2. A primeira vista

9.8K 922 41
                                    

São exatamente 11h10min quando consigo chegar ao fatídico restaurante, que me surpreendeu por não ser realmente um restaurante e sim uma charmosa lanchonete, muito bem localizada no centro da cidade.

O Flor da Manhã, com suas paredes rosa chá e detalhes em madeira, destoava totalmente dos soberanos prédios a sua volta, mas mesmo assim parecia pertencer a este lugar cheio de vida de uma maneira que nem um dos grandes magnatas que andam por ali todos os dias poderia explicar. É como se tudo a sua volta fosse colocado lá muito depois.

Entro pela porta de madeira rústica com um sorriso de encantamento nos lábios. As mesas quadradas também em madeira rustica, as cadeiras com estofado florido e as grandes janelas de vidro que nos proporcionam a vista perfeita da rua lá fora, só me faz querer ver mais e principalmente, conhecer a pessoa responsável por fazer daquele lugar um lar e não uma simples lanchonete.

Será que um dia eu conseguirei algo assim, um lugar onde as pessoas se sintam em paz e felizes?

Fico parada por um tempo observando tudo, distraída com meus pensamentos, quando uma mão grande e desconhecida pousa-se em meu ombro me fazendo pular de susto e quase cair com tudo no chão.

_ Senhorita Bancks? - A pessoa me pergunta quando vê minha cena ridícula.

Me viro em sua direção, morrendo de vergonha, e ela só aumenta quando vejo o belo homem a minha frente. Seus cabelos de um tom castanho médio e cumpridos de mais para alguém de terno, seus olhos também castanhos e seu sorriso carismático se tornam, de certa forma, impossíveis de não serem admirados.

Santa mãe dos homens gatos de morrer, que homem é esse?

_Me chamo Edgar Fonseca, eu te liguei hoje cedo.- Ele fala estendo a mão para apertar a minha o que eu retribuo, mas não antes de ficar um tempo fazendo cara de idiota e olhando a mão dele estendida em minha direção.

Eu sou uma vergonha.

_ A claro, é um prazer conhecer-lo senhor Fonseca.

_ O prazer é Todo meu. Com toda a certeza. - Ele me examina de cima a baixo e sorri de maneira sedutora, o que me faz corar na mesma hora.

Espera um minuto ele acabou de me dar uma cantada? Nãaao, eu só posso estar ouvindo coisas, é isso.

_ E então vamos nos sentar, estou louca para saber sobre o lugar que o senhor encontrou para mim.- Digo tentado tirar um pouco do clima estranho que se instalou entre nós.

_ Claro. Venha comigo.

Eu o sigo por entre as mesas graciosas e vamos para uma parte mais reservada, onde um outro homem nos espera.

Assim que chegamos até a mesa o homem se levanta e eu posso olhar para ele com mais atenção. O homem de cabelos escuros, barba bem feita e olhos surpreendentemente azuis, me presenteou com um sorriso doce que me fez perder por um segundo a noção, mas eu a recupero rapidamente.

_ Senhorita Bancks, este é Afonso Pashon, ele é o mais novo dono desta lanchonete e tem uma proposta para lhe fazer.

Demoro menos dessa vez para estender a mão para o belo homem a minha frente, mas superando todas as espectativas, ele leva minha mão até seus lábios e a beija, me fazendo quase derreter na sua frente.

_ Fico feliz em finamente conhece-la. Ouvi muitas coisas sobre a senhorita. - Ele sorriu mais uma vez.- Vamos nos sentar?

Eu apenas aceno com a cabeça e sigo para uma das cadeiras, mas antes que eu pudesse encostar nela, Afonso a puxa como um eximiu cavalheiro e da espaço pra que eu me sentasse.

O que é isso Senhor?

_ E então, sobre o que se trata sua proposta senhor Pashon? - Pergunto com o máximo de profissionalismo que consigo encontrar, assim que o homem se senta a minha frente seguido por Edgar que se senta ao meu lado direito.

_ Chame-me apenas de Afonso por favor. Não sou muito adepto a formalidades fora do escritório.- Ele sorri.

_ Tudo bem Afonso, sobre o que quer falar comigo?- Outro fato sobre mim, é que sou extremamente curiosa.

_ Esta lanchonete por mais de cinquenta anos foi um dos maiores orgulhos da minha mãe e com o seu falecimento a alguns meses, esse lugar foi deixado para mim.- Sua voz é triste e pesarosa.

_ Eu realmente sinto muito pela sua mãe.- Digo entendendo totalmente sua dor. Eu melhor do que ninguém, sei como é perder as pessoas que mais importam na vida.

_ Eu estou tentando superar, mas tem sido realmente difícil. Sempre fomos nós dois contra tudo e agora eu estou sozinho.

_ Eu entendo perfeitamente como se sente, mas garanto a você que a dor diminuirá com o tempo.- Seguro sua mão por sobre a mesa e lhe dou um sorriso amistoso.

_ E então que tal tratarmos de negócios agora.- Edgar diz, provavelmente incomodado com o rumo da nossa conversa.

_ Exatamente. Ainda não entendi aonde me encaixo nessa história.- Falo soltando as mãos de Afonso e me ajeitando novamente na cadeira.

_ É bem simples, eu quero que você seja minha sócia no Flor da Manhã.

Meus pensamentos que antes estavam a mil por hora, acabam de ter uma parada brusca. O que?

_O que?- Faço a pergunta que soa em minha cabeça como uma sirene.

_ Sei que parece inusitado e nós mal nos conhecemos, mas eu não sei mais o que fazer. Eu não entendo nada do ramo alimentício. Eu sou engenheiro e não cozinheiro. Todos os chefes que passaram aqui nas últimas semanas não eram bons o suficiente e eu já estava desistindo, mas um dia conversando com meu amigo Ed aqui - Ele apontou para Edgar, que não parecia nada surpreso com toda aquela maluquice - Ele me falou sobre você. Me disse que você procurava um lugar para montar um café e que estava tendo dificuldades para encontrar o lugar perfeito, então eu pensei, por que não?. Confesso que fiz minha própria pesquisa sobre você e peço desculpas por isso, mas eu não poderia oferecer algo assim a um total desconhecido. E qual foi a minha surpresa quando meu detetive me informou que você se formou com honras na Le cordon bleu em Paris. Você é o que esse lugar precisa.

Tudo que ele falou começou a rodar como um furacão em minha cabeça, fazendo com que suas palavras perdessem o sentido.

Ele me investigou, invadiu minha privacidade e agora vem com essa história absurda de que eu sou o que esse lugar precisa. Esse cara é totalmente maluco. Eu deveria ter desconfiado, nada nunca é assim tão fácil para mim.

_ Voce precisa de um tratamento. Você é maluco.- levanto e saio correndo o mais rapido que consigo, sem me importar com as pessoas me olhando horrorizada, menos ainda com a voz do homem gritando meu nome.

Saio pela porta e corro pela rua sem me importar em olhar para os dois lados, o que foi um gande erro. Erro que eu só me dei conta quando senti meu corpo ser arremessado para longe e minha cabeça atingir o chão. Tudo que ouço antes de apagar e a voz de alguém chamando meu nome ao longe.

Uma princesa GG Onde histórias criam vida. Descubra agora