15.Ao dia do Juízo

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– Sherlock. – John se voltou enfurecido para o moreno, uma vez que já fazia mais de 15 minutos que entrara no carro e não dissera uma palavra se quer. – Quer nos explicar o que está acontecendo e o que está escrito no papel?

Sherlock permaneceu em silêncio por alguns segundos antes de atender ao pedido do loiro.

– É a última pista. – Retira o pequeno pedaço de papel, que fora amassado por ele mesmo no momento que lera o conteúdo da folha, do bolso da calça e mostra para John.

– Como assim? A Última. – O loiro apenas pega o pequeno pedaço de papel e lê a pequena estrofe.

– O que significa isso? – Mari pergunta após ler o papel nas mãos de John. – É uma das estrofes do poema de Gregório de Matos.

– Exatamente. – Exclamou Sherlock desviando o olhar da janela do carro e se voltando para analisar o papel. – Mais conhecido como "Boca do Inferno", um dos grandes poetas do período do Barroco no Brasil, recebeu esse nome por insultar várias vezes em suas obras a sociedade baiana da época.

– E o que isso está relacionado com o assassino? – dessa vez foi a vez de Mycroft questionar.

– Você está perdendo a inteligência irmãozinho. – Sherlock encara o mais velho com sarcasmo, logo volta a atenção para a paisagem em movimento. – O nome do poema é "Ao dia do Juízo", o que já faz uma relação de que após essa pista não terão outras, o que fica claro de deduzir que desta vez o assassino tem um ótimo plano, que tem a certeza de que irá funcionar. E o parágrafo, para uma boa análise, está mostrando a revolta do autor, que no caso para nós seria o tal do Arantes de Sá Ribeiro, afirmando que nossas buscas acabaram e por mais que façamos alguma coisa o dia do Juízo está chegando. – Olha para Mariane. – O dia da queda da Livraria Cultura.

– Isso é impossível. – A garota protesta encarando o detetive.

– Pelo visto você sabe bastante coisa da literatura brasileira. – Mycroft ironizou.

– Estudei alguns dias antes de vir para cá. – Olha para a direção de Mycroft. – Não pense que me fechei apenas para ler as obras dos escritores ingleses, a partir do momento que vivo no Brasil, devo aprender sobre a literatura deste lugar.

– Mamãe deveria ter ouvido meu conselho. – Encara o Holmes mais velho. – Levado você para Londres assim que nasceu, mas ela disse que ficar aqui seria bom e eu fui obrigado a permanecer aqui, cuidando da pessoa mais sentimental do mundo.

– Quem está chamando de sentimental? – Sherlock aumenta o tom da voz.

– Ei galera. – John interrompe a possível briga que estava se formando. – Agora não é hora de se lamentarem pelo passado, ok? Temos um caso para resolver.

– Quais outras informações que você pode nos dar sobre esse assunto? – Mariane perguntou fitado seriamente o moreno.

– Tenho algumas conclusões que posso afirmar, mas se falasse qualquer coisa agora estaria sendo precipitado.

– Então não vai nos falar mais nada? – John questionou.

– Neste momento não, preciso chegar em casa para ter uma certeza.

Durante a pequena discussão dos Holmes, misturada a euforia de desvendar aquele crime e a preocupação daquela mensagem, havia sido o tempo suficiente para chegarem a residência Westminster.

Sherlock foi o primeiro a sair do carro e adentrar com a mesma velocidade e euforia que o porteiro já estava acostumado. Deu sorte de chegar no momento que um dos elevadores estava disponível e em menos de segundos chegara no apartamento 221B do bloco Baker.

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