Abro meus olhos, mas a claridade faz com que eu os feche logo em seguida. Tento novamente e dessa vez consigo focar no teto branco acima da minha cabeça e nos ladrilhos brancos a minha volta. Tento me sentar, mas uma dor latente em meu braço me faz parar o que estava fazendo.
_ Que bom que acordou meu amor.- Olho em direção a porta e vejo quando minha mãe entra, sendo seguida por uma enfermeira que carrega uma bandeja com alimentos.
_ O que foi que aconteceu?- Pergunto ainda meio aerea a toda essa situação.
_ Você foi atropelada depois de sair correndo do seu encontro com o corretor.- Minha mãe me explica enquanto observa a enfermeira colocar a bandeja em uma mesa perto a minha cama e examinar meu soro.- Eu só gostaria de entender o por que?
As lembras do que aconteceu me aparecem como uma luz e eu conto tudo para ela, que me observa inquisidora.
Assim que termino de contar tudo o que aconteceu, já estou novamente irritada por me lembrar da invasão de privacidade que sofri, mas tento me conter por estar em um hospital e não poder socar a cara daquele idiota.
_ Eu realmente não consigo te entender Ametista. Tudo que você fala nos últimos meses é em conseguir o lugar perfeito para realizar seu sonho e quando consegue a oportunidade de ter o que quer, sem custos adicionas, em um excelente lugar e já com clientela formada, o que você faz? Você foge. - Ela me repreende.
_ Mãe como a senhora quer que eu aceite algo assim. Aquele homem mandou que invertigassem minha vida sem minha permissão e armou todo um circo para me persuadir.- Tento me defender.
_ Tudo bem ele errou em te investigar, mas as pessoas erram minha filha, nem tudo pode ser perfeito sempre. Ele é um homem rico que perdeu a mãe e provavelmente não tem muitos em quem confiar e eu entendo isso, o que eu não posso aceitar e que você jogue uma oportunidade dessas no lixo por uma bobagem. Você lutou muito por algo assim para desistir agora.
_ Com licença.- Nos duas nos viramos em direção a porta, nos deparando com Afonso parado no batente com um buquê de rosas brancas e cara de cachorro que caiu da mudança.
_ Entre.- Minha mãe o convida e ele se aproxima de nós parecendo envergonhado.
_ Olá senhora, me chamo Afonso Pashon. - Ele estende a mão para minha mãe, que a aperta prontamente.
_ Então você é o Afonso. Sou Dora Bancks, mãe da Ametista. - Minha mãe o olha de cima a baixo de maneira séria e eu me seguro para não rir.- E o que faz aqui?- Ela pergunta.
_ Eu trouxe isso para você.- Ele estende as flores em minha direção e eu nem me movo, o fazendo recolher novamente as flores com tristeza.- Eu também vim me desculpar por todo trastorno que lhe causei. Eu não deveria ter feito a proposta daquela maneira.- Ele diz cabisbaixo.
_ Mãe, a senhora poderia nos dar licença um instante. Tenho que ter uma conversa seria com o senhor Pashon.- Digo olhando para ela.
_ Claro meu amor, vou ver se encontro o doutor Alberto na cantina do hospital.- Ela diz com um sorriso.
Olho para ela com uma das sobrancelhas levantadas em sinal de curiosidade, o que faz com que minha mãe core violentamente.
_ Vai lá, mas pode ter certeza dona Dora, que eu vou querer saber tudinho sobre você e o doutor Alberto.
Ela sai apresada do quarto e eu sorrio, mas fecho novamente o rosto assim que olho em direção ao Afonso.
_Pode sentar.- Falo e ele se senta ao meu lado, olhando fixamente para mim.- Antes que eu diga qualquer coisa em relação a sua proposta, quero deixar bem claro que eu abomino a ideia de ser investigada. Minha privacidade é algo que eu estimo muito e a ideia de que alguém tenha violado minha vida dessa maneira me irrita profundamente.
_ Eu realmente sinto muito por isso. Não sei o que me deu para fazer algo desse tipo, mas prometo que não se repetirá nunca mais.- Ele me diz parecendo bastante sincero.
_Agora com relação a sua proposta, eu mal tive tempo de compreender seu raciocínio. Depois das palavras investigar e detetive, meu cérebro parou de processar as outras informações. Então talvez se você me explicar novamente no que se basearia essa sociedade, eu possa te dar uma resposta definitiva.
_ C-claro....- Ele para por um instante e eu fico esperando que ele continue, mas isso não acontece.
_ E então....- O incentivo a voltar a falar.
_ Você quis dizer agora?- Ele me pergunta meio lerdo e eu respiro pesadamente. Senhor, aonde eu fui amarrar meu bode.
_ Sinceramente eu pensei ter sido a única a bater a cabeça aqui. Pelo visto eu me enganei.- Reviro os olhos em sua direção e ele sorri parecendo um pouco mais relaxado. Mas por que ele está nervoso a final?
_Tudo bem. Nossa sociedade seria algo simples. Você terá toda a liberdade para mudar o cardapio, fazer qualquer tipo de reforma que achar necessária, contratar mais funcionárias e o que mais lhe parecer necessário mudar, enquanto eu continuarei fazendo o que fazia antes, ou seja, cuidarei da parte administrativa e financeira. Todos os lucros serão divididos igualmente entre nós.- Ele fala de maneira profissional e direta.
_ Então deixa eu ver se entendi. Você está oferecendo a lanchonete da sua mãe, que como você mesmo me disse era o orgulho dela, em uma bandeja para uma completa estranha e lhe deu carta branca para fazer o que achar melhor, é isso?- Olho para ele para garantir que eu entendi certo - Eu estava certa, você é maluco.
_ Talvez eu seja meio doido sim, - Ele sorri para mim, me fazendo sorrir de volta.- Mas eu seria ainda mais doido se não fizesse isso. Eu jamais poderia vender o Flor da Manhã, e não tenho capacidade para administra-lo sozinho. Eu confesso que a principio pensei em apenas te oferecer um emprego, mas assim que te vi entrar na lanchonete, toda sua admiração pelo lugar. Eu soube que não seria suficiente, não para alguém que tinha aquele olhar.
_ Olhar...?
_ O olhar de quem encontrou seu lar. O mesmo olhar que minha mãe tinha.
Olho em seus belos olhos azuis e tudo que vejo neles é sinceridade e uma certa admiração, que eu não conseguia entender. Afonso é um homem diferente e enigmático, mas algo me diz que ainda seremos grandes amigos. Tudo que tenho que fazer é esperar.
_ Tudo bem Afonso, você me convenceu. Sócios?- Estendo a mão em sua direção e ele a aperta prontamente.
_ Sócios!
***
VOLTAMOS....
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Uma princesa GG
ChickLitExistem princesas loiras, morenas, ruivas, negras, asiáticas e até mesmo arabes. Princesas valentes, que vão para a guerra, que comem maçãs invenenadas, que beijam sapos, que namoram ladrões, que moram em torres, que nascem com magia ou que são ama...