24. Recomeço

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15 de Dezembro, São Paulo, Brasil, Av. Paulista.

Eram quase nove horas da manhã, quando Molly ouviu o som longe do despertador tocar, som este que se tornou cada vez mais alto, forçando-a a se levantar da cama e cambalear até a pequena escrivaninha onde estava o despertador, logo em seguida tropeçou em alguns livros que estavam no chão antes de conseguir desligar o ventilador que passara a noite ligado, afinal era Dezembro, e o calor naquela época era mais insuportável do que no resto do ano, fazendo com que a sua linda mania de dormir coberta com seu edredom e o ventilador ligado voltasse.

"Como gostaria de estar naquele frio maravilhoso do inverno britânico." - Pensou enquanto se dirigia ao banheiro para realizar sua higiene matinal.

Logo esse pensamento se ligou a outro. "Como será que Sherlock está?". E isso só vez seu corpo paralisar por alguns momentos e uma sensação estranha dominar sua mente. A quanto tempo não pensava em Sherlock daquela forma, não que ela tivesse se esquecido dele, todos os dias durante um pensamento vago vinha uma lembrança de Sherlock, uma imagem ou o eco de sua voz predominava em sua mente. E esses breves pensamentos ora lhe traziam um sorriso, ora uma lágrima que ameaçava cair.

Havia aprendido a lidar com esses fluxos de pensamentos desde a partida inevitável do detetive, Molly prometera a ela mesma que não choraria sua partida, fazia de tudo para ocupar sua mente, fazia horas extras no hospital, corria em busca de novas pesquisas e havia começado a escrever um artigo sobre o corpo humano e algumas curiosidades sobre o que acontecia com o nosso corpo após a morte. A primeira parte desse artigo já estava sendo incluída em alguns livros e sites, agora trabalhava para que a segunda parte ficasse pronta.

Tudo isso em meio a persistência de Tom, que assim que soube da notícia da partida de Sherlock para Londres, não saia do pé de Molly para que a garota voltasse com ele, como já era esperado.

A garota fazia de tudo para ficar o menor período de tempo possível em sua casa, tanto para evitar os telefonemas aleatórios de Tom ou os buquês de flores que eram deixados na recepção para ela, quanto para evitar que sua mente se permitisse pensar em Sherlock, perdendo-se em um momento de choro quase interminável.

Mas toda essa fuga da realidade havia se tornado inútil nessa última semana. Como precisava terminar seu artigo, passou grande parte do tempo em casa, sendo acompanhada por várias xícaras de café, nem mesmo Tom a estava incomodando nos dois últimos dias, talvez tivesse finalmente encontrado alguém ou algo mais importante para se preocupar.

Havia acabado seu artigo, e logo pela manhã iria levá-lo para seus superiores para que pudesse ser analisado e as correções necessária serem realizadas. Conseguira dormir por três horas, o que já era uma raridade, visto que nem pregara os olhos nas últimas noites.

Talvez o cansaço estivesse fazendo com que pensasse em Sherlock, forçando-a a pensar em como ele estava e em como estava passando os dias. De repente se viu parada em frente a porta do banheiro preocupada com Sherlock, querendo abraçá-lo, beijá-lo. Queria apenas sentir seu perfume ou apenas apreciar sua presença.

"Desde quando você está preocupada com aquele imbecil?". Se perguntou, tentando afastar o labirinto de pensamentos que iria fazer com que sua mente nunca mais escapasse dele.

Adentrou no banheiro e realizou sua higiene. Caminhou até a cozinha, preparou um pouco de leite com chocolate e esquentou algumas torradas. Antes de se sentar na mesa, afastou algumas folhas que estavam espalhadas com anotações e alguns rabiscos, para colocar a caneca e as torradas.

– Preciso de alguém para arrumar essa bagunça. Urgente. – Disse em voz alta, mais para quebrar o silêncio e evitar mais pensamentos relacionados a Sherlock.

O Mistério está em SampaOnde histórias criam vida. Descubra agora