Débora
Thay estava estranha, acho que não deveria ter contado a ela sobre meus sentimentos, nada me tirava da cabeça que isso havia sido um erro.
Mas ela tinha o dom de me levar do céu ao inferno em questão de segundos.
Ao céu quando me sorria daquele jeito doce e meigo que me derretia inteira, ao inferno quando mudava seu humor drasticamente perto de outras pessoas.
Eu estava em meu quarto sentada em minha cama com o violão no colo enquanto eu a observava pelo seu reflexo em meu espelho.
Ela estava sentada na janela e tinha um olhar perdido, de onde eu estava ela não podia me ver só se talvez prestasse bastante atenção.
Peguei meu smartphone e mandei a mensagem pra ela.
"Oi."
Eu a vi sorrir pelo reflexo e responder imediatamente.
"Oi."
"Quer dá uma volta na praia?"
"Só nós duas?"
"Não."
Eu vi a decepção passar por sua expressão antes dela responder.
"Quem mais?"
"Eu, você e meu violão."
Ela abriu um lindo sorriso para a tela do telefone e desceu da janela.
"Te espero no portão!"
Ela disse por fim e eu me levantei para ir ao seu encontro.
Encontrei com ela próximo ao portão de trás de nossa casa que dava acesso á praia, silenciosamente a peguei pela mão e a puxei para um local mais calmo da praia. Alguns metros adiante sentei na areia em baixo da sombra de um coqueiro, ela sentou do meu lado, seus olhos estavam focados no mar, não havíamos nos olhado, nem dito nenhuma palavra se quer, eu sentia as coisas estranhas entre nos duas, mas eu não conseguia falar sobre isso, eu tinha mesmo medo de perde-la, de perder a nossa nova amizade, era o mais longe que eu havia chegado, além dos beijos claro, mas eu me contentaria com sua amizade só pra ter o pretexto de esta sempre a seu lado.
Então eu simplesmente comecei a tocar no meu violão, uma canção melosa, era apenas a melodia sem cantar nada, quando a vi chorando pelo canto do olho, mas eu não parei, continuei dedilhando a canção, talvez ela precisasse daquele momento, eu talvez precisasse também, havia algo muito doloroso naquele momento, eu me sentia triste como nas noites tristes em que estive no Japão, longe da minha família e amigos, longe dela.
Quando dei por mim lágrimas escorriam silenciosamente por meu rosto, rolavam em minha face se desfazendo em meu queixo.
Parei de tocar e tomei coragem de olhar para ela ainda com poucas marcas da pancada em seu rosto, mas sem o tampão.
-Você esta bem?
Perguntei já sabendo a resposta.
Ela apenas balançou a cabeça negativamente confirmando minhas desconfianças.
-Quer conversar sobre isso?
Perguntei já sabendo que tinha haver comigo, talvez com o nosso beijo, eu imaginava o milhão de duvidas que podia haver dentro dela.
-Não podemos mais ser amigas.
Ela disse num sussurro depois de uns instantes. Aquela frase partiu meu coração em dois mil pedaços e senti a cor esvaindo-se do meu rosto.
-Por... Porque?
Perguntei num fio de voz.
Então ela me olhou, com aqueles olhos castanhos profundos vermelhos pelas lágrimas e ainda úmidos, seus lábios deram um breve tremor.
-Porque você é apaixonada por mim, e eu nunca vou poder corresponder. Eu jamais serei nada além de amiga e eu não acho justo que você se machuque.
Eu fiquei sem reação olhando-a bem dentro de seus olhos, buscando um traço de que aquilo era uma piada, mas ela falava sério.
-Que idiotice. Eu disse baixo. - Eu nunca pedi pra que fosse nada além de minha amiga!
-Mas e os beijos? Você sempre pega na minha mão e me trata como se fosse mais que amigas e isso na frete de todos! E você se declarou pra mim!!!
Eu ri sem humor.
-Thay, eu só disse aquilo naquela noite pra você parar de me perguntar quem era essa garota. Menti da melhor forma que eu pude e vi algo atravessar seus olhos... Decepção? Dor?
Já não importava, eu preferia que aquele sentimento morresse comigo, eu queria esta perto dela e ser sua amiga á cima de tudo.
-Mas... E os beijos, e aquela noite? E tudo que sentimos?
-Sentimos?
Questionei sentindo uma pontada de esperança, ela estava confusa eu podia ver em sua expressão.
-Então você mentiu pra mim?
-Na verdade. Suspirei. - Eu gosto sim de você, e sei que sente algo por mim, mas por nada eu iria estragar a nossa amizade é muito bom ter você por perto.
Eu falei sustentando seu olhar sem realmente responder a sua pergunta.
Ela estava confusa, não só com relação a seus sentimentos, mas a tudo ela olhava pra mim como se me pedisse socorro, então eu fiz a maior bosta da minha vida.
-Vamos fazer assim, a gente finge que nada disso aconteceu, beijos, declarações, nada e seremos amigas, eu prometo não tocar no assunto. Fechado?
Estendi minha mão para ela que a apertou selando a bosta desse acordo.
Era melhor tê-la por perto como amiga do que não te-la de forma alguma.
![](https://img.wattpad.com/cover/132498714-288-k396045.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Por Trás Da Cortina (Romance Lésbico)
RomanceThay tinha uma vida perfeita, um irmão chato, pais legais, um namorado lindo, duas melhores amigas... Estudava, era a melhor atleta da equipe feminina de Karatê. Então a Diaba, resolve voltar e destruir com todas as suas estruturas. Débora é sua cun...