17. Descanso

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Estou a mais de duas horas sentada nessa cadeira sem nenhuma noticia de minha mãe.

Jorge e Celina foram para casa e agora Afonso, Luna e eu estamos aqui, parados e perdidos cada um em seus pensamentos, mas unidos em um silêncio confortável.

Não consigo mais chorar, nem me lamentar, estou em um ponto do desespero onde meu corpo já está anestesiado pela angustia e tudo que resta agora é o vazio.

_ Família da senhora Dora Bancks.

_ Aqui.- Me levanto assim que escuto a voz do médico pronunciar meu sobrenome e ando rapidamente até ele.- Como está minha mãe doutor?

_ Sua mãe teve duas paradas cardíacas em uma hora e nós achamos por bem deixa-la sedada e em observação por mais algumas horas antes de suspender a medicação. Ela está estável, mas estamos esperando que o médico que vem cuidando do caso dela chegue para que possamos fazer mais exames.- Ele fala de maneira profissional.

_ E o senhor sabe nos dizer quando ele chegará?- Pergunta Afonso ao meu lado.

_ O plantão dele começa em uma hora.

_ Eu posso vê-la?- Pergunto de maneira distante.

_ Sinto muito, mas até que tenhamos descoberto o que realmente aconteceu com sua mãe, não podemos liberar a entrada de ninguém.

_ Obrigado mesmo assim doutor.- Luna fala me abraçando quando percebe meus olhos marejados mais uma vez.

Escuto a porta da sala bater e caio ao chão em prantos novamente. Duas paradas cardíacas.... Minha mãe quase se foi duas vezes....

_ Ami você precisa descansar, não a nada mais a ser feito agora e você já está a horas sem dormir e sem se alimentar direito.- Luna fala de maneira preocupada.

_ Eu não vou sair daqui.- Falo baixo, mas de maneira convicta.

_ Você vai sim, nem que para isso eu tenha que pedir para que uma enfermeira te de um calmante, e eu tenha que te carregar nas costas até sua casa.- Fala Afonso se abaixando em minha frente e me fazendo olhar em seus olhos.

_ Você não pode me obrigar.

_ Você tem razão, eu não posso, mais tenho certeza que sua mãe não gostaria de ver você nesse estado. Isso a deixaria preocupada e não é disso que ela precisa agora.

_ Detesto admitir mas o Afonso tem razão. A tia Dora vai pirar quando te ver toda desgrenhada e parecendo um zumbi desse jeito.- Luna faz graça.

_ Tudo bem, vocês ganharam, eu vou para casa.

Levanto-me do chão e sigo com eles para o ponto de táxi mais próximo. Estou tão cansada que mal entramos no veiculo e eu já estou dormindo escorada da janela.

👑👑👑

_ Ami acorda, chegamos.- Sinto meu braço ser sacudido enquanto escuto a voz de Luna ao longe.- Vamooooos acoooorda.

Abro os olhos meio confusa e em poucos segundos meu cérebro me trás de volta a realidade. Olho para o lado e vejo minha amiga me olhar com pena assim como Afonso. Eu odeio esse olhar.

_ Parem de me olhar assim vocês dois.- Saio do carro batendo a porta e subo as escadas já com minha chave em mãos.

_ Ami, espera.

Escuto a voz de Afonso atrás de mim, mas o ignoro entrando em minha casa sem olhar em sua direção.

_ Por que você esta sempre correndo?- Afonso me pergunta assim que me alcança, segurando meu braço.

_ Porque eu nunca aprendi a parar.- Falo olhando em seus olhos de maneira obscura, mas sabendo intimamente a veracidade de minhas palavras.

_Você tem que parar com isso. Pode não parecer, mas eu sou extremamente sedentária.- Luna entra na sala ofegante como se tivesse corrido uma maratona morro a cima.

_Você quer uma água?- Pergunto, me preocupando realmente com ela.

_ Não à necessidade, eu já estou melhor.- Ela se senta no sofá de maneira relaxada.- Acho melhor nós descansarmos um pouco antes de voltar para o hospital.

_ Eu estou indo para casa, necessito urgentemente de um banho.- Afonso fala me dando um beijo no rosto e se dirigindo para a porta.- Volto as nove para leva-las ao hospital. Descansem.

_ Pode deixar.

Vou até a porta e tranco assim que constato que Afonso realmente se foi. Volto para sala e me jogo ao lado de minha melhor amiga, que se assusta por já estar cochilando em meu sofá.

_ Pelo visto aquele cochilo no táxi te fez muito bem, já está até desposta a me esmagar.- Fala fazendo cara de irritada.

_ Não foi o cochilo, na verdade foram vocês. Sua amizade e a do Afonso eram exatamente do que eu estava precisando para confortar meu coração. E é claro que saber que minha mãe está sendo bem assistida, também ajuda bastante.

_ Bom agora que já estamos mais calmas, eu vou tomar um banho e dormir porque já deu por hoje.

_ Eu só vou procurar alguma coisa para comer e também já subo.

Ela acena com a mão de maneira positiva, enquanto sobe a escada, e eu aproveito essa oportunidade para implicar um pouco com ela.

_ Luna?!

_ Sim.

_ Não pense que eu esqueci do seu rolo com o Afonso. Você ainda vai ter que me contar direitinho essa história.- entro na cozinha deixando minha amiga pasma parada na escada.

Sei que as coisas não estão boas, mas quem disse que não podemos aproveitar os bons momentos.

Uma princesa GG Onde histórias criam vida. Descubra agora