Na manhã seguinte eu não queria ver ninguém nem falar com ninguém, daria tudo pra não ter que ir a aula, mas eu não podia era fim de ano e o vestibular estava na porta, cada assunto era importante. Geralmente eu ia de carona com o Guto, ou com a Jéssica, mas naquela manhã eu peguei carona com meu pai que achou estranho eu sair cedo demais.
-Você está bem filha?
Perguntou ele me olhando quando estávamos parados num sinal vermelho.
-Estou.
Respondi.
-Me parece que você andou chorando e chegou cedo ontem e sem seu irmão, não estavam juntos?
-Eh! Tive uma dor de cabeça então vim pra casa mais cedo, o Thiago estava se divertindo não queria incomodar.
Ele fingiu acreditar.
-Pai?
-Sim querida!
-Você e a mamãe vão se separar?
A pergunta pegou meu pai de surpresa ele estacionou o carro na frente da lanchonete que havia de frente pra escola e me olhou muito sério.
-Quem te disse isso foi ela?
-Não. Suspirei. - Não somos crianças pai, eu e o Thi ouvimos as brigas de vocês.
Meu pai passou a mão entre os cabelos negros já com alguns fios brancos.
-É complicado filha, nós estamos passando por um momento difícil, eu e sua mãe... Ele suspirou procurando as palavras certas. - Eu e ela já não nos entendemos como antes... E...
-Tudo bem pai, eu não acho que ninguém deva se prender a outra pessoa que não seja por amor, até porque o amor liberta...
O interrompi.
-Acha que não amo mais a sua mãe?
Me perguntou surpreso com o que eu disse.
-Não sei... Ama?
-Amo querida, mas cometi muitos erros e sua mãe... Bem ela está magoada com tudo isso, entende?
Fiz que sim com a cabeça e abracei meu velho.
-Se ainda a ama deve lutar por ela, mostrar que os erros são passado e que o senhor não vai mais errar.
Meu pai sorriu mostrando os dentes brancos.
-Desde quando a senhorita se tornou expert em amor e relacionamentos?
Perguntou rindo.
-Em algum lugar entre os sete e os dezessete anos.
Respondi e ele riu novamente.
Depois de beija-lo no rosto e me despedi sai do carro e fui até a lanchonete que já estava aberta, pedi um lanche e me sentei em uma das mesas.
Não havia mais ninguém além de mim e das funcionárias que fofocavam enquanto trabalhavam e riam baixinho. Uma outra funcionária chegou logo em seguida na garupa da moto de outra mulher e ao descer depositou um beijo em seus lábios entregando-lhe o outro capacete.
A cena me deixou desconfortável e curiosa, a garota que trabalhava na lanchonete não parecia ser... Lésbica!
Quando eu terminei de comer a lanchonete já estava cheia de estudantes e trabalhadores da área, eu me levantei do meu lugar e entrei no colégio afim de não encontrar ninguém, mas a Jéssica me esperava no portão.
-Acho que a mocinha tem algo pra me explicar!
Disse assim que passei por ela e veio atrás de mim.
-Jéssica não tô afim de papo!
-Não ta, mas vai me explicar o que foi aquilo ontem?
Falou me segurando pelo braço e me fazendo parar.
-Primeiro a Paula tava pedindo aquele soco faz tempo e o idiota do meu ex namorado, disse que estava em casa com dor de cabeça, quando eu já sabia que ele havia saído com os babacas dos amigos dele, e a gota d'água foi ele dizer aquela idiotice na frente de todo mundo ele não teve respeito nenhum por mim! E sem falar na sua amiguinha que uma hora é boazinha outra hora inferniza minha vida e me beija, diz coisas que...
Ai! Quando percebi eu já tinha falado do beijo fazendo a Jéssica metalmente bloquear tudo que eu havia dito antes.
-Como assim, beijo? De que tipo de beijo você está falando?
Perguntou curiosa um pouco alto demais chamando a atenção de algum alunos do segundo ano que passavam por nós, ela estava com a boca arreganhada de surpresa.
Eu a puxei pra um lado e contei a história da praia pra ela.
-E quando você ia me contar isso?
Perguntou sussurrando.
-Talvez depois que a Débora fosse embora.
Respondi olhando ao redor pra ter certeza que ninguém estava escutando nossa conversa. Eu estava surpresa com a reação da Jéssica com relação ao beijo ela parecia satisfeita ou até feliz, mas nada surpresa.
-E quem disse que ela vai?
Olhei pra Jéssica petrificada.
-Ela não vai?
Perguntei implorando que ela não confirmasse.
Assim como se soubesse ou fosse invocada pelas forças do infinito, a Débora cruzou os portões de ferro batido da nossa escola e ao seu lado um Guto furiosos como nariz roxo e bem machucado.
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Por Trás Da Cortina (Romance Lésbico)
RomanceThay tinha uma vida perfeita, um irmão chato, pais legais, um namorado lindo, duas melhores amigas... Estudava, era a melhor atleta da equipe feminina de Karatê. Então a Diaba, resolve voltar e destruir com todas as suas estruturas. Débora é sua cun...