[11] Solidária Por Uma Noite

1.1K 155 13
                                    

Quando me despedi de Heitor no refeitório, segui o caminho que levava até a república.

Peguei na maçaneta da porta de entrada assim que cheguei em frente à casa. A força que exerci sobre ela não fez a porta se abrir.

Só poderia estar trancada.

Bati o punho na porta duas vezes. Alguns segundos se passaram e ninguém veio abrir para mim.

Só podia ser brincadeira.

Bati novamente e chamei em voz alta:

- Alguém pode abrir essa porta, por favor?!

- Não. Ninguém mais vai entrar aqui - a voz de Doris soou irritantemente do outro lado da porta após dois segundos.

Não acredito.

- Doris, para de brincadeira! - falei.

- Não é brincadeira, Analu. Você chegou tarde de mais. Sinto muito.

Maldita.

- Cala essa boca e abra essa porta! - berrei.

- Já disse que não vou abrir. Tente de novo amanhã, querida.

Ah, essa garota...

Dei um passo para trás e joguei o ombro contra a porta, na tentativa de que ela pudesse abrir. Mas nada aconteceu.

- Abre essa merda agora! - gritei, num impulso.

- Não adianta tentar arrombar. Se fizer isso, você vai ter que cobrir com os estragos, além de ser expulsa da república, é claro - Doris anunciou. - Pense bem antes de fazer uma besteira.

Eu queria socar a boca dela.

- Cobra! - disparei, com o calor causado pela raiva subindo pelo meu rosto.

Tentei respirar fundo e pensar em alguma coisa para tentar entrar na república, mas só me veio a imagem de Doris sendo nocauteada por mim.

Por fim, contornei a lateral da casa e me deparei com a janela da sala. E para a minha surpresa, ela também estava trancada. De repente, a figura de Doris se materializou do outro lado do vidro. Ela estava se aproximando da janela.

- A partir de agora temos horário para chegar em casa, Analu - ela disse através do vidro. - É importante que você saiba disso.

- Me deixa entrar! - exigi, batendo a mão no vidro na janela.

- Cuidado, querida - ela sorriu em deboche. - Não tenho culpa se você não obedece as regras.

- Vai se foder!

Doris alargou ainda mais o sorriso e disse, em um tom mais alto:

- É melhor tomar cuidado com o bandido que ataca as garotas - ela riu. - Ele pode ir atrás de você.

Eu a fulminei com o olhar. Em seguida, me forcei a ficar calma. Fechei os olhos e respirei o mais fundo que consegui.

Estava tudo bem. Eu só precisava resolver isso com a coordenadora e ia ficar tudo bem. Para a minha sorte, senhorita Lúcia não parecia ser tão má quanto a filha.

Deixei a república para trás e fui até o escritório da coordenadora. Ele não ficava tão longe. Cheguei lá em menos de dez minutos e toquei a campainha ao lado da porta.

Esperei alguns segundos.

Toquei a campainha de novo.

Bati na porta cinco vezes.

Chamei senhorita Lúcia três vezes.

Mas ninguém atendeu.

Provavelmente ela nem estava no escritório.

Anseios (PAUSADO TEMPORARIAMENTE) Onde histórias criam vida. Descubra agora