42. Verdades Reveladas

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Andamos por um corredor bem iluminado até parar em frente a uma porta, nenhum de nós disse nem uma palavra desde que saimos da recepção e todo esse silêncio está me enlouquecendo.

Ele abre a porta e da espaço para que eu entre primeiro e mesmo sabendo que ele ainda usa essa desculpa para olhar minha bunda, eu não me encômodo mais.

Entro no quarto e me surpreendo a com beleza do lugar. A sala ampla e de cores claras não da margem nenhuma para duvidas da riqueza daqueles que frequentam esse quarto. Sigo até o meio da sala e vejo de canto de olho uma porta que provavelmente leva para o quarto, mas o que realmente me chama a atenção, além é claro das paredes de vidro que dão uma visão periférica de toda a cidade vista de cima, e a varanda também em vidro onde uma bela mesa de jantar, com direito a velas e tudo, se encontrava posta para dois.

Sinto a mão de Philip em minha coluna me incentivando a continuar andando e um calor desconhecido passa por todo o meu corpo. Nós seguimos para a varanda e ele puxa uma das cadeiras para que eu me sente e em seguida se senta em minha frente.

Meus olhos ainda estão perdidos na vista esplêndida da cidade a noite, quando sinto sua mão pousar por sobre a minha. Olho para ele e o vejo sorrir levemente para mim, o que me faz respirar com dificuldade. O que está acontecendo comigo?

_ Sei que disse que precisamos conversar e eu realmente tenho muito para dizer, mas acho melhor jantarmos primeiro. Nem tudo o que falarei será agradável para você ouvir.- Sua expressão parece serena e eu me pergunto mais uma vez, o que de tão grave ele tem para me dizer que não poderia ser dito no castelo?

Ele destampa nosso jantar, que cheira maravilhosamente bem, e depois de nos servirmos começamos a comer ainda em completo silêncio.

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O jantar transcorreu tão silenciosamente que o barulho dos pratos sendo atingidos pelos talheres levemente, parecia ser alto de mais. Respiro fundo mais uma vez e deixo meud talheres de lado, tomando o último gole do meu vinho e constatando que Philip também já terminou seu jantar.

Ele se levanta, me estende a mão e eu aceito. Nós seguimos até um sofá que eu nem percebi que estava ali e ele se senta, me guiando a sentar a sua frente.

Vejo Philip respirar profundamente algumas vezes e eu espero pacientemente até que finalmente ele começa a falar.

_ Sei que venho omitindo coisas de você desde o dia em que nos conhecemos e isso não foi o certo a ser feito. Você é maravilhosa e sempre foi honesta comigo e eu deveria ter feito o mesmo desde o início. Por isso eu quero te dizer uma coisa que descobri recentemente, ou talvez sempre soube, mas tinha medo de admitir. Eu....- ele da uma longa pausa e respira fundo mais uma vez - Amo você!

👑👑👑

Philip

Vejo todo o tipo de sentimento passar por diante de seus belos olhos e só espero que ela escolha o certo ou eu terei sérios problemas. Nós estamos no vigésimo andar e essa varanda não tem grade de proteção.

Vejo ela se levantar e andar de um lado para o outro sem olhar para mim, o que me preocupa. Me levanto e paro em sua frente fazendo com que ela pare de andar e me olhe nos olhos, vejo lágrimas descerem pelo seu rosto e vejo magoa em seu olhar, o que parte meu coração em pequenos pedaços.

_ Se não queria me dizer a verdade - Ela começa a falar quase sussurrando.- ao menos não inventasse uma mentira tão dolorosa assim. Você sabe que eu não posso ir a lugar algum, eu não tenho como te pagar, então por que fazer isso. Por que preparar todo esse circo para me dizer mais mentiras. Minha mãe estava certa, eu nunca deveria ter saido de casa.

_ Não, ela não estava.- Eu seguro seu braços em sinal de desespero quando percebo que ela está indo embora.- Eu não estou mentindo, eu realmente amo você.- Falo, sentindo as lágrimas descerem pela minha face.- Eu me apaixonei por você desde o dia em que eu a vi. Dia esse que ao contrário do que você pensa, não foi naquela calçada em frente a sua lanchonete.

Vejo confusão passar diante dos seu olhos, mas o que me incentiva a continuar é saber que suas barreiras estão caindo aos poucos.

_ Eu te conheci bem antes, no dia em que te vi correr pelo meio da rua como uma maluca e voar por cima do capo do meu carro. Eu fique furioso na hora, mas assim que te vi tão serena e linda ali caída no chão, foi como se o tudo parasse de existir. Se eu não tivesse levado um soco do seu amigo, provavelmente eu jamais teria acordado do transe que estava.

_ Foi você. Você foi o playboy almofadinha que o Afonso disse que me atropelou.- Ela parece bem surpresa.- Por que você não foi me ver no hospital?- Vejo um vinco se formar entre seus olhos e eu beijo sua testa sem pensar duas vezes.

_ Eu gostaria de ter ido, mas eu estava extremamente atrasado para uma reunião e pedi para o outro cara me ligar assim que tivesse noticias suas. Ele nunca ligou e eu pensei que o pior tinha acontecido até aquele dia em frente a lanchonete.

_ Por que você não me disse isso?- Pergunta se afastando de mim e se encostando no parapeito.

_ Eu não sei.... você já me odiava sozinha, eu só não queria te dar mais munição contra mim. Eu não conseguia parar de pensar em você, eu sonhava com seus olhos se abrindo para mim todas as noite e quando finalmente te encontrei, eu fui um completo idiota e estraguei tudo. Você não faz ideia de como está sendo difícil te dizer tudo isso, e talvez se eu não soubesse que você jamais me perdoaria se eu não te contasse a verdade, eu jamais me declararia a você.

_ Por que?- Ela se aproxima cautelosamente.

_ É melhor nós nos sentarmos.- Falo voltando para o sofá e vejo ela fazer o mesmo.- Eu já amei antes, a muito tempo atrás. Ela era uma moça linda e filha de uma das empregadas do palácio, nós nos tornamos amigos e um dia eu me declarei para ela. Íris me fez acreditar que também me amava e eu estava disposto a fazer dela minha esposa. É lógico que meu pai jamais aceitaria algo assim, ter como futura rainha a filha da empregada estava realmente fora de questão. Eu então reneguei tudo, o reino, o luxo e até minha família para ficar com ela. Nós iriamos fugir, ir para a América e ficar longe de todo esse jogo. Viver o nosso amor.- Falo com amargura. - Nós tinhamos marcado de nos encontrar no estábulo durante a madrugada, mas ela não apareceu. Eu foi atrás dela, mas ela não estava em seu quarto. Eu a procurei por todo o palácio e quando a encontrei, ela estava transando com o rei na biblioteca.- O ódio era evidente em minha voz, mas eu não conseguia evitar.- Eu e meu pai tivemos uma briga horrível naquele dia e ele jogou em minha cara que ela sempre foi dele. Enquanto minha mãe dormia serena em seu quarto ele ficava ao desfrute com as criadas pelo palacio a fora. Eu quase o matei aquela noite e se não fossem os guardas e Alfred me tirarem de cima dele, provavelmente eu estaria preso ou morto agora. Eu fui banido do palácio e proíbido de ter qualquer contato com meus irmãos e minha mãe. Se não fossem os encontros clandestinos no internato onde Liliana estava, minha irmãzinha não se lembraria de mim.

_ Eu sinto muito.- Sua voz era um sussurro em meio a suas lágrimas.- Que tipo de mostro separa o próprio filho de sua família.

_ O tipo que é mal o suficiente para matar o grande amor da vida do próprio filho a sangue frio, enquanto essa esperava seu outro filho, apenas para encobrir suas traições.- Falo com ódio, ao me lembrar da mensagem que recebi anos atrás.- Íris foi ambiciosa o suficiente para engravidar do rei e achou que poderia obter vantagem com isso.

_ E ele a matou. - Ela conclui em choque.- Por que eu estou aqui Philip?

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