! Eu não vou me calar, nós sempre sonhamos em um dia nossos filhos se casarem e nossa família se tornar um só, agora me diga a diferença de sua filha casar com Débora ou Gustavo? Porque pra mim não há diferença, o amor não tem cor André, não tem gênero, não tem religião... Me surpreende você que enfrentou todos sua família pra casar com sua esposa e hoje recrimina sua filha somente por amar diferente, se você não a respeita e não a aceita então é melhor você sair da vida dela, ninguém merece uma pessoa amargurada estragando sua felicidade!

Todos ficaram em silêncio olhando os amigos de longa data se encarando sérios aguardando a resposta de André que não veio ele apenas se dirigiu ao seu carro estacionado mais a frente e entrou nele partindo em silêncio.

Naquela noite Débora observava Thay deitada a seu lado na cama, ela estava calada demais desde os acontecimentos da tarde, apesar das brigas Débora sabia o quanto ela era apegada ao pai.

Por Trás Da Cortina (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora