19. Mãe

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Abro meus olhos ainda sentindo o peso do dia anterior sobre meus ombros. Olho para o relógio ao lado de minha cama e não me surpreendo por ter dormido tão pouco.

Levanto da cama e me arrasto até o banheiro, entro no box e deixo que a água morna relaxe um pouco meu corpo.

Ainda estou exausta, minha cabeça dói, e a preocupação que estou sentido por minha mãe me impede de raciocinar direito.

Saio do banheiro e sigo para meu guarda-roupas, pego tudo no automático e me visto rápido, já com o celular na mão pedindo um táxi. Sei que o Afonso disse que nos buscaria as nove, mas se eu ficar mais um minuto nessa casa sem nenhuma notícia vou enlouquecer.

Desço a escada com a bolsa pendurada no ombro e o celular na mão. Saio de casa encostando a porta atrás de mim, e seguindo para o táxi que me espera.

👑👑👑

Assim que entro no hospital, mando uma mensagem para Luna avisando onde estou, enquanto sigo para a recepção. Passo minhas informações para a recepcionista e ela me direciona até a sala do doutor Monteiro, médico da minha mãe.

Bato na porta assim que chego, e escuto sua permissão antes de finalmente entrar.

_Bom dia senhorita Bancks.- Ele me cumprimenta assim que me sento a sua frente.

_Bom dia doutor Monteiro, como está minha mãe? - Vou direto ao ponto.

_ Sua mãe teve uma elevação na pressão craniana o que acarretou no desmaio. Eu mandei que fossem refeitos seus exames antes do prazo estipulado de seis meses e os resultados não são nada bons.- Ele fala de maneira profissional, mas serena.

_ O que está acontecendo com ela doutor?- Pergunto começando a me desesperar.

_ O tumor não está regredindo. A quimioterapia está retardando seu crescimento, mas não está sendo rápida o suficiente para que o tumor diminua de tamanho.

Sinto o chão ser tirado dos meus pés de maneira violenta e me agarro a cadeira querendo acreditar que tudo não passa de um pesadelo.

_ O que faremos agora? - Minha voz mais parece um sussurro.

_ Teremos que começar as sessões de radioterapia o mais rápido possível e principalmente, não podemos descartar a ideia de uma cirurgia.

_Cirurgia?- Pergunto meio atónita.- Da primeira vez que estive aqui o senhor disse que essa opção não era viável, que os riscos eram muito altos pela localidade do tumor.

_ Os riscos ainda são muito altos, mas talvez essa seja a única opção.

Parece que o peso do mundo foi colocado sobre os meus ombros. Eu não consigo respirar.

_ Posso vê-la?

_Claro. Os medicamentos foram suspensos a um certo tempo, a essa hora ela já deve estar acordada.- Ele se levanta fechando o jaleco e vem ao meu encontro.- Vou acompanha-la.

Sigo o doutor Monteiro por entre os corredores claustrofóbicamente brancos do hospital e tudo que consigo pensar são nas palavras ditas anteriormente por ele. Tento controlar o desespero que insiste em dar as caras, mas a cada passo rumo ao quarto onde está minha mãe é um passo mais próximo do abismo. Não sei mais o que fazer.

O médico para em frente a uma porta branca com o numero 212 em metal reluzente, e da espaço para que eu abra. Paro relutante em frente a porta, mas respiro aliviada assim que à abro e escuto as reclamações de minha mãe. Ela esta bem.

_ Eu já falei que estou bem. Com certeza eu já posso ir para casa.

Paro no batente da porta aberta enquanto vejo ela brigando com a enfermeira.

_ Mãe?!- Chamo e ela me olha abrindo um grande sorriso que aquece meu coração.

_ Filha.- Ela estende a mão para mim e eu me aproximo recebendo um abraço apertado assim que estou ao seu lado na cama.- Como você está?

_ Eu é quem deveria perguntar isso para a senhora.- Falo segurando o choro.- Eu fiquei com tanto medo mãe.

_ Oh meu amor, eu sinto muito por ter te preocupado tanto assim, mas agora eu já estou bem.- Ela fala ainda me abraçando.

Me afasto dela e me sento em sua cama olhando em seus olhos. Sei que é difícil, mas preciso ser forte.

_Mãe eu conversei com seu médico, a senhora não está bem.

_o que?- ela parece confusa.

_ a quimioterapia não está funcionando.

_ não é possível, eu estou me sentindo bem. O doutor disse que daria certo.

_ aparentemente seu tumor é bem mais resistente do que o esperado.- falo tentando passar confiança a ela.

_ e o que faremos agora?

_ ele disse que a senhora terá que começar sessões de radioterapia e talvez....- fico relutante em continuar.

_ talvez o que Ametista?- ela pergunta séria.

_ talvez a senhora tenha que fazer a cirurgia.

_ isso não pode estar acontecendo.- ela passa as mãos sobre a cabeça que a alguns meses não tem mais os lindos fios sedosos do seus longo cabelo ruivo.

Minha mãe parece perdida e isso me assusta profundamente, eu nunca vi Dora Bancks desesperada, nem mesmo quando meu pai morreu a 10 anos e ela ficou sozinha com uma adolescente cheia de traumas e medos. Nem mesmo quando descobriu a doença, ela nunca fraquejou, ela sempre foi minha rocha e agora mais parece uma garotinha perdida e assustada.

_vai ficar tudo bem. Nós vamos dar um jeito a senhora vai ver.- eu a abraço e afago assim como ela fazia comigo a anos atrás.

Ela precisa de mim mais do que nunca e eu vou fazer o que for preciso para ajudar, nem que para isso eu tenha que dar a minha própria vida.

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Ui, senas fortes....
O próximo capitulo será um bónus A&L...
E aí o que estão achando da historia.... Deixem seus comentários que eu vou amar ler.
Bjs e até próxima.
💋💋💋

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